No meu último post a bela Afrika perguntava, a propósito da palavra umidade, se eu já estava a praticar o acordo ortográfico. Respondi que não, que as palavras são de Sebastião Salgado, e é normal que ele escreva assim por ser de facto brasileiro. Ora, o novo acordo será assinado até ao fim do ano, ou o mais tardar início de 2008. Porém, creio que Portugal vai evocar a cláusula de a efectiva utilização do novo português em documentos demorar 10 anos a entrar em vigor. Desde que eu nasci, algumas alterações foram sendo feitas à lingua portuguesa. São pequenas coisas que nos fomos habituando. Não estou a dizer que será uma tarefa impossivel, mas o acordo traz uma alteração de cerca de 1,5% na lingua em Portugal e cerca de 0,5% no Brasil. São perto de 200 milhões de habitantes do outro lado do Atlântico contra 10 milhões deste. Até posso entender que certos localismos existam há muito no Brasil, e até considero que isso enriquece a língua portuguesa. Mas alguém pediu aos ingleses do Reino Unido para mudar o seu inglês só porque nos EUA existem muitos mais habitantes a usar outras palavras? Não. Houve uma simbiose que permite que se possa falar em british english e american english. Não vem mal ao mundo isso existir. Por exemplo, em Portugal as palavras aloquete e cadeado são mais usadas consoantes estamos no Norte ou no Sul. Porém, existem as duas e depois de um pequeno sorriso, entendemos o que elas significam. Chamam-se a isto os localismos ou regionalismos, que são uma parte da nossa língua. Com certeza que se tiver de ser, me habituarei a escrever certas palavras das duas formas, mas não consigo entender porque é tão importante tirar o H da palavra humidade. Não traz nada de novo... Escreverei desta forma e espero ser entendido pelos meus amigos brasileiros, como eles devem escrever como sempre escreveram e podem ter a certeza que serão entendidos por mim! É que eu sou a favor da diversidade, ou como diria Ana Carolina, da Unimultiplicidade...
E como começo de caminho
quero a unimultiplicidade
onde cada homem é sozinho
a casa da humanidade...
Assim vai o mundo...
quinta-feira, novembro 29, 2007
terça-feira, novembro 27, 2007
O mundo de Sebastião...
Há fotografias que convidam a textos maravilhosos... Tenho pena de estar numa fase de inspiração... Porém, tenho sorte... As fotos de Sebastião Salgado são tão fortes, que nem precisam de muitas palavras...
Nas regiões mais altas do Equador, peles de carneiro são usadas como proteção contra o frio e a umidade. Atillo, Equador, 1982.
Assim vai o mundo...
segunda-feira, novembro 26, 2007
O mundo...
Estou esvaído de ideias... Voltarei... Deixo música...Bela versão do David Fonseca da música Rocket Man...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
sexta-feira, novembro 23, 2007
O mundo incorrigível...
O melhor convidado até agora dos Incorrigíveis... Este miúdo tem piada e as imitações são fantásticas...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
quinta-feira, novembro 22, 2007
quarta-feira, novembro 21, 2007
O mundo do não desporto...
O pólo aquático na Madeira joga-se fora da piscina e sem bola. É no mínimo uma vergonha o que acontece nestas imagens...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
terça-feira, novembro 20, 2007
O mundo do humor...
Hoje como não dormi por causa de uma gastroenterite, entendo muito bem o que o Bruno quer dizer....
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
segunda-feira, novembro 19, 2007
O mundo da música...
Estou com uma das minhas músicas favoritas na cabeça e a culpa é deste senhor...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
sexta-feira, novembro 16, 2007
O mundo das prendas...
Para as meninas, ou para os meninos que queiram oferecer às meninas, aqui vão três sites com belas propostas...
http://www.xanalana.pt.vc/
http://umbrincoabrincar.blogspot.com
http://www.yoursweetsymphony.blogspot.com/
Assim vai o mundo...
http://www.xanalana.pt.vc/
http://umbrincoabrincar.blogspot.com
http://www.yoursweetsymphony.blogspot.com/
Assim vai o mundo...
O mundo...
Enviaram-me isto por mail:
No Curso de Medicina, o professor dirige-se ao aluno e pergunta:
Quantos rins nós temos?
Quatro! Responde o aluno.
Quatro? - Replica o professor, arrogante, daqueles que têm prazer em gozar
sobre os erros dos alunos.
Traga um molho de feno, pois temos um asno na sala - ordena o professor ao
seu auxiliar.
E para mim um cafezinho! - Replicou o aluno ao auxiliar do mestre.
O professor ficou irado e expulsou o aluno da sala. O aluno era,o
humorista Aparício Torelly Aporelly (1895-1971), mais conhecido como o
'Barão de Itararé'.
Ao sair da sala, o aluno ainda teve a audácia de corrigir o furioso
mestre:
O senhor perguntou-em quantos rins "nós temos".
"Nós" temos quatro: dois meus e dois seus. Tenha um bom apetite e
delicie-se com o feno.
A vida exige muito mais compreensão do que conhecimento!
Ás vezes as pessoas, por terem mais um pouco de conhecimento ou acreditarem
que o tem,acham-se no direito de subestimar os outros...
E haja feno!!
Assim vai o mundo...
No Curso de Medicina, o professor dirige-se ao aluno e pergunta:
Quantos rins nós temos?
Quatro! Responde o aluno.
Quatro? - Replica o professor, arrogante, daqueles que têm prazer em gozar
sobre os erros dos alunos.
Traga um molho de feno, pois temos um asno na sala - ordena o professor ao
seu auxiliar.
E para mim um cafezinho! - Replicou o aluno ao auxiliar do mestre.
O professor ficou irado e expulsou o aluno da sala. O aluno era,o
humorista Aparício Torelly Aporelly (1895-1971), mais conhecido como o
'Barão de Itararé'.
Ao sair da sala, o aluno ainda teve a audácia de corrigir o furioso
mestre:
O senhor perguntou-em quantos rins "nós temos".
"Nós" temos quatro: dois meus e dois seus. Tenha um bom apetite e
delicie-se com o feno.
A vida exige muito mais compreensão do que conhecimento!
Ás vezes as pessoas, por terem mais um pouco de conhecimento ou acreditarem
que o tem,acham-se no direito de subestimar os outros...
E haja feno!!
Assim vai o mundo...
quinta-feira, novembro 15, 2007
O mundo do humor...
O Herman juntou-se a falar sobre a terapeuta...
PS- Sinceramente há nomes na lista final que nunca pensei que fossem homossexuais! E que pelo facto de saber em nada vai alterar o que achava deles...
Assim vai o mundo...
PS- Sinceramente há nomes na lista final que nunca pensei que fossem homossexuais! E que pelo facto de saber em nada vai alterar o que achava deles...
Assim vai o mundo...
quarta-feira, novembro 14, 2007
O mundo do cinema...
Há dias vi o filme "O Último Rei da Escócia" e teci vários elogios. Inclusivamente disse que Forrest Whitaker ganhou muito bem o Óscar de Melhor Actor. Pois bem, hoje vi o magnífico Diamante de Sangue - Blood Diamond. Um filme sobre o tráfico de diamantes na Serra Leoa, mas que também aborda o problemas das guerras fraticidas e envonvência das crianças-soldado. É um filme enorme mas cujos minutos vão passando com uma facilidade de quem está a ver um estória muito bem contada. Devo dizer que Leonardo DiCaprio faz um papel fantástico e também merecia o Óscar, Djimon Hounsou é enorme e merecia o Óscar de Melhor Actor Secundário e Jennifer Connely está belíssima como sempre...
Assim vai o Mundo...
Assim vai o Mundo...
O Mundo Salgado...
terça-feira, novembro 13, 2007
O mundo do humor...
Costumo usar os vídeos dos Incorrigíveis para divertir as pessoas que passam aqui. Mas desta vez, o Bruno pegou numa opinião que me deixou boquiaberto e desmontou-a através do humor. É de facto grave que uma terapeuta familiar de 46 anos possa dizer que: "A homosexualidade é um complexo, um transtorno da identidade sexual. É uma doença e tem recuperação.". Alguém que deve ter qualificações nesta área nunca pode dizer uma barbaridade destas. Chamar aos homosexuais doentes já o fazia Hitler e outras personalidades com problemas mentais! Enquanto não entendermos que ser homosexualidade é uma tendência perfeitamente normal, excepto o facto de ser minoritária, iremos cair em actos de intolerância e, pior, de marginalização. Mas o Bruno consegue desmontar esta ignomínia melhor que eu...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
segunda-feira, novembro 12, 2007
O mundo hispanico...
Quem me conhece sabe que tenho simpatia por muitos governos sul-americanos de esquerda. Mas o comportamento de Hugo Chavez teve uma resposta à altura por parte de José Luis Zapatero. Já o Rei de Espanha, acho que já tinha ouvido demais e teve um desabafo...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
sexta-feira, novembro 09, 2007
O mundo da História...
Falemos de algumas curiosidades históricas...
Quando se visita o Palácio de Versailles, em Paris, observa-se que o
sumptuoso palácio não tem casas de banho.
Na Idade Média, não existiam dentífricos ou escovas de dentes,
perfumes, desodorizantes, muito menos papel higiénico.
As excrescências humanas eram despejadas pelas janelas do palácio.
Em dia de festa, a cozinha do palácio conseguia preparar banquete para
1.500 pessoas, sem a mínima higiene.
Vemos, nos filmes de hoje, as pessoas sendo abanadas. A explicação não
está no calor, mas no mau cheiro que exalavam por debaixo das saias
(que propositadamente eram feitas para conter o odor das partes
íntimas, já que não havia higiene).
Não havia o costume de se tomar banho devido ao frio e a quase
inexistência de água canalizada.
O mau cheiro era dissipado pelo abanador. Só os nobres tinham
empregados para os abanar, para dissipar o mau cheiro que o corpo e
boca exalavam, além de, também, espantar os insectos.
Quem já esteve em Versailles admirou muito os jardins enormes e belos
que, na época, não eram só contemplados, mas "usados" como vaso
sanitário nas famosas baladas promovidas pela monarquia, porque não
existia WC.
Na Idade Média, a maioria dos casamentos ocorria no mês de Junho (para
eles, o início do verão). A razão é simples: o primeiro banho do ano
era tomado em Maio; assim, em Junho, o cheiro das pessoas ainda era
tolerável. Entretanto, como alguns odores já começavam a incomodar, as noivas
carregavam ramos de flores, junto ao corpo, para disfarçar o mau
cheiro. Daí termos Maio como o "mês das noivas" e a origem do "ramo de noiva" explicada.
Os banhos eram tomados numa única banheira enorme, cheia de água
quente. O chefe da família tinha o privilégio do primeiro banho na
água limpa. Depois, sem trocar a água, vinham os outros homens da casa, por ordem
de idade, as mulheres, também por idade e, por fim, as crianças. Os
bebés eram os últimos a tomar banho. Quando chegava a vez deles, a
água da banheira já estava tão suja que era possível "perder" um bebé
lá dentro.É por isso que existe a expressão em inglês " don't throw the baby out
with the bath water ", ou seja, literalmente, "não despeje o bebé
juntamente com a água do banho", que hoje usamos para os mais
apressadinhos.
O telhado das casas não tinha forro e as vigas de madeira que os
sustentavam era o melhor lugar para os animais - cães, gatos, ratos e
besouros se aquecerem. Quando chovia, as goteiras forçavam os animais a saltarem para o chão. Assim, a expressão "está a chover a potes " tem seu equivalente em inglês em "it's raining cats and dogs" (chovem gatos e cães).
Aqueles que tinham dinheiro possuíam pratos de estanho. Certos tipos de alimento oxidavam o material, fazendo com que muita gente morresse envenenada ( lembremo-nos de que os hábitos higiénicos da época eram péssimos). Os tomates, sendo ácidos, foram considerados, durante muito tempo, venenosos.
Os copos de estanho eram usados para beber cerveja ou whisky. Essa
combinação, às vezes, deixava o indivíduo "no chão" ( numa espécie de
narcolepsia, induzida pela mistura da bebida alcoólica com óxido de
estanho). Alguém que passasse pela rua poderia pensar que ele estivesse morto e,
assim, recolhia o corpo e preparava o enterro.O corpo era, então, colocado sobre a mesa da cozinha por alguns dias e a família ficava em volta, em vigília, comendo, bebendo e esperando para ver se o morto acordava ou não. Daí surgiu o velório, que é a vigília junto ao caixão.
Em Inglaterra, alguns anos após um cadáver ser enterrado, os caixões
eram abertos, os ossos retirados e postos em ossários e o túmulo
utilizado para outro cadáver. Às vezes, ao abrirem os caixões, percebia-se que havia arranhões nas tampas, do lado de dentro, o que indicava que aquele morto, na
verdade, tinha sido enterrado vivo. Surgiu, assim, a ideia de, ao se fechar o caixão, amarrar uma tira no pulso do defunto, passá-la por um buraco feito no caixão e amarrá-la a um sino. Após o enterro, alguém ficava de plantão ao lado do túmulo, durante uns dias. Se o indivíduo acordasse, o movimento de seu braço faria o
sino tocar. E ele seria "saved by the bell", ou "salvo pelo sino", expressão usada
por nós até os dias de hoje.
Assim ia o mundo...
Quando se visita o Palácio de Versailles, em Paris, observa-se que o
sumptuoso palácio não tem casas de banho.
Na Idade Média, não existiam dentífricos ou escovas de dentes,
perfumes, desodorizantes, muito menos papel higiénico.
As excrescências humanas eram despejadas pelas janelas do palácio.
Em dia de festa, a cozinha do palácio conseguia preparar banquete para
1.500 pessoas, sem a mínima higiene.
Vemos, nos filmes de hoje, as pessoas sendo abanadas. A explicação não
está no calor, mas no mau cheiro que exalavam por debaixo das saias
(que propositadamente eram feitas para conter o odor das partes
íntimas, já que não havia higiene).
Não havia o costume de se tomar banho devido ao frio e a quase
inexistência de água canalizada.
O mau cheiro era dissipado pelo abanador. Só os nobres tinham
empregados para os abanar, para dissipar o mau cheiro que o corpo e
boca exalavam, além de, também, espantar os insectos.
Quem já esteve em Versailles admirou muito os jardins enormes e belos
que, na época, não eram só contemplados, mas "usados" como vaso
sanitário nas famosas baladas promovidas pela monarquia, porque não
existia WC.
Na Idade Média, a maioria dos casamentos ocorria no mês de Junho (para
eles, o início do verão). A razão é simples: o primeiro banho do ano
era tomado em Maio; assim, em Junho, o cheiro das pessoas ainda era
tolerável. Entretanto, como alguns odores já começavam a incomodar, as noivas
carregavam ramos de flores, junto ao corpo, para disfarçar o mau
cheiro. Daí termos Maio como o "mês das noivas" e a origem do "ramo de noiva" explicada.
Os banhos eram tomados numa única banheira enorme, cheia de água
quente. O chefe da família tinha o privilégio do primeiro banho na
água limpa. Depois, sem trocar a água, vinham os outros homens da casa, por ordem
de idade, as mulheres, também por idade e, por fim, as crianças. Os
bebés eram os últimos a tomar banho. Quando chegava a vez deles, a
água da banheira já estava tão suja que era possível "perder" um bebé
lá dentro.É por isso que existe a expressão em inglês " don't throw the baby out
with the bath water ", ou seja, literalmente, "não despeje o bebé
juntamente com a água do banho", que hoje usamos para os mais
apressadinhos.
O telhado das casas não tinha forro e as vigas de madeira que os
sustentavam era o melhor lugar para os animais - cães, gatos, ratos e
besouros se aquecerem. Quando chovia, as goteiras forçavam os animais a saltarem para o chão. Assim, a expressão "está a chover a potes " tem seu equivalente em inglês em "it's raining cats and dogs" (chovem gatos e cães).
Aqueles que tinham dinheiro possuíam pratos de estanho. Certos tipos de alimento oxidavam o material, fazendo com que muita gente morresse envenenada ( lembremo-nos de que os hábitos higiénicos da época eram péssimos). Os tomates, sendo ácidos, foram considerados, durante muito tempo, venenosos.
Os copos de estanho eram usados para beber cerveja ou whisky. Essa
combinação, às vezes, deixava o indivíduo "no chão" ( numa espécie de
narcolepsia, induzida pela mistura da bebida alcoólica com óxido de
estanho). Alguém que passasse pela rua poderia pensar que ele estivesse morto e,
assim, recolhia o corpo e preparava o enterro.O corpo era, então, colocado sobre a mesa da cozinha por alguns dias e a família ficava em volta, em vigília, comendo, bebendo e esperando para ver se o morto acordava ou não. Daí surgiu o velório, que é a vigília junto ao caixão.
Em Inglaterra, alguns anos após um cadáver ser enterrado, os caixões
eram abertos, os ossos retirados e postos em ossários e o túmulo
utilizado para outro cadáver. Às vezes, ao abrirem os caixões, percebia-se que havia arranhões nas tampas, do lado de dentro, o que indicava que aquele morto, na
verdade, tinha sido enterrado vivo. Surgiu, assim, a ideia de, ao se fechar o caixão, amarrar uma tira no pulso do defunto, passá-la por um buraco feito no caixão e amarrá-la a um sino. Após o enterro, alguém ficava de plantão ao lado do túmulo, durante uns dias. Se o indivíduo acordasse, o movimento de seu braço faria o
sino tocar. E ele seria "saved by the bell", ou "salvo pelo sino", expressão usada
por nós até os dias de hoje.
Assim ia o mundo...
quinta-feira, novembro 08, 2007
O mundo incorrigível...
Adoro ver:
O RAP a discorrer sobre telemóveis:
O Bruno na sua saga sobre Sintra:
O Zé Diogo a passear por Lisboa vestido de ciclista:
Assim se ri o Mundo...
O RAP a discorrer sobre telemóveis:
O Bruno na sua saga sobre Sintra:
O Zé Diogo a passear por Lisboa vestido de ciclista:
Assim se ri o Mundo...
quarta-feira, novembro 07, 2007
O mundo de Sebastião...
Começa hoje uma viagem em que o guia não sou eu, mas Sebastião Salgado...
Antes de enterrá-lo, o corpo é retirado do caixão. O caixão será usado novamente. Juazeiro do Norte, Brasil, 1981.
"Em vista da profunda pobreza, as igrejas da região de Oaxaca conceberam um serviço criativo: o aluguel de caixões para o velório e o cortejo dos mortos. Ao ser enterrado, o corpo é retirado do caixão, que assim será reutilizado infinitamente."
Sebastião Salgado
Assim vai o mundo...
Antes de enterrá-lo, o corpo é retirado do caixão. O caixão será usado novamente. Juazeiro do Norte, Brasil, 1981.
"Em vista da profunda pobreza, as igrejas da região de Oaxaca conceberam um serviço criativo: o aluguel de caixões para o velório e o cortejo dos mortos. Ao ser enterrado, o corpo é retirado do caixão, que assim será reutilizado infinitamente."
Sebastião Salgado
Assim vai o mundo...
terça-feira, novembro 06, 2007
O mundo da Fotografia...
Há dias no Expresso vinha este texto de Francisco Sousa Tavares:
Desde muito novo que sou um apaixonado pela fotografia de reportagem e por isso não admira que, muito cedo também, tenha tomado contacto com a obra do brasileiro Sebastião Salgado, assim que, a partir de Paris, ele começou o seu trabalho de "freelancer" na agência Sygma. Continuei a segui-lo na Gamma e, mais tarde, quando ele se mudou para a Magnum, passando a integrar o catálogo de referência dessa extraordinária cooperativa de "photo-reporters", cuja história se confunde com a da segunda metade do século XX. Enquanto director da extinta e (para mim) saudosa revista 'Grande Reportagem', tinha conseguido estabelecer um acordo de exclusividade com a Magnum para Portugal, na vigência do qual julgo que me terão passado pelas mãos todas as fotografias que Sebastião Salgado fez nesses anos e que estavam disponíveis para publicação.
Por dever de ofício, eu seguia então, de forma permanente, as deambulações de vários "freelancers" internacionais, alguns dos quais colaboradores permanentes da 'GR'. Sabia quando iam partir para algum lado, que trabalho iriam fazer, quando se esperava que regressassem e quando é que o resultado das suas viagens estaria disponível para negociação. A alguns comprava o trabalho 'no escuro', bastando que eles me telefonassem a dizer "vou para Angola" ou "vou para a Etiópia". Assim, fui seguindo também os passos de Sebastião Salgado e atento ao seu trabalho, que, todavia, nunca me impressionou sobremaneira. Não sei explicar bem, mas havia naquele "désarroi" permanente do seu trabalho alguma coisa que me parecia demasiado óbvia ou demasiado redutora. A miséria é sempre mais fotogénica e mais 'reportável' do que o seu oposto, assim como o preto e branco serve melhor essa causa do que a fotografia de cor. Parecia-me, talvez injustamente, que o caminho que Salgado tinha escolhido era o mais fácil e, em certo sentido, demagógico, para quem buscasse uma visão compreensiva do mundo, e não apenas uma visão fragmentada e politicamente predeterminada. Quando começou a publicar os seus trabalhos sobre a terra e os sem-terra, Salgado era já um ícone da 'esquerda fotográfica' - uma noção absurda, em si mesma. Não que um fotógrafo, como qualquer jornalista ou qualquer testemunha, não possa ter causas, mas essa visão não pode ser restrita, sob pena de ser infiel: não é possível tapar o olho direito e mostrar apenas o que vê o olho esquerdo. Quando, nos anos 90, ele publicou o seu trabalho sobre o exército de formigas humanas da Serra Pelada, por exemplo, não havia nada de falso naquelas imagens bíblicas, a preto e branco, dos mineiros cobertos de lama a esgravatarem as encostas da serra em busca da pepita de ouro que pudesse resgatá-los para sempre da miséria. E, todavia, eu tinha lá estado também, tinha visto, fotografado e filmado as mesmas imagens, mas também vira outras coisas para além delas e que não se viam nas imagens de Sebastião Salgado: havia cor no ambiente, apesar do aparente tom cinzento e uniforme da lama que tudo envolvia; havia sorrisos e expressões de alegria, apesar da dureza daquela vida; e não havia apenas a miséria humana e o desespero, havia também caras de dignidade e de esperança.
Sebastião Salgado acaba de lançar agora em Portugal o seu livro 'África', resumindo o trabalho de trinta anos de fotografia no continente negro, com textos de apoio do moçambicano Mia Couto. O livro (perdoe-se-me a declaração, que seria ridícula se não fosse estritamente pessoal), sepultou todas as minhas dúvidas acumuladas nestes anos e resgatou a meus olhos um trabalho que, até aqui, tinha tido a presunção de achar incoerente. A África que Sebastião Salgado nos mostra é a mais bela e a mais terrível homenagem a esse continente belo e terrível.
O início do livro, com o deserto da Namíbia, Skelleton Coast e a aproximação à região dos Grandes Lagos, funciona como se fosse uma espécie de prefácio primordial: "vejam que bonito que isto é!". Tem algumas fotografias lindíssimas mas já outros tinham feito antes e melhor, como Peter Beard, e não seria por aí que Salgado conseguiria a diferença. As primeiras imagens 'humanas' são também de esperança e de descoberta: Moçambique depois da independência, refugiados de guerra que voltam à sua Pátria, mulheres que fazem penteados para o regresso ou uma deslumbrante fotografia de uma família que observa a cabana onde viveu no exílio e a que pegou fogo simbolicamente, a arder, enquanto os seus membros se preparam para iniciar a caminhada de regresso à terra que haviam deixado para trás.
E fim de tréguas. O resto do livro é um roteiro de uma violência por vezes insustentável sobre estes trinta últimos anos que marcaram a ferro e fogo a história de África. É uma viagem terrível às profundezas do Mal, ao mais fundo da bestialidade humana, à mais devastadora doença dos tempos modernos, que é, como diz o Fernando Nobre, a indiferença. Esta África que as fotografias de Salgado nos mostram é de uma crueldade e de uma beleza insuportáveis - tão mais insuportável quanto é bela. No meio das imagens da miséria-limite das povoações exterminadas pelas guerras, pelos massacres, pelas doenças e pela fome, lá estão também outras lindíssimas de embondeiros curvados à passagem do vento e das catástrofes, como estátuas nuas da tragédia, a poeira levantada pelos rebanhos esqueléticos à luz do pôr-do-sol, e mulheres lindas e sensuais segurando crianças de olhares deslumbrantes e tão tristes que custa a crer que a condição humana suporte e crie tanta tristeza. Entre todas, há uma imagem que eu, se fosse crente ou dirigente, mandaria expor em todas as igrejas e templos do mundo, em todos os fóruns onde se discutem os destinos da humanidade e em todas as sedes das multinacionais que acumulam fortunas a negociar com os governos corruptos de África: é a imagem de um pai, absolutamente esquelético mas com uma expressão de dignidade e de dever que eu nunca vi em ninguém, carregando ao colo a pele e os ossos de um filho, chegando a um campo de refugiados no Sudão, depois de ter atravessado todo o deserto desde a Etiópia, em busca de auxílio.
Disse-me um compatriota brasileiro de Sebastião Salgado que "a vida já é tão triste, que não é preciso ainda ter de levar com as fotografias do Salgado!". Sorte a dele - pode passar adiante sem ter olhado para este livro! É sempre possível dizer que não se viu, não se soube de nada. Eu, infelizmente, vi.
Pois bem, também eu gosto muito de Fotografia. Assim mesmo, com letra maiúscula e no singular. Como deve ser uma arte. Sebastião Salgado é o meu fotógrafo de eleição. Talvez pelo preto e branco, talvez pela marginalidade dos temas. Sei que irei comprar o livro anunciado no texto. E a partir de hoje, postarei mais fotos dele nos meus blogs...
Assim vai o mundo...
Desde muito novo que sou um apaixonado pela fotografia de reportagem e por isso não admira que, muito cedo também, tenha tomado contacto com a obra do brasileiro Sebastião Salgado, assim que, a partir de Paris, ele começou o seu trabalho de "freelancer" na agência Sygma. Continuei a segui-lo na Gamma e, mais tarde, quando ele se mudou para a Magnum, passando a integrar o catálogo de referência dessa extraordinária cooperativa de "photo-reporters", cuja história se confunde com a da segunda metade do século XX. Enquanto director da extinta e (para mim) saudosa revista 'Grande Reportagem', tinha conseguido estabelecer um acordo de exclusividade com a Magnum para Portugal, na vigência do qual julgo que me terão passado pelas mãos todas as fotografias que Sebastião Salgado fez nesses anos e que estavam disponíveis para publicação.
Por dever de ofício, eu seguia então, de forma permanente, as deambulações de vários "freelancers" internacionais, alguns dos quais colaboradores permanentes da 'GR'. Sabia quando iam partir para algum lado, que trabalho iriam fazer, quando se esperava que regressassem e quando é que o resultado das suas viagens estaria disponível para negociação. A alguns comprava o trabalho 'no escuro', bastando que eles me telefonassem a dizer "vou para Angola" ou "vou para a Etiópia". Assim, fui seguindo também os passos de Sebastião Salgado e atento ao seu trabalho, que, todavia, nunca me impressionou sobremaneira. Não sei explicar bem, mas havia naquele "désarroi" permanente do seu trabalho alguma coisa que me parecia demasiado óbvia ou demasiado redutora. A miséria é sempre mais fotogénica e mais 'reportável' do que o seu oposto, assim como o preto e branco serve melhor essa causa do que a fotografia de cor. Parecia-me, talvez injustamente, que o caminho que Salgado tinha escolhido era o mais fácil e, em certo sentido, demagógico, para quem buscasse uma visão compreensiva do mundo, e não apenas uma visão fragmentada e politicamente predeterminada. Quando começou a publicar os seus trabalhos sobre a terra e os sem-terra, Salgado era já um ícone da 'esquerda fotográfica' - uma noção absurda, em si mesma. Não que um fotógrafo, como qualquer jornalista ou qualquer testemunha, não possa ter causas, mas essa visão não pode ser restrita, sob pena de ser infiel: não é possível tapar o olho direito e mostrar apenas o que vê o olho esquerdo. Quando, nos anos 90, ele publicou o seu trabalho sobre o exército de formigas humanas da Serra Pelada, por exemplo, não havia nada de falso naquelas imagens bíblicas, a preto e branco, dos mineiros cobertos de lama a esgravatarem as encostas da serra em busca da pepita de ouro que pudesse resgatá-los para sempre da miséria. E, todavia, eu tinha lá estado também, tinha visto, fotografado e filmado as mesmas imagens, mas também vira outras coisas para além delas e que não se viam nas imagens de Sebastião Salgado: havia cor no ambiente, apesar do aparente tom cinzento e uniforme da lama que tudo envolvia; havia sorrisos e expressões de alegria, apesar da dureza daquela vida; e não havia apenas a miséria humana e o desespero, havia também caras de dignidade e de esperança.
Sebastião Salgado acaba de lançar agora em Portugal o seu livro 'África', resumindo o trabalho de trinta anos de fotografia no continente negro, com textos de apoio do moçambicano Mia Couto. O livro (perdoe-se-me a declaração, que seria ridícula se não fosse estritamente pessoal), sepultou todas as minhas dúvidas acumuladas nestes anos e resgatou a meus olhos um trabalho que, até aqui, tinha tido a presunção de achar incoerente. A África que Sebastião Salgado nos mostra é a mais bela e a mais terrível homenagem a esse continente belo e terrível.
O início do livro, com o deserto da Namíbia, Skelleton Coast e a aproximação à região dos Grandes Lagos, funciona como se fosse uma espécie de prefácio primordial: "vejam que bonito que isto é!". Tem algumas fotografias lindíssimas mas já outros tinham feito antes e melhor, como Peter Beard, e não seria por aí que Salgado conseguiria a diferença. As primeiras imagens 'humanas' são também de esperança e de descoberta: Moçambique depois da independência, refugiados de guerra que voltam à sua Pátria, mulheres que fazem penteados para o regresso ou uma deslumbrante fotografia de uma família que observa a cabana onde viveu no exílio e a que pegou fogo simbolicamente, a arder, enquanto os seus membros se preparam para iniciar a caminhada de regresso à terra que haviam deixado para trás.
E fim de tréguas. O resto do livro é um roteiro de uma violência por vezes insustentável sobre estes trinta últimos anos que marcaram a ferro e fogo a história de África. É uma viagem terrível às profundezas do Mal, ao mais fundo da bestialidade humana, à mais devastadora doença dos tempos modernos, que é, como diz o Fernando Nobre, a indiferença. Esta África que as fotografias de Salgado nos mostram é de uma crueldade e de uma beleza insuportáveis - tão mais insuportável quanto é bela. No meio das imagens da miséria-limite das povoações exterminadas pelas guerras, pelos massacres, pelas doenças e pela fome, lá estão também outras lindíssimas de embondeiros curvados à passagem do vento e das catástrofes, como estátuas nuas da tragédia, a poeira levantada pelos rebanhos esqueléticos à luz do pôr-do-sol, e mulheres lindas e sensuais segurando crianças de olhares deslumbrantes e tão tristes que custa a crer que a condição humana suporte e crie tanta tristeza. Entre todas, há uma imagem que eu, se fosse crente ou dirigente, mandaria expor em todas as igrejas e templos do mundo, em todos os fóruns onde se discutem os destinos da humanidade e em todas as sedes das multinacionais que acumulam fortunas a negociar com os governos corruptos de África: é a imagem de um pai, absolutamente esquelético mas com uma expressão de dignidade e de dever que eu nunca vi em ninguém, carregando ao colo a pele e os ossos de um filho, chegando a um campo de refugiados no Sudão, depois de ter atravessado todo o deserto desde a Etiópia, em busca de auxílio.
Disse-me um compatriota brasileiro de Sebastião Salgado que "a vida já é tão triste, que não é preciso ainda ter de levar com as fotografias do Salgado!". Sorte a dele - pode passar adiante sem ter olhado para este livro! É sempre possível dizer que não se viu, não se soube de nada. Eu, infelizmente, vi.
Pois bem, também eu gosto muito de Fotografia. Assim mesmo, com letra maiúscula e no singular. Como deve ser uma arte. Sebastião Salgado é o meu fotógrafo de eleição. Talvez pelo preto e branco, talvez pela marginalidade dos temas. Sei que irei comprar o livro anunciado no texto. E a partir de hoje, postarei mais fotos dele nos meus blogs...
Assim vai o mundo...
segunda-feira, novembro 05, 2007
O mundo dos livros...
Nem sabia que o meu Jorge tinha escrito um novo livro. Pois bem, chama-se O dom e foi devorado numa tarde pela minha pessoa. É um novo estilo em que o Jorge se mete, mas ainda assim com grande qualidade que ele experimenta este divertimento (nas palavras do próprio). Uma reflexão sobre o que acreditamos ou deixamos de acreditar. Leiam e apreciem...
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domingo, novembro 04, 2007
O mundo do humor...
De volta depois de uns dias de pausa... Deixo-vos o incorrigível Bruno...
Assim vai o mundo...
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