A minha música favorita dos Beatles! A beleza da letra e simplicidade da melodia fazem desta música uma peça eterna...
Blackbird
Blackbird singing in the dead of night
Take these broken wings and learn to fly
All your life
You were only waiting for this moment to arise
Black bird singing in the dead of night
Take these sunken eyes and learn to see
all your life
you were only waiting for this moment to be free
Blackbird fly, Blackbird fly
Into the light of the dark black night.
Blackbird fly, Blackbird fly
Into the light of the dark black night.
Blackbird singing in the dead of night
Take these broken wings and learn to fly
All your life
You were only waiting for this moment to arise,oh
You were only waiting for this moment to arise, oh
You were only waiting for this moment to arise
Assim vai o mundo...
terça-feira, setembro 30, 2008
segunda-feira, setembro 29, 2008
O mundo americano...
Excelente artigo de Miguel Sousa Tavares no Expresso sobre os EUA. Acho que esta é a última oportunidade dada pelo mundo aos americanos de escolherem alguém do seu agrado.
Europa e o problema americano
O presidente da Comissão Europeia, o 'nosso' Durão Barroso, descobriu agora os malefícios do "unilateralismo" americano no mundo de hoje. Arrependido, "ex officio", dos tempos do seu americanismo militante, quando se curvava em mesuras perante o "George" na cimeira das Lages, jurando a pés juntos que o seu "amigo George" era incapaz de mentir e que ia atacar o Iraque porque tinha provas das armas de destruição maciça de Saddam Hussein - que ele, Barroso, havia visto com os seus olhos - o comissário-chefe dessa coisa difusa a que insistimos em chamar Europa resolveu agora escrever um "dazibao" aos dois candidatos à próxima presidência dos Estados Unidos, dando-lhe conta dos sentimentos actuais de um europeu. A Europa, diz Durão Barroso, quer que o próximo Presidente americano perceba que não pode passar sem ela; que se renda ao "multilateralismo", deixando de se comportar como o único actor global; que aceite a reforma das instituições que a Administração Bush tratou de tornar obsoletas e inúteis, como a ONU, o FMI, o Banco Mundial; que aceite a presença de outros "players" emergentes na cena mundial, com direito a audição e participação nas decisões, que reconheça que há problemas sérios à escala planetária que não podem continuar dependentes da agenda doméstica de um Presidente dos Estados Unidos. Tudo coisas óbvias e consensuais e que agora são fáceis de dizer. Há uma década, a ex-secretária de Estado americana Madeleine Albright, classificava os Estados Unidos como "a nação indispensável". Oito anos de desastrada gestão de Bush encarregaram-se de nos ensinar amargamente que as coisas podiam mudar: os Estados Unidos tornaram-se hoje a nação dispensável - de bom grado dispensaríamos a contribuição que deram para o estado do mundo, nestes últimos tempos. Em oito anos, a nação que a dupla Clinton-Gore havia deixado na prosperidade e no caminho de uma efectiva e inteligente liderança mundial transformou-se num dos problemas do mundo, ao lado da Al-Qaeda e do fundamentalismo islâmico ou do aquecimento global. Os Estados Unidos que George W. Bush vai deixar em herança são o maior consumidor de energia e matérias-primas à escala global; o maior poluidor do planeta e o mais feroz adversário de todas as convenções e tentativas de inverter o caminho para o caos - tendo a Casa Branca chegado ao extremo de falsificar relatórios científicos para tentar provar que o aquecimento global não existia; são o principal factor de provocação do terrorismo islâmico e o maior destabilizador da paz no Médio Oriente, nos Balcãs, no Cáucaso; são o mais hipócrita defensor de um comércio global livre e justo, que defendem no papel e tratam de sabotar na prática, sempre que lhes dá jeito; e são, conforme se tornou agora exuberantemente exposto, o grande agente e exportador da crise económica mundial, graças à ganância dos amigos de Bush e à cumplicidade cooperante deste. Eis a herança do 'amigo George'. Não admira que até Durão Barroso seja agora capaz de negar três vezes que o conhece. E, todavia, só se deixou enganar quem quis. Os americanos, claro, e é por isso que a América é uma nação perigosa, porque tanto se podem entregar a um Roosevelt ou a um Clinton como a um Nixon ou a um Bush. Mas não só os americanos: também essa geração de dirigentes europeus enfatuados, que parecem desprovidos de pensamento próprio, mesmo quando se trata de questões que tocam muito mais de perto à Europa do que à América, como são os Balcãs, o Médio Oriente ou as relações com a Rússia. Toda a gente sabia que Bush era um completo ignorante em matéria de política externa, dotado daquela ignorância arrogante que se encontra no americano médio, que está convencido de que, fora dos Estados Unidos, nada mais conta e nada mais interessa, e que o mundo inteiro vive no desejo de poder imitar o estilo de vida e os 'valores' americanos - os únicos justos e conformes à vontade de Deus. Mas a ignorância é uma arma perigosa nas mãos de um homem poderoso, e dizem que o Presidente dos Estados Unidos é o homem mais poderoso do mundo. Foi a ignorância de Bush que conduziu os Estados Unidos ao caos e fez do mundo um lugar infinitamente mais perigoso. Tudo era por demais evidente que assim seria, mas a "intelligentsia" europeia que ditou moda nos últimos tempos havia decretado, qual "fatwa", que duvidar da infalibilidade americana era crime de "antiamericanismo primário" - uma doença mental de diletantes ou "órfãos do comunismo". Corremos o risco de ter mais do mesmo. A semana passada, durante uma entrevista à televisão espanhola, ficou a perceber-se que o candidato McCain - tido como um "especialista" em política externa - não sabia que Rodriguez Zapatero é primeiro-ministro de Espanha, o que equivale a dizer que não acha que a Espanha seja uma nação suficientemente importante para interessar um Presidente dos Estados Unidos. E a candidata a vice-presidente, a dona-de-casa do Alasca, Sarah Palin - que até ao ano passado nunca tinha pedido um passaporte para sair dos EUA - só terça-feira passada se encontrou pela primeira vez com um dirigente estrangeiro. Puseram-na nas mãos do 'guru' Kissinger para um "brain-storming" intensivo e trataram de introduzi-la à pressa ao resto do mundo, começando pelos amigos: os Presidentes da Geórgia, Ucrânia, Iraque e Afeganistão. Graças a uma indiscrição da CNN, cujo repórter se conseguiu aproximar da senhora mais do que os seguranças consentem, ficou a saber-se que, na quarta-feira, Kissinger tratava de lhe explicar quem era Sarkozy. A coisa promete... O que está errado na carta de Durão Barroso aos candidates às eleições americanas é o tom de pedido: a Europa pede aos Estados Unidos que a levem em conta. Dir-se-ia que a factura de Omaha Beach nunca mais está saldada... Mas venha Obama ou McCain, não há mais tempo a perder nem mais desculpas para que a direcção política europeia continue eternamente a resguardar-se nos interesses da 'Aliança Atlântica' para não assumir as suas responsabilidades. A Europa tem de ter uma política externa e uma política de defesa autónomas, que não dependam da NATO nem da ignorância geopolítica dos presidentes americanos. Tem de ter uma estratégia própria para as crises dentro das suas fronteiras e no seu perímetro. Uma estratégia própria para os Balcãs, para o Médio Oriente, para o Magrebe, para o Irão. E, claro, para a Rússia, que é um dos seus principais fornecedores de gás e petróleo e um parceiro indispensável para a manutenção da paz e para a resolução de crises regionais onde os interesses estratégicos americanos só atrapalham. A Europa não tem qualquer interesse em ver mísseis americanos a cercar a Rússia, nem em envolver-se, à sombra da NATO, em intervenções sem sentido e que, em última análise, apenas podem ressuscitar o espírito de guerra-fria sepultado em Berlim há quase vinte anos. Desgraçadamente, toda a gente parece concordar num ponto: não é com esta geração de políticos europeus que a Europa se conseguirá afirmar e construir. Precisamos de estadistas, de visionários, e só temos malabaristas da política e mestres da conjuntura e do vazio. Uma geração muda-se de cima para baixo, começando por mudar as opiniões públicas. É isso que se torna urgente fazer.
Assim vai o mundo...
Europa e o problema americano
O presidente da Comissão Europeia, o 'nosso' Durão Barroso, descobriu agora os malefícios do "unilateralismo" americano no mundo de hoje. Arrependido, "ex officio", dos tempos do seu americanismo militante, quando se curvava em mesuras perante o "George" na cimeira das Lages, jurando a pés juntos que o seu "amigo George" era incapaz de mentir e que ia atacar o Iraque porque tinha provas das armas de destruição maciça de Saddam Hussein - que ele, Barroso, havia visto com os seus olhos - o comissário-chefe dessa coisa difusa a que insistimos em chamar Europa resolveu agora escrever um "dazibao" aos dois candidatos à próxima presidência dos Estados Unidos, dando-lhe conta dos sentimentos actuais de um europeu. A Europa, diz Durão Barroso, quer que o próximo Presidente americano perceba que não pode passar sem ela; que se renda ao "multilateralismo", deixando de se comportar como o único actor global; que aceite a reforma das instituições que a Administração Bush tratou de tornar obsoletas e inúteis, como a ONU, o FMI, o Banco Mundial; que aceite a presença de outros "players" emergentes na cena mundial, com direito a audição e participação nas decisões, que reconheça que há problemas sérios à escala planetária que não podem continuar dependentes da agenda doméstica de um Presidente dos Estados Unidos. Tudo coisas óbvias e consensuais e que agora são fáceis de dizer. Há uma década, a ex-secretária de Estado americana Madeleine Albright, classificava os Estados Unidos como "a nação indispensável". Oito anos de desastrada gestão de Bush encarregaram-se de nos ensinar amargamente que as coisas podiam mudar: os Estados Unidos tornaram-se hoje a nação dispensável - de bom grado dispensaríamos a contribuição que deram para o estado do mundo, nestes últimos tempos. Em oito anos, a nação que a dupla Clinton-Gore havia deixado na prosperidade e no caminho de uma efectiva e inteligente liderança mundial transformou-se num dos problemas do mundo, ao lado da Al-Qaeda e do fundamentalismo islâmico ou do aquecimento global. Os Estados Unidos que George W. Bush vai deixar em herança são o maior consumidor de energia e matérias-primas à escala global; o maior poluidor do planeta e o mais feroz adversário de todas as convenções e tentativas de inverter o caminho para o caos - tendo a Casa Branca chegado ao extremo de falsificar relatórios científicos para tentar provar que o aquecimento global não existia; são o principal factor de provocação do terrorismo islâmico e o maior destabilizador da paz no Médio Oriente, nos Balcãs, no Cáucaso; são o mais hipócrita defensor de um comércio global livre e justo, que defendem no papel e tratam de sabotar na prática, sempre que lhes dá jeito; e são, conforme se tornou agora exuberantemente exposto, o grande agente e exportador da crise económica mundial, graças à ganância dos amigos de Bush e à cumplicidade cooperante deste. Eis a herança do 'amigo George'. Não admira que até Durão Barroso seja agora capaz de negar três vezes que o conhece. E, todavia, só se deixou enganar quem quis. Os americanos, claro, e é por isso que a América é uma nação perigosa, porque tanto se podem entregar a um Roosevelt ou a um Clinton como a um Nixon ou a um Bush. Mas não só os americanos: também essa geração de dirigentes europeus enfatuados, que parecem desprovidos de pensamento próprio, mesmo quando se trata de questões que tocam muito mais de perto à Europa do que à América, como são os Balcãs, o Médio Oriente ou as relações com a Rússia. Toda a gente sabia que Bush era um completo ignorante em matéria de política externa, dotado daquela ignorância arrogante que se encontra no americano médio, que está convencido de que, fora dos Estados Unidos, nada mais conta e nada mais interessa, e que o mundo inteiro vive no desejo de poder imitar o estilo de vida e os 'valores' americanos - os únicos justos e conformes à vontade de Deus. Mas a ignorância é uma arma perigosa nas mãos de um homem poderoso, e dizem que o Presidente dos Estados Unidos é o homem mais poderoso do mundo. Foi a ignorância de Bush que conduziu os Estados Unidos ao caos e fez do mundo um lugar infinitamente mais perigoso. Tudo era por demais evidente que assim seria, mas a "intelligentsia" europeia que ditou moda nos últimos tempos havia decretado, qual "fatwa", que duvidar da infalibilidade americana era crime de "antiamericanismo primário" - uma doença mental de diletantes ou "órfãos do comunismo". Corremos o risco de ter mais do mesmo. A semana passada, durante uma entrevista à televisão espanhola, ficou a perceber-se que o candidato McCain - tido como um "especialista" em política externa - não sabia que Rodriguez Zapatero é primeiro-ministro de Espanha, o que equivale a dizer que não acha que a Espanha seja uma nação suficientemente importante para interessar um Presidente dos Estados Unidos. E a candidata a vice-presidente, a dona-de-casa do Alasca, Sarah Palin - que até ao ano passado nunca tinha pedido um passaporte para sair dos EUA - só terça-feira passada se encontrou pela primeira vez com um dirigente estrangeiro. Puseram-na nas mãos do 'guru' Kissinger para um "brain-storming" intensivo e trataram de introduzi-la à pressa ao resto do mundo, começando pelos amigos: os Presidentes da Geórgia, Ucrânia, Iraque e Afeganistão. Graças a uma indiscrição da CNN, cujo repórter se conseguiu aproximar da senhora mais do que os seguranças consentem, ficou a saber-se que, na quarta-feira, Kissinger tratava de lhe explicar quem era Sarkozy. A coisa promete... O que está errado na carta de Durão Barroso aos candidates às eleições americanas é o tom de pedido: a Europa pede aos Estados Unidos que a levem em conta. Dir-se-ia que a factura de Omaha Beach nunca mais está saldada... Mas venha Obama ou McCain, não há mais tempo a perder nem mais desculpas para que a direcção política europeia continue eternamente a resguardar-se nos interesses da 'Aliança Atlântica' para não assumir as suas responsabilidades. A Europa tem de ter uma política externa e uma política de defesa autónomas, que não dependam da NATO nem da ignorância geopolítica dos presidentes americanos. Tem de ter uma estratégia própria para as crises dentro das suas fronteiras e no seu perímetro. Uma estratégia própria para os Balcãs, para o Médio Oriente, para o Magrebe, para o Irão. E, claro, para a Rússia, que é um dos seus principais fornecedores de gás e petróleo e um parceiro indispensável para a manutenção da paz e para a resolução de crises regionais onde os interesses estratégicos americanos só atrapalham. A Europa não tem qualquer interesse em ver mísseis americanos a cercar a Rússia, nem em envolver-se, à sombra da NATO, em intervenções sem sentido e que, em última análise, apenas podem ressuscitar o espírito de guerra-fria sepultado em Berlim há quase vinte anos. Desgraçadamente, toda a gente parece concordar num ponto: não é com esta geração de políticos europeus que a Europa se conseguirá afirmar e construir. Precisamos de estadistas, de visionários, e só temos malabaristas da política e mestres da conjuntura e do vazio. Uma geração muda-se de cima para baixo, começando por mudar as opiniões públicas. É isso que se torna urgente fazer.
Assim vai o mundo...
sábado, setembro 27, 2008
O mundo do cinema...
O mundo das revistas...
Fantástica a entrevista a Eduardo Lourenço na Ler deste mês.. É de facto alguém com uma visão muito à frente do seu tempo!
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
O mundo americano...
Ontem no primeiro debate presidencial houve um empate técnico e um moderador miserável... Espera-se que comece a animar nos próximos debates...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
sexta-feira, setembro 26, 2008
O mundo dos filmes...
Esta semana de doença permitiu-me ver uns filmes...
Culpa Humana
Um elenco magnífico com Anthony Hopkins e Nicole Kidman à cabeça! Um belo filme com um argumento interessante sobre raça e escolhas de vida.
Relatório Kinsey
A história do estudo feito por Alfred Kinsey que alterou a forma como os norte-americanos viam o sexo.
Wanted
Um filme engraçado com tiros e a Angelina Jolie. A melhor parte é sem dúvida a banda sonora. Potente, estimula o sistema nervoso.
Assim vai o mundo...
Culpa Humana
Um elenco magnífico com Anthony Hopkins e Nicole Kidman à cabeça! Um belo filme com um argumento interessante sobre raça e escolhas de vida.
Relatório Kinsey
A história do estudo feito por Alfred Kinsey que alterou a forma como os norte-americanos viam o sexo.
Wanted
Um filme engraçado com tiros e a Angelina Jolie. A melhor parte é sem dúvida a banda sonora. Potente, estimula o sistema nervoso.
Assim vai o mundo...
terça-feira, setembro 23, 2008
O Mundo privado...
Já parti o braço, o pulso, tive dois pneumotorax, mas nunca senti uma dor tão aguda e prolongada como hoje! A razão foi uma crise renal, provavelmente causada por pedras no rim. Ora bem, estou melhor mas isto é dor chatinha... Vamos lá ver como corre...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
segunda-feira, setembro 22, 2008
O mundo dos jornais...
Já a semana passada disse que a revista Única do Expresso está muito boa... O tema desta semana é Aprender. Ainda estou a ler, mas desde já quero realçar as "Lições de Vida", onde dez grandes nomes (Ruy de Carvalho, Agustina Bessa-Luis, Argentina Santos, etc) oferecem-nos pérolas de sabedoria... Leiam porque são de facto lições de vida...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
O mundo da TV...
sexta-feira, setembro 19, 2008
O Mundo em fim de semana...
Vou dar ali um salto a Ponte de Lima e volto Domingo...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
quinta-feira, setembro 18, 2008
O mundo da música...
Eu devo dizer que gostei deste regresso dos Metallica, com este The day that never comes...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
quarta-feira, setembro 17, 2008
O mundo dos jornais...
José Manuel dos Santos...
História real
Parecia desenhado a lápis leve na folha branca do dia. Uma fragilidade ascética e uma modéstia distraída sustentavam um conhecimento, uma disciplina e uma coragem. Os seus amigos em religião diziam-no (inspirando-se certamente no que Eça afirmou de Antero) "um sábio que era um santo". Nele, havia esse desprendimento de si que leva ao esquecimento de morrer. E existia uma curiosidade e um amor pelo saber que conduzem à amnésia de viver. Dizia-se que, com um livro na mão, muitas vezes se esquecia de comer.
O padre Manuel Antunes sabia tudo. Nada do que é divino lhe era distante e nada do que é humano lhe era alheio: filosofia e teologia, história e literatura, filologia e mitologia, psicologia e educação, política e sociologia, antropologia e arte. Professor, durante anos, da cadeira de História de Cultura Clássica, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, educou (a paideia era um dos seus grandes temas) milhares de alunos, que o lembravam com respeito e reconhecimento. Diz-se que o árduo trabalho docente lhe fez, da saúde, doença, e lhe tirou tempo para escrever uma obra menos ocasional. Mas o que deixou é vasto e variado. A Obra Completa, em publicação pela Fundação Calouste Gulbenkian, mostra um saber que corria como um rio de muitos afluentes. Aí se pode ver como ele conhecia o ortodoxo e o heterodoxo, o antigo e o contemporâneo. Costumava dizer: "Nada é menos actual do que o jornal desta manhã e nada mais actual do que a Odisseia de Homero". Gostava, socraticamente, de definir conceitos, aclarar palavras, dialogar com os homens e os livros de todos os tempos e todos os espaços. O rigor erudito não o privava do acerto poético e a informação não lhe impedia a imaginação. Falava muitas línguas, antigas e modernas. Religava: relacionava o que era diferente, aproximava o que era distante, revelava o que estava oculto. Analisava e sistematizava. Fazia genealogias e futurologias. Gostava de ideias e de palavras. O seu saber era missionário: fazia girar uma roda de muitos raios em torno de um eixo que era o da sua fé.
Jesuíta de formação tradicional, viveu e acompanhou, ao contrário de outros, a evolução da Companhia de Jesus na segunda metade do século XX. Nele, ficaram as marcas contrárias desse caminho. A voz, a atitude, o traje, o gesto eram clericais. As palavras eram abertas e civis. Mas, se as lermos bem, vemos que nunca se ausenta delas a fidelidade à doutrina e a convicção apologética. Isso estava sempre presente, mesmo nos juízos literários que, não raro, eram contaminados por critérios moralistas.
Vivia na casa da "Brotéria", na Lapa, num ambiente frio e feio (Sophia, sua amiga, fez esse reparo), mas parecia não dar por isso. A beleza que procurava era doutro mundo. Gostava de ter uma voz pública e o seu livro Repensar Portugal, publicado em 1979, no rescaldo do incêndio revolucionário, foi notado e anotado. Conheci-o nesses anos. Parecia ter um corpo sem corpo, apenas a suportar a bondade e o pensamento. Ao conversar-se com ele descobria-se um ângulo escondido das coisas. E tanto nos falava de Sófocles como de Joyce; de Fidias ou de Carpaccio; da Roma imperial como da China de Mao Tse Tung; de Marx ou de Jaeger, de Henri de Lubac ou de Foucault.
A história que conto passou-se nesses tempo. Eu participava na organização de um colóquio que, durante dois dias, falava de cultura e de política. Manuel Antunes era um dos convidados. Como ele, muito distraído, já mal conseguia ocupar-se da vida material (por exemplo, apanhar um táxi), arranjou-se um motorista para o ir buscar e levar, para o assistir e tomar conta dele. De nome Higino, era, como aliás convinha para a sua missão, um homem em tudo contrário ao padre: corpulento, enérgico, seguro, exuberante e decidido. De poucas letras, mas astuto. Desconfiado, de início, gostou depois da sua tarefa de protecção. Falava-me disso, entusiasmado, dizendo "o padre é porreiro". Percebi que aproveitava as viagens para lhe fazer perguntas e dar opiniões. O último dia do colóquio foi o da conferência de Manuel Antunes. Consultando umas notas breves, improvisava, com o seu fio de voz quase a partir-se, e deslumbrava. Referia Platão e Cícero, Montesquieu e Ortega, Espinosa e Hegel. Fazia de cor largas citações em grego e em latim, passando a seguir para o francês, o espanhol e o alemão. Havia na sala um silêncio sorridente e pasmado, sobretudo porque muitos não entendiam o que ele dizia na língua em que o dizia. De pé, eu assistia, fascinado, ao prodígio. Quando se atingia o auge, o Higino aproximou-se de mim, olhou o orador e murmurou-me ao ouvido: "O padre sabe umas coisas disto, mas de história pesca pouco. Ainda agora, no carro, dei-lhe cá uma abada em cognomes de reis...!"
Devo ter feito uma tal cara de espanto que ele a interpretou como de admiração pela sua sabedoria real: D. Afonso II, o Gordo; D. Sancho II, o Capelo; D. Fernando, o Formoso; D. Henrique, o Casto; D. Maria I, a Louca... (in Expresso)
Assim vai o mundo...
História real
Parecia desenhado a lápis leve na folha branca do dia. Uma fragilidade ascética e uma modéstia distraída sustentavam um conhecimento, uma disciplina e uma coragem. Os seus amigos em religião diziam-no (inspirando-se certamente no que Eça afirmou de Antero) "um sábio que era um santo". Nele, havia esse desprendimento de si que leva ao esquecimento de morrer. E existia uma curiosidade e um amor pelo saber que conduzem à amnésia de viver. Dizia-se que, com um livro na mão, muitas vezes se esquecia de comer.
O padre Manuel Antunes sabia tudo. Nada do que é divino lhe era distante e nada do que é humano lhe era alheio: filosofia e teologia, história e literatura, filologia e mitologia, psicologia e educação, política e sociologia, antropologia e arte. Professor, durante anos, da cadeira de História de Cultura Clássica, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, educou (a paideia era um dos seus grandes temas) milhares de alunos, que o lembravam com respeito e reconhecimento. Diz-se que o árduo trabalho docente lhe fez, da saúde, doença, e lhe tirou tempo para escrever uma obra menos ocasional. Mas o que deixou é vasto e variado. A Obra Completa, em publicação pela Fundação Calouste Gulbenkian, mostra um saber que corria como um rio de muitos afluentes. Aí se pode ver como ele conhecia o ortodoxo e o heterodoxo, o antigo e o contemporâneo. Costumava dizer: "Nada é menos actual do que o jornal desta manhã e nada mais actual do que a Odisseia de Homero". Gostava, socraticamente, de definir conceitos, aclarar palavras, dialogar com os homens e os livros de todos os tempos e todos os espaços. O rigor erudito não o privava do acerto poético e a informação não lhe impedia a imaginação. Falava muitas línguas, antigas e modernas. Religava: relacionava o que era diferente, aproximava o que era distante, revelava o que estava oculto. Analisava e sistematizava. Fazia genealogias e futurologias. Gostava de ideias e de palavras. O seu saber era missionário: fazia girar uma roda de muitos raios em torno de um eixo que era o da sua fé.
Jesuíta de formação tradicional, viveu e acompanhou, ao contrário de outros, a evolução da Companhia de Jesus na segunda metade do século XX. Nele, ficaram as marcas contrárias desse caminho. A voz, a atitude, o traje, o gesto eram clericais. As palavras eram abertas e civis. Mas, se as lermos bem, vemos que nunca se ausenta delas a fidelidade à doutrina e a convicção apologética. Isso estava sempre presente, mesmo nos juízos literários que, não raro, eram contaminados por critérios moralistas.
Vivia na casa da "Brotéria", na Lapa, num ambiente frio e feio (Sophia, sua amiga, fez esse reparo), mas parecia não dar por isso. A beleza que procurava era doutro mundo. Gostava de ter uma voz pública e o seu livro Repensar Portugal, publicado em 1979, no rescaldo do incêndio revolucionário, foi notado e anotado. Conheci-o nesses anos. Parecia ter um corpo sem corpo, apenas a suportar a bondade e o pensamento. Ao conversar-se com ele descobria-se um ângulo escondido das coisas. E tanto nos falava de Sófocles como de Joyce; de Fidias ou de Carpaccio; da Roma imperial como da China de Mao Tse Tung; de Marx ou de Jaeger, de Henri de Lubac ou de Foucault.
A história que conto passou-se nesses tempo. Eu participava na organização de um colóquio que, durante dois dias, falava de cultura e de política. Manuel Antunes era um dos convidados. Como ele, muito distraído, já mal conseguia ocupar-se da vida material (por exemplo, apanhar um táxi), arranjou-se um motorista para o ir buscar e levar, para o assistir e tomar conta dele. De nome Higino, era, como aliás convinha para a sua missão, um homem em tudo contrário ao padre: corpulento, enérgico, seguro, exuberante e decidido. De poucas letras, mas astuto. Desconfiado, de início, gostou depois da sua tarefa de protecção. Falava-me disso, entusiasmado, dizendo "o padre é porreiro". Percebi que aproveitava as viagens para lhe fazer perguntas e dar opiniões. O último dia do colóquio foi o da conferência de Manuel Antunes. Consultando umas notas breves, improvisava, com o seu fio de voz quase a partir-se, e deslumbrava. Referia Platão e Cícero, Montesquieu e Ortega, Espinosa e Hegel. Fazia de cor largas citações em grego e em latim, passando a seguir para o francês, o espanhol e o alemão. Havia na sala um silêncio sorridente e pasmado, sobretudo porque muitos não entendiam o que ele dizia na língua em que o dizia. De pé, eu assistia, fascinado, ao prodígio. Quando se atingia o auge, o Higino aproximou-se de mim, olhou o orador e murmurou-me ao ouvido: "O padre sabe umas coisas disto, mas de história pesca pouco. Ainda agora, no carro, dei-lhe cá uma abada em cognomes de reis...!"
Devo ter feito uma tal cara de espanto que ele a interpretou como de admiração pela sua sabedoria real: D. Afonso II, o Gordo; D. Sancho II, o Capelo; D. Fernando, o Formoso; D. Henrique, o Casto; D. Maria I, a Louca... (in Expresso)
Assim vai o mundo...
terça-feira, setembro 16, 2008
O mundo dos jornais II...
A competente Raquel Carrilho traça, na Tabú do Sol de Sábado, o perfil de Ana Free. A cantora revelação que é um verdadeiro fenómeno no youtube. Deixo-vos aqui uns vídeos...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
O mundo dos jornais I...
Falei no grafismo da nova Única do Expresso. Agora venho dizer que em termos de conteúdo, assume-se como uma revista muito competente. O tema deste número foi a Mudança, e as histórias intituladas "Assim a minha vida mudou" são uma compilação de estórias fantásticas... Se puderem dêem uma vista de olhos...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
domingo, setembro 14, 2008
O mundo das revistas...
Por falar em publicações, o Courrier Internacional deste mês traz alguns belos artigos sobre Lisboa.. Confiram...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
O mundo dos jornais...
Muito bonito o grafismo da revista Única do Expresso. Quanto ao conteudo vou explora-lo..
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
sexta-feira, setembro 12, 2008
O mundo da música...
Uma proposta diferente da música portuguesa! Os Deolinda...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
O mundo dos blogs...
Artigo de Carla Hilário Quevedo...
Irredutível
Li esta história no El País. Isabel Miranda, professora de 58 anos, mexicana, tinha um filho com trinta anos que foi sequestrado em 2005. A Polícia ignorou o desaparecimento, tal o número de casos semelhantes por resolver no país. Isabel deixou o trabalho e com a ajuda dos irmãos, sobrinhos e cunhados, começou a investigar. Primeiro, descobriu Hilda González, a rapariga usada como isco no rapto do filho. Em seguida, mandou o marido e a filha para o estrangeiro para não ter mais problemas. Entretanto, os sequestradores enviaram uma fotografia do filho e exigiram um resgate de 950 mil pesos. Isabel encontrou provas de que se tratava de um sequestro que correu mal, conseguindo por fim ajuda policial. No entanto, foi a própria Isabel que, com a ajuda do irmão, capturou o autor do crime: o namorado de Hilda. Isabel infiltrou-se ainda no grupo dos cúmplices, fazendo-se passar por secretária de uma empresa que pretendia contratar os seus serviços. Capturou mais quatro criminosos. Só falta apanhar um. Quanto ao filho, descobriu que foi morto no dia do sequestro e que o corpo foi esquartejado. Parece um filme mas não é. Toda a minha admiração para Isabel Miranda.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 6-08-08
Assim vai o mundo...
Irredutível
Li esta história no El País. Isabel Miranda, professora de 58 anos, mexicana, tinha um filho com trinta anos que foi sequestrado em 2005. A Polícia ignorou o desaparecimento, tal o número de casos semelhantes por resolver no país. Isabel deixou o trabalho e com a ajuda dos irmãos, sobrinhos e cunhados, começou a investigar. Primeiro, descobriu Hilda González, a rapariga usada como isco no rapto do filho. Em seguida, mandou o marido e a filha para o estrangeiro para não ter mais problemas. Entretanto, os sequestradores enviaram uma fotografia do filho e exigiram um resgate de 950 mil pesos. Isabel encontrou provas de que se tratava de um sequestro que correu mal, conseguindo por fim ajuda policial. No entanto, foi a própria Isabel que, com a ajuda do irmão, capturou o autor do crime: o namorado de Hilda. Isabel infiltrou-se ainda no grupo dos cúmplices, fazendo-se passar por secretária de uma empresa que pretendia contratar os seus serviços. Capturou mais quatro criminosos. Só falta apanhar um. Quanto ao filho, descobriu que foi morto no dia do sequestro e que o corpo foi esquartejado. Parece um filme mas não é. Toda a minha admiração para Isabel Miranda.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 6-08-08
Assim vai o mundo...
O mundo da História..
É uma sensação estranha que este dia tenha sempre uma carga psicológica tão forte... Um dia em que o mundo mudou... Para sempre...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
quarta-feira, setembro 10, 2008
terça-feira, setembro 09, 2008
O mundo da Tv...
Foi com alguma nostalgia que vi hoje o regresso do programa Roda da Sorte! Um recuo no tempo, com um Herman à altura. Falta o Candido Mota...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
segunda-feira, setembro 08, 2008
O mundo português II...
Cresci a ter o CDS como um partido de Direita, à Direita do PSD e muito alicerçado em valores cristãos. Mas, apesar de não me identificar com algumas propostas, aprendi a respeitar sobretudo as figuras esclarecidas e democráticas de Freitas do Amaral, Lucas Pires, Adriano Moreira, etc. Figuras da política portuguesa que reuniam o respeito de maioria dos portugueses. A deriva popular (de CDS a PP) do partido retirou-lhe muito do apoio e, sobretudo, da credibilidade. Chega a ser penoso (depois da saída de algumas figuras notáveis) ver a deriva de Paulo Portas. Um partido pode ter um líder mas não pode ser só um líder. E se Paulo Portas, ou melhor o PP, não entender isso, acabará por desaparecer o 2º partido da Direita.
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
domingo, setembro 07, 2008
O mundo português...
No Expresso (pág. 4):
- "Os alunos vão ter aulas ali? Pensava que fossem contentores para as obras." (José Socrates, preimiero-ministro, na visita à escola secundária Pedro Nunes, uma das 26 escolas «eleitas» para integrar o plano especial de modernização criado pelo governo)
- "São monoblocos para os alunos terem aulas, eles depois nem querem sair daqui." (Maria de Lurdes Rodrigues, ministra da Educação, justificando que os contentores «têm ar condicionado» e são melhores do que parecem)
Sem comentários...
Assim vai o mundo...
- "Os alunos vão ter aulas ali? Pensava que fossem contentores para as obras." (José Socrates, preimiero-ministro, na visita à escola secundária Pedro Nunes, uma das 26 escolas «eleitas» para integrar o plano especial de modernização criado pelo governo)
- "São monoblocos para os alunos terem aulas, eles depois nem querem sair daqui." (Maria de Lurdes Rodrigues, ministra da Educação, justificando que os contentores «têm ar condicionado» e são melhores do que parecem)
Sem comentários...
Assim vai o mundo...
sexta-feira, setembro 05, 2008
O mundo dos jornais...
Mais uma crónica de José Manuel dos Santos...
Borda d'água
Era uma daquelas horas, entre a manhã e a tarde, em que não sabemos bem se, com o dia, ainda ascendemos ou já declinamos. Nessa altura, nas cidades, a "rua europeia" está cheia de gente que, entre o almoço rápido e o regresso lento ao trabalho, compra o que precisa e o que não precisa. As conversas são um vaivém entre o lamento pela vida cara e o júbilo pela compra barata. Então agora que os saldos ainda são mais saldos do que durante todo o ano em que já o são, as conversas escutadas por acaso são uma lista de produtos comprados ao preço da chuva, que, como se sabe, é baixo, porque ninguém a quer, embora faça falta. Eu até costumo afirmar que a chuva é muito keynesiana - investimento público climatérico, injectado para gerar empregos e apoiar a produção de produtos de primeira necessidade. A chuva, digo eu sem querer gerar controvérsia, é como o Estado português: todos dizem mal, mas todos aproveitam...
Num desses momentos em que eu escutava o que não me dizia respeito, mas que passou a fazer logo que o escutei, aquela imigrante veio até mim e, numa língua que era um português remoto ou futuro, pediu para lhe comprar o que me queria vender. Perante a minha indiferença apressada, insistiu, fez-se obstáculo ao meu caminho e começou um choro forçado com o qual falava da fome dos filhos. Nunca sabemos bem se, nestas ocasiões, devemos acreditar no que nos dizem e dar o que nos pedem. Mas eu, quando tenho uma dúvida, dou o benefício dela. Digo para comigo que, se for falso aquilo em que me esforço por acreditar, presto ao menos, com a compra ou com a dádiva, tributo ao talento do actor ou da actriz, arte que admiro por dar à vida uma mentira que a torna mais verdadeira.
A mulher, com um gesto mais exacto do que a voz, aproximava de mim o que queria vender, embora as suas palavras, mal pronunciadas na língua a que Camões deu o vigor da vastidão, não conseguissem ter clareza no que diziam. Nem era preciso! Assim que, parando o passo, acedi em ouvir a sua prece áspera, vi que ela tinha nas mãos, antiquíssimo e idêntico, "O Verdadeiro Almanaque Borda d'Água", agora na edição de 2009. Reconheci-o com a alegria de um reencontro. Paguei o que me pediu - e era mais do que aquilo que vem indicado na capa como preço. Mas não devemos levar o rigor ao ponto em que ele se torna escrúpulo. Sentei-me então num café, dos poucos onde ainda aceitam clientes com tempo, e, encantado, passei uma hora a ler e a desler o que lia. Lembrei-me até de um amigo que, quando estava perante alguém que presumia saber o que não sabia, aplicava um golpe de misericórdia na altiva e estreita auto-suficiência, atirando-lhe: "Tens uma cultura de 'Borda d'Água'."
Era justo, mas malévolo, o meu amigo! Quem nos dera que os ignorantes de hoje tivessem a sabedoria dos ignorantes de ontem, aquela que o almanaque transmite, desde há muitas décadas, no seu calendário de presságios, prevenções, previsões e prudências. Essa simples sabedoria, é-nos, como a terra dos hebreus, prometida logo na capa sob a fórmula eloquente: "Reportório útil a toda a gente contendo todos os dados astronómicos e religiosos e muitas indicações úteis de interesse geral." Assim é! Naquelas folhas lentas e minuciosas, de um design que já foi mau e, por ser o mesmo, agora é bom, se conhecem os feriados civis e religiosos, as festas, feiras e romarias, os oragos, padroeiros, protectores e patronos, as efemérides, lembranças e memórias. Ali, lemos aforismos, adágios, provérbios, rifões e anexins. E temos tudo sobre hortas, jardins e pomares. Ali, aprendemos o que devemos semear, plantar e colher. E quando devemos vacinar, castrar, tosquiar e fazer cobrir os animais. Ali, vemos a que horas o Sol nasce e se põe, qual é a vida da Lua, se há bom ou mau tempo, e qual é o movimento das marés. Ali, há astronomia, astrologia, meteorologia, religião, agronomia, etnografia, história, botânica, zoologia e filosofia para todos. Ali, citam-se Aristóteles, Oscar Wilde, Vinicius de Moraes e António Aleixo. Ali, aprendemos a ganhar o que nos faz falta e a poupar o que nos pode vir a fazer.
Não há viagem mais prevista e inesperada do que esta. Nela, passamos pelo que sabemos e pelo que ignoramos, por aquilo em que acreditamos e por aquilo de que duvidamos, pelo que nos interessa e pelo que nos é indiferente Sabendo que o conselho mais eficaz é o que damos a nós próprios, o almanaque cita Sócrates, acrescentando tratar-se do grego: "Não fiquem adormecidos no sono fácil das ideias feitas." Como a vida, o "Borda d'Água" atravessa os tempos e as alturas, da mais chã à mais elevada. Fala dos "dias vividos e dos dias a viver". Informa que "2009 será dominado por Júpiter e terá um Inverno temperado, uma Primavera ventosa, um Verão aprazível e um Outono chuvoso". Recomenda, para os jardins de Setembro, "semear amores-perfeitos, begónias, cravos, gipsófilas, margaridas, malmequeres, miosótis, papoilas. Plantar bolbos, jacintos, tulipas e narcisos". E afirma que os nativos de Leão, como eu, "no amor, são sedutores e conquistadores." Só por conhecer isto o meu coração se alegrou, na tarde que começava a ser minha... (in Expresso)
Assim vai o mundo...
Borda d'água
Era uma daquelas horas, entre a manhã e a tarde, em que não sabemos bem se, com o dia, ainda ascendemos ou já declinamos. Nessa altura, nas cidades, a "rua europeia" está cheia de gente que, entre o almoço rápido e o regresso lento ao trabalho, compra o que precisa e o que não precisa. As conversas são um vaivém entre o lamento pela vida cara e o júbilo pela compra barata. Então agora que os saldos ainda são mais saldos do que durante todo o ano em que já o são, as conversas escutadas por acaso são uma lista de produtos comprados ao preço da chuva, que, como se sabe, é baixo, porque ninguém a quer, embora faça falta. Eu até costumo afirmar que a chuva é muito keynesiana - investimento público climatérico, injectado para gerar empregos e apoiar a produção de produtos de primeira necessidade. A chuva, digo eu sem querer gerar controvérsia, é como o Estado português: todos dizem mal, mas todos aproveitam...
Num desses momentos em que eu escutava o que não me dizia respeito, mas que passou a fazer logo que o escutei, aquela imigrante veio até mim e, numa língua que era um português remoto ou futuro, pediu para lhe comprar o que me queria vender. Perante a minha indiferença apressada, insistiu, fez-se obstáculo ao meu caminho e começou um choro forçado com o qual falava da fome dos filhos. Nunca sabemos bem se, nestas ocasiões, devemos acreditar no que nos dizem e dar o que nos pedem. Mas eu, quando tenho uma dúvida, dou o benefício dela. Digo para comigo que, se for falso aquilo em que me esforço por acreditar, presto ao menos, com a compra ou com a dádiva, tributo ao talento do actor ou da actriz, arte que admiro por dar à vida uma mentira que a torna mais verdadeira.
A mulher, com um gesto mais exacto do que a voz, aproximava de mim o que queria vender, embora as suas palavras, mal pronunciadas na língua a que Camões deu o vigor da vastidão, não conseguissem ter clareza no que diziam. Nem era preciso! Assim que, parando o passo, acedi em ouvir a sua prece áspera, vi que ela tinha nas mãos, antiquíssimo e idêntico, "O Verdadeiro Almanaque Borda d'Água", agora na edição de 2009. Reconheci-o com a alegria de um reencontro. Paguei o que me pediu - e era mais do que aquilo que vem indicado na capa como preço. Mas não devemos levar o rigor ao ponto em que ele se torna escrúpulo. Sentei-me então num café, dos poucos onde ainda aceitam clientes com tempo, e, encantado, passei uma hora a ler e a desler o que lia. Lembrei-me até de um amigo que, quando estava perante alguém que presumia saber o que não sabia, aplicava um golpe de misericórdia na altiva e estreita auto-suficiência, atirando-lhe: "Tens uma cultura de 'Borda d'Água'."
Era justo, mas malévolo, o meu amigo! Quem nos dera que os ignorantes de hoje tivessem a sabedoria dos ignorantes de ontem, aquela que o almanaque transmite, desde há muitas décadas, no seu calendário de presságios, prevenções, previsões e prudências. Essa simples sabedoria, é-nos, como a terra dos hebreus, prometida logo na capa sob a fórmula eloquente: "Reportório útil a toda a gente contendo todos os dados astronómicos e religiosos e muitas indicações úteis de interesse geral." Assim é! Naquelas folhas lentas e minuciosas, de um design que já foi mau e, por ser o mesmo, agora é bom, se conhecem os feriados civis e religiosos, as festas, feiras e romarias, os oragos, padroeiros, protectores e patronos, as efemérides, lembranças e memórias. Ali, lemos aforismos, adágios, provérbios, rifões e anexins. E temos tudo sobre hortas, jardins e pomares. Ali, aprendemos o que devemos semear, plantar e colher. E quando devemos vacinar, castrar, tosquiar e fazer cobrir os animais. Ali, vemos a que horas o Sol nasce e se põe, qual é a vida da Lua, se há bom ou mau tempo, e qual é o movimento das marés. Ali, há astronomia, astrologia, meteorologia, religião, agronomia, etnografia, história, botânica, zoologia e filosofia para todos. Ali, citam-se Aristóteles, Oscar Wilde, Vinicius de Moraes e António Aleixo. Ali, aprendemos a ganhar o que nos faz falta e a poupar o que nos pode vir a fazer.
Não há viagem mais prevista e inesperada do que esta. Nela, passamos pelo que sabemos e pelo que ignoramos, por aquilo em que acreditamos e por aquilo de que duvidamos, pelo que nos interessa e pelo que nos é indiferente Sabendo que o conselho mais eficaz é o que damos a nós próprios, o almanaque cita Sócrates, acrescentando tratar-se do grego: "Não fiquem adormecidos no sono fácil das ideias feitas." Como a vida, o "Borda d'Água" atravessa os tempos e as alturas, da mais chã à mais elevada. Fala dos "dias vividos e dos dias a viver". Informa que "2009 será dominado por Júpiter e terá um Inverno temperado, uma Primavera ventosa, um Verão aprazível e um Outono chuvoso". Recomenda, para os jardins de Setembro, "semear amores-perfeitos, begónias, cravos, gipsófilas, margaridas, malmequeres, miosótis, papoilas. Plantar bolbos, jacintos, tulipas e narcisos". E afirma que os nativos de Leão, como eu, "no amor, são sedutores e conquistadores." Só por conhecer isto o meu coração se alegrou, na tarde que começava a ser minha... (in Expresso)
Assim vai o mundo...
quarta-feira, setembro 03, 2008
O mundo de Obama...
Foi pedido aos dois candidatos à presidência dos EUA que escolhessem as dez canções favoritas! Até aqui prefiro Obama.
Ready or nor (Fugees)
What's going on (Marvin Gaye)
I'm on fire (Bruce Springsteen)
Gimme shelter (Rolling Stones)
Sinnerman (Nina Simone)
You'd be so easy to love (Frank Sinatra)
Think (Aretha Franklin)
City of blinding lights (U2)
Yes we can (will.i.am)
Assim vai o mundo...
Ready or nor (Fugees)
What's going on (Marvin Gaye)
I'm on fire (Bruce Springsteen)
Gimme shelter (Rolling Stones)
Sinnerman (Nina Simone)
You'd be so easy to love (Frank Sinatra)
Think (Aretha Franklin)
City of blinding lights (U2)
Yes we can (will.i.am)
Assim vai o mundo...
segunda-feira, setembro 01, 2008
O mundo dos EUA...
Obama pode perder as eleições de Novembro. Porque são os americanos a votar. Leiam o texto de Miguel Monjardino...
'Yes, he can'
De quatro em quatro anos, os europeus têm durante o Verão um sonho americano. Durante este agradável sonho, os americanos elegem um presidente sofisticado, intelectual, progressista, educado nas melhores universidades do país, eloquente, curioso em relação às mais recentes políticas públicas e ao que se passa no estrangeiro. Nessas abençoadas semanas, os europeus acordam optimistas em relação ao futuro do Velho e Novo Continente.
O problema é que a seguir vem o Outono. E com o Outono vem o choque e o pavor. O presidente ardentemente desejado no Velho Continente perde para um candidato conservador, anti-intelectual, céptico em relação ao papel do governo federal, adepto do mercado, retrógrado em questões sociais, religiosas e judiciais, partidário da pena de morte e apologista das virtudes do poder militar americano. Será que este ano vamos ter uma enorme desilusão europeia em Novembro?
Eu sei, eu sei. A pergunta parece completamente ridícula. Para começar, George W. Bush, é um Presidente extremamente impopular. No mês passado, apenas 33% dos americanos apoiavam a maneira como Bush estava a exercer o seu mandato. 65%, a mais alta percentagem de sempre, tinham uma opinião negativa do seu Presidente. O preço dos combustíveis é extremamente elevado, as dúvidas sobre o sistema bancário e a economia são grandes e o cepticismo em relação ao estado do país e à sua influência internacional é geral. Os republicanos são tão impopulares que em Novembro os democratas têm uma excelente hipótese de aumentar a sua maioria na Câmara dos Representantes e de conseguir entre 56 e 60 lugares no Senado. Como o senador Charles Schumer (democrata/Nova Iorque) disse na quarta-feira à noite, em Denver, Novembro é uma oportunidade única para a coligação democrata. Com os republicanos claramente do lado errado da história, a possibilidade de Barack Obama perder para John McCain é praticamente nula. Certo?
As últimas semanas mostraram que a vitória de Obama não é inevitável. Por mais que custe a muitos europeus, a verdade é que a resposta à pergunta "Será que Obama pode perder?" é "Yes, he can!" A actual eurobamania está rodeada de grandes triunfos mas também de vulnerabilidades importantes. Os triunfos estão associados a questões políticas, sociais e organizacionais. A nomeação de Barack Obama como candidato presidencial dos democratas na quarta-feira à noite, na véspera do 45º aniversário do célebre discurso de Martin Luther King "I Have a Dream", no Lincoln Memorial em Washington, DC, foi um enorme momento político e social na história dos EUA. Há um ano, praticamente ninguém acreditava que Obama pudesse derrotar a poderosa e supostamente bem organizada campanha de Hillary Clinton. Joshua Green mostra no seu artigo 'The Front-Runner's Fall' ('Atlantic Monthly'/Setembro), como a campanha de Clinton se transformou rapidamente num caos tóxico. Uma gestão criteriosa da sua equipa, uma excelente organização, inovações ao nível do financiamento da sua campanha e uma retórica política de grande nível permitiram a Obama surpreender tudo e todos nas primárias dos democratas.
As vulnerabilidades têm a ver com as dúvidas dos americanos em relação a Obama. Para muitos europeus, o candidato presidencial dos democratas é extremamente bem conhecido e, obviamente, devia estar muito à frente nas sondagens. John McCain devia estar para lá do horizonte. Devia, mas não está. A meio da semana, praticamente todas as sondagens mostravam aquilo que para todos os efeitos é um empate entre McCain e Obama. Em termos de distribuição de votos no Colégio Eleitoral que elegerá o presidente, Obama tem uma vantagem de apenas dez votos. Peggy Noonan, uma astuta observadora da cena política americana, explica na sua coluna 'They're paying attention now' ('Wall Street Journal', 22 de Agosto) porque é que Obama não está claramente à frente de McCain.
"É difícil para a nossa classe política recordar que Obama só é famoso na América desde o Inverno de 2008. A América encontrou-o há apenas seis meses! A classe política entrevistou-o pela primeira vez ou leu a entrevista, em 2003 ou 2004, quando ele era uma estrela em ascensão. Eles conhecem-no. Todos os outros estão ainda a prestar atenção. Isto é o que eles vêem. Um homem atraente, inteligente, interessante mas... é difícil de categorizar. É o general Obama? Não, não tem passado militar. Brilhante homem de negócios Obama? Não, nunca trabalhou em negócios. Nome famoso Obama? Não, é um nome novo, um nome pouco usual. Governador durante muitos anos no Sul? Não. É um activista e gestor comunitário (o que é isso?), depois um advogado (búuu), depois um legislador estadual (e depois?, o meu primo também é), depois senador (há menos de quatro anos!). Não há nenhuma categoria pré-existente para ele".
Obama ainda não convenceu uma maioria clara dos americanos. Os próximos 68 dias prometem uma extraordinária campanha presidencial. (in Expresso)
Assim vai o mundo...
'Yes, he can'
De quatro em quatro anos, os europeus têm durante o Verão um sonho americano. Durante este agradável sonho, os americanos elegem um presidente sofisticado, intelectual, progressista, educado nas melhores universidades do país, eloquente, curioso em relação às mais recentes políticas públicas e ao que se passa no estrangeiro. Nessas abençoadas semanas, os europeus acordam optimistas em relação ao futuro do Velho e Novo Continente.
O problema é que a seguir vem o Outono. E com o Outono vem o choque e o pavor. O presidente ardentemente desejado no Velho Continente perde para um candidato conservador, anti-intelectual, céptico em relação ao papel do governo federal, adepto do mercado, retrógrado em questões sociais, religiosas e judiciais, partidário da pena de morte e apologista das virtudes do poder militar americano. Será que este ano vamos ter uma enorme desilusão europeia em Novembro?
Eu sei, eu sei. A pergunta parece completamente ridícula. Para começar, George W. Bush, é um Presidente extremamente impopular. No mês passado, apenas 33% dos americanos apoiavam a maneira como Bush estava a exercer o seu mandato. 65%, a mais alta percentagem de sempre, tinham uma opinião negativa do seu Presidente. O preço dos combustíveis é extremamente elevado, as dúvidas sobre o sistema bancário e a economia são grandes e o cepticismo em relação ao estado do país e à sua influência internacional é geral. Os republicanos são tão impopulares que em Novembro os democratas têm uma excelente hipótese de aumentar a sua maioria na Câmara dos Representantes e de conseguir entre 56 e 60 lugares no Senado. Como o senador Charles Schumer (democrata/Nova Iorque) disse na quarta-feira à noite, em Denver, Novembro é uma oportunidade única para a coligação democrata. Com os republicanos claramente do lado errado da história, a possibilidade de Barack Obama perder para John McCain é praticamente nula. Certo?
As últimas semanas mostraram que a vitória de Obama não é inevitável. Por mais que custe a muitos europeus, a verdade é que a resposta à pergunta "Será que Obama pode perder?" é "Yes, he can!" A actual eurobamania está rodeada de grandes triunfos mas também de vulnerabilidades importantes. Os triunfos estão associados a questões políticas, sociais e organizacionais. A nomeação de Barack Obama como candidato presidencial dos democratas na quarta-feira à noite, na véspera do 45º aniversário do célebre discurso de Martin Luther King "I Have a Dream", no Lincoln Memorial em Washington, DC, foi um enorme momento político e social na história dos EUA. Há um ano, praticamente ninguém acreditava que Obama pudesse derrotar a poderosa e supostamente bem organizada campanha de Hillary Clinton. Joshua Green mostra no seu artigo 'The Front-Runner's Fall' ('Atlantic Monthly'/Setembro), como a campanha de Clinton se transformou rapidamente num caos tóxico. Uma gestão criteriosa da sua equipa, uma excelente organização, inovações ao nível do financiamento da sua campanha e uma retórica política de grande nível permitiram a Obama surpreender tudo e todos nas primárias dos democratas.
As vulnerabilidades têm a ver com as dúvidas dos americanos em relação a Obama. Para muitos europeus, o candidato presidencial dos democratas é extremamente bem conhecido e, obviamente, devia estar muito à frente nas sondagens. John McCain devia estar para lá do horizonte. Devia, mas não está. A meio da semana, praticamente todas as sondagens mostravam aquilo que para todos os efeitos é um empate entre McCain e Obama. Em termos de distribuição de votos no Colégio Eleitoral que elegerá o presidente, Obama tem uma vantagem de apenas dez votos. Peggy Noonan, uma astuta observadora da cena política americana, explica na sua coluna 'They're paying attention now' ('Wall Street Journal', 22 de Agosto) porque é que Obama não está claramente à frente de McCain.
"É difícil para a nossa classe política recordar que Obama só é famoso na América desde o Inverno de 2008. A América encontrou-o há apenas seis meses! A classe política entrevistou-o pela primeira vez ou leu a entrevista, em 2003 ou 2004, quando ele era uma estrela em ascensão. Eles conhecem-no. Todos os outros estão ainda a prestar atenção. Isto é o que eles vêem. Um homem atraente, inteligente, interessante mas... é difícil de categorizar. É o general Obama? Não, não tem passado militar. Brilhante homem de negócios Obama? Não, nunca trabalhou em negócios. Nome famoso Obama? Não, é um nome novo, um nome pouco usual. Governador durante muitos anos no Sul? Não. É um activista e gestor comunitário (o que é isso?), depois um advogado (búuu), depois um legislador estadual (e depois?, o meu primo também é), depois senador (há menos de quatro anos!). Não há nenhuma categoria pré-existente para ele".
Obama ainda não convenceu uma maioria clara dos americanos. Os próximos 68 dias prometem uma extraordinária campanha presidencial. (in Expresso)
Assim vai o mundo...
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