Magnífica a entrevista a Gonçalo M. Tavares na revista Tabu de Sábado! Eu nunca o li, apesar de saber que ele tem de ser muito bom. Encontrei na entrevista muitos elementos que posso transpor para mim. Senti que tenho de o ler urgentemente. Quase como uma necessidade. Estranha sensação!! Mas boa...
Assim vai o mundo...
quarta-feira, outubro 29, 2008
O mundo da música...
Newton Faulkner é uma grande surpresa! Aqui com uma bela versão de Bohemian Rhapsody...
Já agora a extraordinária Teardrop...
Assim vai o mundo...
Já agora a extraordinária Teardrop...
Assim vai o mundo...
terça-feira, outubro 28, 2008
O mundo do humor...
Nuno Lopes está cada vez mais brilhante...
E como esquecer estes dois momentos:
Assim vai o mundo...
E como esquecer estes dois momentos:
Assim vai o mundo...
O mundo...
Bom saber que os meus posts são lidos nos EUA, mesmo que seja para discordar!
Assim vai o mundo...
PS- Translation: Good to know that my posts are read in the USA, even if it is to disagree!
Assim vai o mundo...
PS- Translation: Good to know that my posts are read in the USA, even if it is to disagree!
segunda-feira, outubro 27, 2008
O mundo dos jornais...
Quanto aos artigos da Bomba Inteligente na Tabu de sábado, tenho de discordar com o apoio a Sarah Palin. Não quero saber de género, se é homem ou mulher, ela é uma pessoa idiota! É uma pessoa incompetente e até acho um atentado às mulheres, aquela mulher representá-las em algo. Já tenho de concordar que o apoio de Colin Powell a Barack Obama é fulcral, ainda mais porque é republica, militar e amigo de MaCain há 25 anos. Sempre gostei de Powell, porque o considero um homem ponderado, e só tenho de ficar contente com o apoio inequívoco.
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
domingo, outubro 26, 2008
O mundo do Porto...
Na sexta à noite, eu e um grupo de amigos decidimos sair até ao Porto. Acabamos nas recentes Galerias de Paris. Uma rua ali entre os Clérigos e a Praça dos Leões, cheia de barzinhos, como por exemplo o La Boheme. A rua estava cheia de gente, e pelo que vi de vários países. É bom ver um pouco do ambiente "Bairro Alto" no Porto. Um convivio animado e saudavel. É claro que o bom tempo tem ajudado. Mas é de facto uma bela maneira de revitalizar a baixa portuense.
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
sexta-feira, outubro 24, 2008
O mundo dos filmes...
Há filmes algo loucos! Colete de forças/The Jacket é um deles. A impossibilidade do argumento é bem manipulado pelas magnificas interpretações de Adrien Brody (pós-Oscar), Keira Knightley e Kris Kristofferson. Um filme a ver...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
O munda das revistas...
Mais um excelente editorial de Francisco José Viegas na Ler deste mês. Primeiro fala na escola enquanto local primordial de incentivo à leitura, depois das bibliotecas pessoais que cada vez são menos numerosas. Por fim, uma nota ao Magalhães, e tenho de concordar com ele, daqui a 20 anos, só uma minoria terá uma caligrafia legível.
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
quinta-feira, outubro 23, 2008
quarta-feira, outubro 22, 2008
O mundo da TV....
Apesar de só ter conseguido a promoção do canal brasileiro FX, ela passa no FOX português! A série Saved acompanha um louco paramédico, que tem tanto de talentoso como de extravagante. Um pouco o House das ambulâncias! Tem uma banda sonora fantástica. Pelos vistos não houve segunda série, por isso apanhem a primeira...:D
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
O mundo dos jornais...
A revista Única do último Sábado é curiosa! Fala sobre dinheiro, como ser forreta, como ser excêntrico, como gastar, como poupar. Óptima para entendermos o dinheiro e as diferentes relações com ele...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
terça-feira, outubro 21, 2008
O mundo americano...
Os EUA tem muitos defeitos, as eleições são estranhas porque nem sempre ganha o mais votado, mas isto deveria ser transposto para Portugal! Mostra que os dois candidatos tem sentido de humor e se respeitam...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
segunda-feira, outubro 20, 2008
O mundo das crónicas...
Uma das melhores crónicas de José Manuel dos Santos sobre os chamados novos homens economicus...
Vêem-se naquelas avenidas onde os que se julgam donos do tempo encontraram lugar para dizer uns aos outros que pertencem ao mesmo mundo. Quando a hora se aproxima daquela em que se almoça, descem à rua com os seus fatos (ou blazers) cinzentos e azuis, as camisas com as iniciais bordadas no peito, as gravatas às riscas ou com brasões. Sósias uns dos outros, parecem multiplicados. Agrupam-se por idades e importâncias, nessa marcha hierarquizada, como a de um exército que avança para uma conquista infalível: a do sucesso. Os que chegam imitam os que já lá estão nos tiques, nas frases, nas marcas, nos gostos, nos gestos. Olham para as mesmas montras e têm as mesmas ambições. Mas, como no início de carreira ganham menos, o que parece igual, é diferente: nos casacos de uns, há lã e caxemira, nos de outros, lã e poliéster. Aí vão eles, com o seu andar ritmado e triunfante, emitindo ondas de perfume e falando obsessivamente ao telemóvel.
Já me aconteceu estar perto deles e ouvi-los. Falam pela boca uns dos outros uma linguagem uniforme e só referem coisas que o dinheiro compra. Gostam de verbos como alavancar, implementar, obstaculizar, externalizar, despoletar, posicionar, checkar, feedbackar, colapsar. Dizem o comum do comum e o ínfimo do ínfimo, convencidos de que nas suas bocas está a chave do futuro. Sentem-se a vanguarda do capitalismo, assim, outrora, alguns se sentiram a vanguarda do comunismo.
Não se lhes ouve pronunciar o título de um livro. Conhecem apenas relatórios e powerpoints. Acham que ler, pensar, ouvir, contemplar, saber, esperar é perder tempo, num tempo sem ele. Afinal, na Internet está tudo disponível... Julgam que a criação do mundo coincidiu com a data e a hora do seu nascimento. Não têm memória nem alteridade. Odeiam velhos, pobres, perdedores, pretos, feios, melancólicos e intelectuais, que complicam o que é simples. São homófobos, mas alguns, à terceira bebida, sucumbem ao encanto do corpo musculado do vizinho de ginásio. No fim, telefonam muito aflitos à namorada a dizer que ficaram a fazer serão no escritório. Casam em igrejas barrocas e fazem o copo de água em quintas nos arredores de Lisboa, ou sob tendas onde se repetem as ementas e as caras. Adoram-se e passam horas em frente do espelho a acariciar a face e a ajeitar o nó da gravata. Tomam ansiolíticos e antidepressivos continuamente e em doses crescentes.
Dizem de si que são jovens de elevado potencial e acreditam que, com dinheiro, a juventude lhes será eterna. Estes lobos ávidos confundem informação com sabedoria, interesse com desejo, imagem com visão, alucinação com imaginação. Sofrem de todas as ignorâncias que falseiam a vida. Não sabem que o fracasso é o outro rosto do triunfo, que a doença é a irmã mais próxima da saúde, que o futuro é tão antigo como o passado, que a morte é o segundo nome da vida. Ignoram que o homem não é mortal porque morre, mas morre porque é mortal. Querem-se elegantes, mas desconhecem que o mais elegante dos gestos humanos é aquele com que fazemos passar os outros à nossa frente. São de direita, porque acham que ser isso é ser mais do que os outros. Falam do Valor e do Lucro como os teólogos falam da Graça e da Salvação. Pensam que aquilo em que acreditam é o "horizonte incontornável do nosso tempo". Vorazes, violentos, vis, vaidosos e vazios, são prepotentes com o seu poder e subservientes ao poder dos outros: escravos hoje para poderem ser senhores amanhã.
Agora, andam muito assustados com a crise - e não apenas pelas razões que nos assustam a todos. Para eles, é como se a armada invencível a que pertencem começasse, derrotada, a afundar-se sob um céu vazio de um deus vencido pelo diabo. A hubris gerou a Némesis.
Num destes dias, num restaurante, vi-os. Comiam todos a mesma salada triste de salmão fumado. Tinham olheiras e um brilho sujo no rosto. Os nós das gravatas pareciam gastos, desalinhados e decaídos. O aroma do último perfume que acabava de sair, e que todos usavam, misturava-se ao invencível cheiro a queimado que saía da cozinha. O que balbuciavam sobre o afundamento das bolsas era incompreensível. O temor tornou-os sentimentais. Parecem atingidos por uma morte que os faz fantasmas. Talvez tenham começado a compreender que serão as primeiras vítimas do Minotauro que habita o centro do labirinto que eles ajudaram a construir.
Assim vai o mundo...
Vêem-se naquelas avenidas onde os que se julgam donos do tempo encontraram lugar para dizer uns aos outros que pertencem ao mesmo mundo. Quando a hora se aproxima daquela em que se almoça, descem à rua com os seus fatos (ou blazers) cinzentos e azuis, as camisas com as iniciais bordadas no peito, as gravatas às riscas ou com brasões. Sósias uns dos outros, parecem multiplicados. Agrupam-se por idades e importâncias, nessa marcha hierarquizada, como a de um exército que avança para uma conquista infalível: a do sucesso. Os que chegam imitam os que já lá estão nos tiques, nas frases, nas marcas, nos gostos, nos gestos. Olham para as mesmas montras e têm as mesmas ambições. Mas, como no início de carreira ganham menos, o que parece igual, é diferente: nos casacos de uns, há lã e caxemira, nos de outros, lã e poliéster. Aí vão eles, com o seu andar ritmado e triunfante, emitindo ondas de perfume e falando obsessivamente ao telemóvel.
Já me aconteceu estar perto deles e ouvi-los. Falam pela boca uns dos outros uma linguagem uniforme e só referem coisas que o dinheiro compra. Gostam de verbos como alavancar, implementar, obstaculizar, externalizar, despoletar, posicionar, checkar, feedbackar, colapsar. Dizem o comum do comum e o ínfimo do ínfimo, convencidos de que nas suas bocas está a chave do futuro. Sentem-se a vanguarda do capitalismo, assim, outrora, alguns se sentiram a vanguarda do comunismo.
Não se lhes ouve pronunciar o título de um livro. Conhecem apenas relatórios e powerpoints. Acham que ler, pensar, ouvir, contemplar, saber, esperar é perder tempo, num tempo sem ele. Afinal, na Internet está tudo disponível... Julgam que a criação do mundo coincidiu com a data e a hora do seu nascimento. Não têm memória nem alteridade. Odeiam velhos, pobres, perdedores, pretos, feios, melancólicos e intelectuais, que complicam o que é simples. São homófobos, mas alguns, à terceira bebida, sucumbem ao encanto do corpo musculado do vizinho de ginásio. No fim, telefonam muito aflitos à namorada a dizer que ficaram a fazer serão no escritório. Casam em igrejas barrocas e fazem o copo de água em quintas nos arredores de Lisboa, ou sob tendas onde se repetem as ementas e as caras. Adoram-se e passam horas em frente do espelho a acariciar a face e a ajeitar o nó da gravata. Tomam ansiolíticos e antidepressivos continuamente e em doses crescentes.
Dizem de si que são jovens de elevado potencial e acreditam que, com dinheiro, a juventude lhes será eterna. Estes lobos ávidos confundem informação com sabedoria, interesse com desejo, imagem com visão, alucinação com imaginação. Sofrem de todas as ignorâncias que falseiam a vida. Não sabem que o fracasso é o outro rosto do triunfo, que a doença é a irmã mais próxima da saúde, que o futuro é tão antigo como o passado, que a morte é o segundo nome da vida. Ignoram que o homem não é mortal porque morre, mas morre porque é mortal. Querem-se elegantes, mas desconhecem que o mais elegante dos gestos humanos é aquele com que fazemos passar os outros à nossa frente. São de direita, porque acham que ser isso é ser mais do que os outros. Falam do Valor e do Lucro como os teólogos falam da Graça e da Salvação. Pensam que aquilo em que acreditam é o "horizonte incontornável do nosso tempo". Vorazes, violentos, vis, vaidosos e vazios, são prepotentes com o seu poder e subservientes ao poder dos outros: escravos hoje para poderem ser senhores amanhã.
Agora, andam muito assustados com a crise - e não apenas pelas razões que nos assustam a todos. Para eles, é como se a armada invencível a que pertencem começasse, derrotada, a afundar-se sob um céu vazio de um deus vencido pelo diabo. A hubris gerou a Némesis.
Num destes dias, num restaurante, vi-os. Comiam todos a mesma salada triste de salmão fumado. Tinham olheiras e um brilho sujo no rosto. Os nós das gravatas pareciam gastos, desalinhados e decaídos. O aroma do último perfume que acabava de sair, e que todos usavam, misturava-se ao invencível cheiro a queimado que saía da cozinha. O que balbuciavam sobre o afundamento das bolsas era incompreensível. O temor tornou-os sentimentais. Parecem atingidos por uma morte que os faz fantasmas. Talvez tenham começado a compreender que serão as primeiras vítimas do Minotauro que habita o centro do labirinto que eles ajudaram a construir.
Assim vai o mundo...
O mundo dos jornais...
Bela reportagem sobre os Açores na revista Tabu de Sábado. De facto, acho um crime lesa-Pátria os preços proibitivos das viagens de avião para esse arquipélago que me é tão querido...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
domingo, outubro 19, 2008
sexta-feira, outubro 17, 2008
O mundo das revistas..
Já aqui falei do Courrier Internacional. Acho que a forma como está dividida (Compreender, Olhar, Saber, Explorar, Desfrutar) permite apreciar ainda melhor os belos artigos. Este mês destaco a entrevista ao psicólogo Paul Eckman, sobre a linguagem corporal e as emoções. Magnífica...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
quinta-feira, outubro 16, 2008
O mundo americano...
McCain ganhou o debate de ontem, mas parece-me que não foi suficiente... Ainda bem... Concordo com o Nuno Rogeiro! Perfeito seria Obama Presidente e McCain Vice-Presidente...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
O mundo dos filmes...
Vi ontem o filme Uma Casa no Fim do Mundo, baseado no livro de Michael Cunningham (o mesmo de "As Horas"). Um bom filme sobre uma relação estranha, mas que fala sobretudo do amor que pode haver entre três pessoas.
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
O mundo da bola...
Irrita-me que porque a selecção não joga bem com Queiroz, se fale de Scolari. Dois maus não fazem um bom...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
quarta-feira, outubro 15, 2008
O mundo dos filmes...
Um belo filme adoptado de um fantástico livro! Despertares conta a história de um grupo de doentes mentais que em 1969 tem uma melhora significativa devido à acção de um certo médico (Robin Williams numa interpretação fantástica). O exemplo mais flagrante é um certo paciente (Robert De Niro magistral) que serve de controlo ao uso dos fármacos. Nem tudo corre bem, mas mostra-nos o despertar da mente humana...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
terça-feira, outubro 14, 2008
O mundo dos filmes...
Ontem revi pela enésima vez um dos filmes, senão o filme, da minha vida! Falo do Crash, que ontem deu na TVI. Nunca comemorei tanto um Oscar de melhor filme como em 2006 com este filme. Já sei que existem filmes mais emblemáticos e marcantes, mas este marcou-me a mim. Por várias razões:
O argumento! Gosto muito de boa escrita. E quando vi este filme, achei o argumento fantástico. Consegui imprimi-lo e lê-lo atentamente. E ainda passei a gostar mais. Inteligente, incisivo, apaixonante. Um argumento que parece um livro, cheio de frases que se transformam em citações, como: "It's the sense of touch. In any real city, you walk, you know? You brush past people, people bump into you. In L.A., nobody touches you. We're always behind this metal and glass. I think we miss that touch so much, that we crash into each other, just so we can feel something."
O elenco! Cheio de actores com créditos firmados e com interpretações seguras e únicas. Destaco Don Cheadle pelo papel com um pouco mais de protagonismo e que marca o ritmo do filme. Notável como por vezes não necessita de palavras para construir uma interpretação brilhante.
A intensidade! Um filme intenso, onde dei por mim a vibrar mais do que num jogo de futebol. Numa certa cena, quase gritei para uma personagem. E no fim, tive uma sensação de preenchimento incrível.
A banda sonora! Sou um fã de bandas sonoras. Muitas habitam os meus cds e esta é talvez a mais bem construída de todas. São músicas pungentes, quase todas instrumentais, até porque o filme tem um bom argumento. E as que tem letra, são escolhidas a dedo. Deixo aqui exemplos.
Assim vai o mundo...
O argumento! Gosto muito de boa escrita. E quando vi este filme, achei o argumento fantástico. Consegui imprimi-lo e lê-lo atentamente. E ainda passei a gostar mais. Inteligente, incisivo, apaixonante. Um argumento que parece um livro, cheio de frases que se transformam em citações, como: "It's the sense of touch. In any real city, you walk, you know? You brush past people, people bump into you. In L.A., nobody touches you. We're always behind this metal and glass. I think we miss that touch so much, that we crash into each other, just so we can feel something."
O elenco! Cheio de actores com créditos firmados e com interpretações seguras e únicas. Destaco Don Cheadle pelo papel com um pouco mais de protagonismo e que marca o ritmo do filme. Notável como por vezes não necessita de palavras para construir uma interpretação brilhante.
A intensidade! Um filme intenso, onde dei por mim a vibrar mais do que num jogo de futebol. Numa certa cena, quase gritei para uma personagem. E no fim, tive uma sensação de preenchimento incrível.
A banda sonora! Sou um fã de bandas sonoras. Muitas habitam os meus cds e esta é talvez a mais bem construída de todas. São músicas pungentes, quase todas instrumentais, até porque o filme tem um bom argumento. E as que tem letra, são escolhidas a dedo. Deixo aqui exemplos.
Assim vai o mundo...
O mundo dos jornais...
É uma entrevista diferente! Na revista Única do Expresso de Sábado Pilar del Rio entrevista, interroga, questiona José Saramago. É claro que sendo sua companheira poderia ser mais venerativa, mas não! Ela não tem medo de discordar, de o obrigar a justificar muito bem a sua posição. Fala-se de tudo, política, literatura, doença, morte, Nobel. Nem sempre concordo com Saramago, confesso que até hoje só li o Memorial, acho que por vezes a sua maneira de ser deveria ser mais terra a terra, mas ainda assim uma pessoa importante no panorama nacional...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
segunda-feira, outubro 13, 2008
O mundo dos jornais...
Churchill visto por José Manuel dos Santos...
Acordava às oito horas, tomava o pequeno-almoço (ovos com presunto, perna de galinha, melão, sumo de laranja, café), fumava o primeiro charuto de uma série diária de oito e permanecia na cama a ler e a ditar mensagens à secretária. Às dez, tomava banho e arranjava-se com esmero. Ia então para o gabinete receber pessoas. Depois de beber um ou dois whisky and soda, almoçava, à uma e meia da tarde, com convidados, ou era ele o convidado (do rei, às terças-feiras). Às três, dormia a sesta. Uma hora depois, acordava, tomava de novo banho e mudava de roupa. Às quatro e meia, prosseguia o despacho, fazia reuniões e continuava a receber até às oito e meia. A essa hora, jantava os seus pratos preferidos, acompanhados de champanhe. Às dez, trabalhava mais um pouco, até que, às onze e meia, via um filme ou jogava uma partida de cartas. À uma da manhã, deitava-se. Antes de adormecer, lia jornais ou livros. Este era o dia-padrão de Churchill, quando era primeiro-ministro, mesmo durante a guerra. Só o mudava se os acontecimentos o obrigassem.
Esta agenda sibarita é-nos descrita, acompanhada de algumas peças que a materializavam, no fascinante labirinto que, em Londres, perto do número 10 de Downing Street, dá pelo nome de Churchill Museum and Cabinet War Rooms. Aqui se conserva o subterrâneo que, sob os bombardeamentos, serviu de quartel-general ao Governo durante a II Guerra Mundial. Das mesas às camas, das loiças às roupas, do telefone directo à Casa Branca ao emissor da BBC para falar à Grã-Bretanha e ao Mundo, dos mapas onde a evolução da guerra era seguida, sinalizada e decidida ao aparelho eléctrico que permitia acender cigarros, do quarto de Churchill ao gabinete de trabalho, da sala do Conselho de Ministros à dos chefes militares - ali se apresenta tudo com um rigor e uma autenticidade que nos fazem regressar a esse tempo vivido sobre o abismo. Ali, ouve-se a voz de Churchill, seguem-se os seus passos, os seus gestos, o fumo do seu charuto e o movimento da sua cólera.
A meio deste circuito mítico, existe agora um Museu Churchill, que usa tecnologias sedutoras. Atravessando aquelas imagens, coisas, legendas e memórias, vai-se dos dias da guerra aos da paz, dos da sua morte (com 90 anos) aos do nascimento, dos da infância (estão lá os cadernos e os soldadinhos de chumbo) aos da carreira. Ali estão o aristocrata, o militar, o jornalista, o democrata, o político, o escritor, o pintor amador, o "dandy", o conservador, o rebelde. Estão os fatos, as fardas, as medalhas, os documentos, os objectos, os livros, as fotografias, os filmes que nos devolvem os acontecimentos e o seu rasto, as vitórias e a sua exaltação, as derrotas e a sua ansiedade. Está o mapa duma vida, mostrando o que nela se passou dia a dia, hora a hora - os trabalhos e os prazeres. Está sobretudo o retrato de uma personalidade única, livre e audaciosa - tão humana nas suas qualidades e defeitos, nos talentos e convicções, nas manias e contradições. E quase sobre-humana na sua coragem feliz e indomável! Este retrato é uma das chaves para percebermos o que aconteceu nesse tempo de tantos perigos vencidos. Churchill, com a sua vontade de liberdade e o seu instinto de vida (que se opunha ao instinto de morte de Hitler), foi o "homem com qualidades", o anti-Ulrich de Musil.
Quando recentemente estive em Londres, fiz esta longa travessia pela vida de um político que percebeu, antes dos outros, o "ser" dos totalitarismos, opondo-se ao "espírito" de rendição da época e assegurando a liberdade ao nosso mundo ameaçado. Este museu prova-nos que os grandes homens são capazes, num momento fatal, de saltar sobre o medo do tempo, vendo o dia para além da noite que cresce.
Pouco depois desta visita, ao ler uma biografia de Marcel Proust, reparei que, em 14 de Agosto de 1918, o escritor, que nesse Verão resolveu não ir de férias para Cabourg, foi jantar sozinho ao Hotel Ritz de Paris, do qual era frequentador assíduo e ostensivo. Numa mesa, junto dele, estava Winston Churchill, que ainda não era quem seria. O olhar minucioso e indagador de Proust cruzou-se com o olhar irónico e determinado de Churchill. Nesse encontro de olhares foi como se o século XX dissesse um dos seus nomes. (in Expresso)
Assim vai o mundo...
Acordava às oito horas, tomava o pequeno-almoço (ovos com presunto, perna de galinha, melão, sumo de laranja, café), fumava o primeiro charuto de uma série diária de oito e permanecia na cama a ler e a ditar mensagens à secretária. Às dez, tomava banho e arranjava-se com esmero. Ia então para o gabinete receber pessoas. Depois de beber um ou dois whisky and soda, almoçava, à uma e meia da tarde, com convidados, ou era ele o convidado (do rei, às terças-feiras). Às três, dormia a sesta. Uma hora depois, acordava, tomava de novo banho e mudava de roupa. Às quatro e meia, prosseguia o despacho, fazia reuniões e continuava a receber até às oito e meia. A essa hora, jantava os seus pratos preferidos, acompanhados de champanhe. Às dez, trabalhava mais um pouco, até que, às onze e meia, via um filme ou jogava uma partida de cartas. À uma da manhã, deitava-se. Antes de adormecer, lia jornais ou livros. Este era o dia-padrão de Churchill, quando era primeiro-ministro, mesmo durante a guerra. Só o mudava se os acontecimentos o obrigassem.
Esta agenda sibarita é-nos descrita, acompanhada de algumas peças que a materializavam, no fascinante labirinto que, em Londres, perto do número 10 de Downing Street, dá pelo nome de Churchill Museum and Cabinet War Rooms. Aqui se conserva o subterrâneo que, sob os bombardeamentos, serviu de quartel-general ao Governo durante a II Guerra Mundial. Das mesas às camas, das loiças às roupas, do telefone directo à Casa Branca ao emissor da BBC para falar à Grã-Bretanha e ao Mundo, dos mapas onde a evolução da guerra era seguida, sinalizada e decidida ao aparelho eléctrico que permitia acender cigarros, do quarto de Churchill ao gabinete de trabalho, da sala do Conselho de Ministros à dos chefes militares - ali se apresenta tudo com um rigor e uma autenticidade que nos fazem regressar a esse tempo vivido sobre o abismo. Ali, ouve-se a voz de Churchill, seguem-se os seus passos, os seus gestos, o fumo do seu charuto e o movimento da sua cólera.
A meio deste circuito mítico, existe agora um Museu Churchill, que usa tecnologias sedutoras. Atravessando aquelas imagens, coisas, legendas e memórias, vai-se dos dias da guerra aos da paz, dos da sua morte (com 90 anos) aos do nascimento, dos da infância (estão lá os cadernos e os soldadinhos de chumbo) aos da carreira. Ali estão o aristocrata, o militar, o jornalista, o democrata, o político, o escritor, o pintor amador, o "dandy", o conservador, o rebelde. Estão os fatos, as fardas, as medalhas, os documentos, os objectos, os livros, as fotografias, os filmes que nos devolvem os acontecimentos e o seu rasto, as vitórias e a sua exaltação, as derrotas e a sua ansiedade. Está o mapa duma vida, mostrando o que nela se passou dia a dia, hora a hora - os trabalhos e os prazeres. Está sobretudo o retrato de uma personalidade única, livre e audaciosa - tão humana nas suas qualidades e defeitos, nos talentos e convicções, nas manias e contradições. E quase sobre-humana na sua coragem feliz e indomável! Este retrato é uma das chaves para percebermos o que aconteceu nesse tempo de tantos perigos vencidos. Churchill, com a sua vontade de liberdade e o seu instinto de vida (que se opunha ao instinto de morte de Hitler), foi o "homem com qualidades", o anti-Ulrich de Musil.
Quando recentemente estive em Londres, fiz esta longa travessia pela vida de um político que percebeu, antes dos outros, o "ser" dos totalitarismos, opondo-se ao "espírito" de rendição da época e assegurando a liberdade ao nosso mundo ameaçado. Este museu prova-nos que os grandes homens são capazes, num momento fatal, de saltar sobre o medo do tempo, vendo o dia para além da noite que cresce.
Pouco depois desta visita, ao ler uma biografia de Marcel Proust, reparei que, em 14 de Agosto de 1918, o escritor, que nesse Verão resolveu não ir de férias para Cabourg, foi jantar sozinho ao Hotel Ritz de Paris, do qual era frequentador assíduo e ostensivo. Numa mesa, junto dele, estava Winston Churchill, que ainda não era quem seria. O olhar minucioso e indagador de Proust cruzou-se com o olhar irónico e determinado de Churchill. Nesse encontro de olhares foi como se o século XX dissesse um dos seus nomes. (in Expresso)
Assim vai o mundo...
domingo, outubro 12, 2008
O mundo da música..
O filho de Bob Dylan canta muito bem! Faz lembrar o pai, mas canta melhor...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
sexta-feira, outubro 10, 2008
O mundo da blogosfera...
Fantástico este post daqui
A crise do subprime explicada aos pequeninos
O Ti Joaquim tem uma tasca, na Vila Carrapato, e decide que vai vender copos "fiados"aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados. Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouco o preço da dose do tintol e da branquinha (a diferença é o preço que os pinguços pagam pelo crédito).
O gerente do banco do Ti Joaquim, um ousado administrador formado num curso muito reconhecido, decide que o livrinho das dívidas da tasca constitui, afinal, um activo, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento, tendo o "fiado" dos fregueses como garantia.
Uns seis “zécutivos” de bancos, mais adiante, pegam no tal “activo”, e transformam-no em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrónimo financeiro que ninguém sabe exactamente o que quer dizer.
Esses adicionais instrumentos financeiros alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (os tais livrinhos das dívidas do Ti Joaquim).
Esses derivados são negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.
Até que alguém descobre que os bêbados da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e a tasca do Ti Joaquim vai à falência. E toda a cadeia ruiu.
Assim vai o mundo...
A crise do subprime explicada aos pequeninos
O Ti Joaquim tem uma tasca, na Vila Carrapato, e decide que vai vender copos "fiados"aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados. Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouco o preço da dose do tintol e da branquinha (a diferença é o preço que os pinguços pagam pelo crédito).
O gerente do banco do Ti Joaquim, um ousado administrador formado num curso muito reconhecido, decide que o livrinho das dívidas da tasca constitui, afinal, um activo, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento, tendo o "fiado" dos fregueses como garantia.
Uns seis “zécutivos” de bancos, mais adiante, pegam no tal “activo”, e transformam-no em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrónimo financeiro que ninguém sabe exactamente o que quer dizer.
Esses adicionais instrumentos financeiros alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (os tais livrinhos das dívidas do Ti Joaquim).
Esses derivados são negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.
Até que alguém descobre que os bêbados da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e a tasca do Ti Joaquim vai à falência. E toda a cadeia ruiu.
Assim vai o mundo...
quinta-feira, outubro 09, 2008
quarta-feira, outubro 08, 2008
O mundo americano...
Hoje de madrugada mais um debate entre os candidatos à presidência norte-americano. Acompanhei a SIC Noticias antes e depois do debate porque o Pedro Mourinho, Martim Cabral e Luis Costa Ribas oferecem-nos boas explicações sobre as posições e posturas dos candidatos. Mas o debate segui-o na CNN porque acho terrível a tradução simultanea da SIC Noticias. Quanto ao debate ganhou Obama, e cada vez mais me parece que McCain não vai conseguir mudar a maré democrata...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
terça-feira, outubro 07, 2008
O mundo do cinema..
Ontem vi pela primeira vez o delirio shakespereano de Baz Luhrmann, que é como quem diz Romeu e Julieta. Uma loucura visual a que se junta uma bela banda sonora...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
segunda-feira, outubro 06, 2008
O mundo do cinema...
Paul Newman visto por José Manuel dos Santos...
Os grandes actores de cinema vivem um eterno retorno, sabendo que cada imagem sua regressará um dia: o presente é-lhes sempre futuro e o futuro, passado. Foi para tentar quebrar esse círculo fatal, esta condenação a ser o que se foi, que, uma vez, Paul Newman publicou um anúncio num jornal a pedir ao público para não ver o primeiro filme em que entrou The Silver Chalice, que passava na televisão vinte anos depois de Victor Saville o ter realizado. Ele próprio não o via: envergonhava-se de o ter feito e pedia desculpa por isso. Esse gesto mostra bem o inferno do actor que fica preso a uma imagem como a um fogo que o devora eternamente. Para o actor, cada papel transforma-se na pedra que carrega repetidamente até ao cimo da montanha.
Newman tinha uma cintilação física que cegava quem o via para o que não fosse ele. A luz azul do olhar num rosto esculpido por um Fídias genético e a perfeição do corpo poderiam tê-lo tornado prisioneiro da sua beleza: um boneco animado que passaria a vida a fazer papéis de gladiador romano. Ele pressentiu o perigo ("um corpo sem nome") e preveniu-o, exigindo de si que o trabalho do actor levasse sempre a melhor sobre o resto. Costumava dizer que não tinha uma arte intuitiva, e era verdade. Tudo nele era resultado de um esforço, de uma técnica, de uma composição, de uma construção. Mas tudo feito com uma sabedoria que escondia os andaimes e mostrava o edifício.
Além disso, para que o risco fosse mínimo e a prevenção total, escolheu personagens que lhe usassem a imagem física, mas que a pusessem em causa, a ameaçassem e, no limite, quase a destruíssem. Para atingir esse alvo com precisão, Tennessee Williams serviu-lhe bem. Aqueles homens belos e atormentados, tumultuosos e fracassados, viris e ambíguos que vivem contra eles próprios e contra o mundo foram-lhe um terreno onde ele ergueu o seu esplendor acossado. Começando por ser o que apanhava os restos de James Dean, tornou-se amigo de Marlon Brando, que lhe foi sombra e desafio.
Depois de, durante a infância, ter visto alegremente as fitas que então os miúdos viam, o meu primeiro filme de "adulto" tinha o nome de Paul Newman a abrir o genérico. Chama-se Do Alto do Terraço (From the Terrace) e vi-o no Tivoli. Estava classificado para maiores de 12 anos, mas eu teria apenas 10. Fiquei deslumbrado e, nessa noite, as imagens, as luzes, os sons não me deixaram dormir. Passada em Wall Street, a história parecia destes tempos de crise ("esta selva é pior do que a dos gangsters") e levou-me a outros mundos, outras vozes. Ele contracenava com a mulher, Joanne Woodward, num papel em que fazia de empresário aeronáutico. Tudo no filme era bonito: os actores, as roupas, os ambientes, os "décors", as paisagens. E tudo no filme era feio: os golpes, as traições, as trapaças, as vilanias, as fraudes. Quando no ecrã apareceu "The End", eu era outro. Nunca mais revi esse filme, que passou a fazer parte da minha mitologia privada. Várias vezes o procurei encontrar em DVD, sem conseguir. Sei hoje que o filme não é uma obra-prima, embora então me tivesse parecido. Por isso, com a memória que dele conservo, talvez seja melhor, afinal, não me reencontrar com ele. Mas também sei que, se puder, não resistirei a isso...
Mais tarde, fui vendo muitos outros filmes em que entrou, alguns inesquecíveis. Fascinou-me sempre o modo astuto como soube envelhecer ("ninguém continua jovem") e a escolha de papéis em cada idade. E por detrás do actor que se fez contra a facilidade da sua beleza e do realizador que resolveu arriscar havia o homem com convicções e com humor, o cidadão com consciência política, o cozinheiro, o piloto de automóveis.
A morte de Newman, neste momento vital para os Estados Unidos e para o mundo, deixa-nos mais entregues aos seus filmes, às suas imagens, às suas memórias. Tudo o que é dele diz-nos que depende de nós não estarmos num mundo em que todos digamos a todos as palavras que Maggie (Elizabeth Taylor) atira a Brick (Paul Newman) em Gata em Telhado de Zinco Quente: "Nós já não vivemos juntos. Dividimos apenas a mesma gaiola." (in Expresso)
Assim vai o mundo...
Os grandes actores de cinema vivem um eterno retorno, sabendo que cada imagem sua regressará um dia: o presente é-lhes sempre futuro e o futuro, passado. Foi para tentar quebrar esse círculo fatal, esta condenação a ser o que se foi, que, uma vez, Paul Newman publicou um anúncio num jornal a pedir ao público para não ver o primeiro filme em que entrou The Silver Chalice, que passava na televisão vinte anos depois de Victor Saville o ter realizado. Ele próprio não o via: envergonhava-se de o ter feito e pedia desculpa por isso. Esse gesto mostra bem o inferno do actor que fica preso a uma imagem como a um fogo que o devora eternamente. Para o actor, cada papel transforma-se na pedra que carrega repetidamente até ao cimo da montanha.
Newman tinha uma cintilação física que cegava quem o via para o que não fosse ele. A luz azul do olhar num rosto esculpido por um Fídias genético e a perfeição do corpo poderiam tê-lo tornado prisioneiro da sua beleza: um boneco animado que passaria a vida a fazer papéis de gladiador romano. Ele pressentiu o perigo ("um corpo sem nome") e preveniu-o, exigindo de si que o trabalho do actor levasse sempre a melhor sobre o resto. Costumava dizer que não tinha uma arte intuitiva, e era verdade. Tudo nele era resultado de um esforço, de uma técnica, de uma composição, de uma construção. Mas tudo feito com uma sabedoria que escondia os andaimes e mostrava o edifício.
Além disso, para que o risco fosse mínimo e a prevenção total, escolheu personagens que lhe usassem a imagem física, mas que a pusessem em causa, a ameaçassem e, no limite, quase a destruíssem. Para atingir esse alvo com precisão, Tennessee Williams serviu-lhe bem. Aqueles homens belos e atormentados, tumultuosos e fracassados, viris e ambíguos que vivem contra eles próprios e contra o mundo foram-lhe um terreno onde ele ergueu o seu esplendor acossado. Começando por ser o que apanhava os restos de James Dean, tornou-se amigo de Marlon Brando, que lhe foi sombra e desafio.
Depois de, durante a infância, ter visto alegremente as fitas que então os miúdos viam, o meu primeiro filme de "adulto" tinha o nome de Paul Newman a abrir o genérico. Chama-se Do Alto do Terraço (From the Terrace) e vi-o no Tivoli. Estava classificado para maiores de 12 anos, mas eu teria apenas 10. Fiquei deslumbrado e, nessa noite, as imagens, as luzes, os sons não me deixaram dormir. Passada em Wall Street, a história parecia destes tempos de crise ("esta selva é pior do que a dos gangsters") e levou-me a outros mundos, outras vozes. Ele contracenava com a mulher, Joanne Woodward, num papel em que fazia de empresário aeronáutico. Tudo no filme era bonito: os actores, as roupas, os ambientes, os "décors", as paisagens. E tudo no filme era feio: os golpes, as traições, as trapaças, as vilanias, as fraudes. Quando no ecrã apareceu "The End", eu era outro. Nunca mais revi esse filme, que passou a fazer parte da minha mitologia privada. Várias vezes o procurei encontrar em DVD, sem conseguir. Sei hoje que o filme não é uma obra-prima, embora então me tivesse parecido. Por isso, com a memória que dele conservo, talvez seja melhor, afinal, não me reencontrar com ele. Mas também sei que, se puder, não resistirei a isso...
Mais tarde, fui vendo muitos outros filmes em que entrou, alguns inesquecíveis. Fascinou-me sempre o modo astuto como soube envelhecer ("ninguém continua jovem") e a escolha de papéis em cada idade. E por detrás do actor que se fez contra a facilidade da sua beleza e do realizador que resolveu arriscar havia o homem com convicções e com humor, o cidadão com consciência política, o cozinheiro, o piloto de automóveis.
A morte de Newman, neste momento vital para os Estados Unidos e para o mundo, deixa-nos mais entregues aos seus filmes, às suas imagens, às suas memórias. Tudo o que é dele diz-nos que depende de nós não estarmos num mundo em que todos digamos a todos as palavras que Maggie (Elizabeth Taylor) atira a Brick (Paul Newman) em Gata em Telhado de Zinco Quente: "Nós já não vivemos juntos. Dividimos apenas a mesma gaiola." (in Expresso)
Assim vai o mundo...
O mundo da TV...
Estreou ontem o novo programa "Zé Carlos" dos Gato Fedorento. Achei pouco, achei que estão a começar a acomodar-se e perder a irreverência. Acho que "Os Contemporâneos" estão com mais humor e acutilância. Mas quem ganha somos nós nesta disputa de humor...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
domingo, outubro 05, 2008
O mundo dos jornais...
Maravilhosa a entrevista de Carlos do Carmo à revista Tabu de ontem. A serenidade e inteligência de um dos maiores fadistas portugueses...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
O mundo das letras...
Soube hoje que sexta morreu Dinis Machado! Nunca li mas já tinha prometido a mim mesmo ler o "O que diz Molero! Fará falta como fazem todos os vultos da Lingua Portuguesa...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
sexta-feira, outubro 03, 2008
O mundo dos livros...
Li ontem o primeiro capítulo do livro "O Pendulo de Foucault" de Umberto Eco e digo-vos que foi muito complicado. Mas aguentei... Vamos lá ver que tal é o resto...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
quinta-feira, outubro 02, 2008
O mundo da TV...
Que saudade de ter o Today Show na Sic Radical... Jon Stewart até às eleições americanas... Óptimo...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
quarta-feira, outubro 01, 2008
O mundo da bola...
Já não me lembrava de me irritar com um jogo, mas ontem foi demais... Estou como o meu caríssimo homónimo...
Sim, eu posso ter maus fígados mas, aos 73 minutos, quando aquele mexicano do Arsenal entrou pela área do FC Porto aos toques, eu desatei a rir – só parei quando vi, pela televisão, que Arsène Wenger tinha feito o mesmo e pelas mesmas razões. Estava irritado pela chamada de Lucho, fragilizado e sem ritmo, incluído numa equipa trôpega, sem alma, sem laterais (ia escrever «sem defesa e sem ideias para o ataque» mas pareceu-me muita coisa junta) – só por maldade ou por distracção se poderia exigir o talento de Lucho para organizar uma banda desafinada e sem capacidade de fazer marcações, sem falar do buço do Tomás Costa (um magricela que até não esteve mal na ala direita mas, para todos os efeitos, um jogador que cumpre mandar recolher a um sanatório para engorda e musculação), do desequilíbrio daquele rapaz que veio do Benfica (substituído inutilmente pelo Candeias, que não tem culpa) ou da inutilidade de Benítez (sempre batido por Walcott, que também bateu Bruno Alves limpinho). Quanto a Helton, eu proibía-o de jogar de calças; basta lembrar Krajl, outro guarda-redes de calças compridas – completamente disfuncional – que passou pelo FC Porto como capataz de aviário. E quanto aos semi-golos de Lisandro e de Rodríguez, é justo dizer que não passaram de bolas que não entraram. Quanto a Jesualdo Ferreira, o projectista, não percebo. As coisas são como são. (Francisco José Viegas)
Assim vai o mundo...
Sim, eu posso ter maus fígados mas, aos 73 minutos, quando aquele mexicano do Arsenal entrou pela área do FC Porto aos toques, eu desatei a rir – só parei quando vi, pela televisão, que Arsène Wenger tinha feito o mesmo e pelas mesmas razões. Estava irritado pela chamada de Lucho, fragilizado e sem ritmo, incluído numa equipa trôpega, sem alma, sem laterais (ia escrever «sem defesa e sem ideias para o ataque» mas pareceu-me muita coisa junta) – só por maldade ou por distracção se poderia exigir o talento de Lucho para organizar uma banda desafinada e sem capacidade de fazer marcações, sem falar do buço do Tomás Costa (um magricela que até não esteve mal na ala direita mas, para todos os efeitos, um jogador que cumpre mandar recolher a um sanatório para engorda e musculação), do desequilíbrio daquele rapaz que veio do Benfica (substituído inutilmente pelo Candeias, que não tem culpa) ou da inutilidade de Benítez (sempre batido por Walcott, que também bateu Bruno Alves limpinho). Quanto a Helton, eu proibía-o de jogar de calças; basta lembrar Krajl, outro guarda-redes de calças compridas – completamente disfuncional – que passou pelo FC Porto como capataz de aviário. E quanto aos semi-golos de Lisandro e de Rodríguez, é justo dizer que não passaram de bolas que não entraram. Quanto a Jesualdo Ferreira, o projectista, não percebo. As coisas são como são. (Francisco José Viegas)
Assim vai o mundo...
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