domingo, maio 15, 2005

Vincent

Esta semana irá estrear no Teatro Villaret uma peça que tenho a certeza ser fantástica. Há 15 anos atrás, comemorava-se o centenário da morte de Vincent Van Gogh e o encenador António Feio propôs ao actor Virgílio Castelo interpretar uma peça de Alexander Nimoy (sim, o Mr Spock do Star Trek) de nome "Vincent". Passado este tempo, os dois decidiram levar a cena o mesmo espectáculo. Apesar das coordenadas serem as mesmas, estou certo que alguns aspectos da interpretação serão afectados pela passagem do tempo, mas ainda assim é uma óptima maneira de passar 1 hora e 10 minutos.
A peça tem como tema Vincent Van Gogh, apresentado pelo seu irmão Theo numa conferência algum tempo após a sua morte. Os dois irmãos trocaram cerca de 600 cartas e é através delas que vamos descobrindo o carácter calmo e introvertido de Theo e o genial mas tempestuoso feitio de Vincent. Tudo isto através de Virgílio Castelo que nos embala não num monólogo, mas num diálogo com o público...

Aproveito a promoção que faço desta peça para dissertar sobre um pequeno aspecto do nosso país. Eu não vou poder ver esta peça pela simples razão dela só estar em cena em Lisboa e durante poucos dias... Ora bem, em muitas coisas defendo Portugal, mas é verdade que em termos culturais ainda vivemos sobre a máxima de "Lisboa é capital e o resto é paisagem!"... É verdade que se tem melhorado e ainda este fim de semana teve na minha cidade a bela peça "Visitando Mr Green" com o maravilhoso Paulo Autran e o emergente Dan Stulbach! Mas ainda assim, continua a ser muito diferente a quantidade de oferta cultural. E é pena porque existem em Portugal muitos teatros com condições, muitas pessoas sedentas de cultura e já não vivemos em ditadura censurial. Mas como escreveu Vincent Van Gogh a seu irmão: "os moinhos já não existem mas o vento continua o mesmo..."

Assim vai o mundo...

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