quinta-feira, junho 14, 2007

O Último dos Românticos

Diana (III)


II

As semanas seguintes foram fantásticas. Voltei a ganhar vontade de estudar, de sair, de viver. Era um prazer descobrir todos os dias uma coisa nova na Diana. E só coisas boas. Senti-me a apaixonar, sem receio nenhum de me magoar. Encontrava-mo-nos ao fim da tarde, jantávamos e depois ou saíamos ou ficávamos em casa. De qualquer das maneiras, estávamos sempre bem porque estávamos juntos. Com ela sentia que podia conversar sobre tudo. Para além de inteligente, ela era bastante madura. As opiniões dela eram sempre sensatas e acertadas. Sempre tive um certo fascínio por mulheres mais velhas e com ela tudo parecia perfeito. Perguntei-lhe, certa vez, o que é que ela via em mim.
- Não sei! Desde o primeiro momento que gostei de ti. Apesar de seres novo, parecia que tinhas o peso do mundo dentro de ti. Os teus olhos tinham uma tristeza infinita. Parecias atormentado! E foi essa tristeza que me atraiu. Mas depois do primeiro dia, tudo pareceu diferente. Pareces-te mais com alguém da tua idade. És jovem, divertido, extrovertido, alguém que gosta da vida e nada que lhe pode acontecer, pode mudar isso. Tens joie de vivre! E apesar de ter sido o teu lado sombrio que me chamou a atenção, gosto mais do teu lado alegre. Estava a precisar de alguém que gostasse da vida, que gostasse de si e que gostasse de mim. - inclinou-se e deu-me um beijo longo, doce, suave…
Ele tinha tirado o retrato perfeito! Pensei muitas vezes se não devia contar o porquê do meu lado mais sombrio. Sabia que ela me saberia ouvir e que saberia o que dizer. Tenho a certeza que tudo seria ultrapassado com a ajuda dela! Mas desisti sempre. Ou melhor fui sempre adiando. Várias noites depois de ela adormecer, ficava a vê-la dormir. A minha guerreira em repouso. Uma mulher que lutou por aquilo que desejava e tinha conseguido atingir tudo o que queria. E, que apesar disso, começava cada dia à procura de um novo objectivo, uma nova meta. Por isso o sono dela parecia ser tão calmo, tão feliz. O sono dos justos! Quanto a mim, já não tinha pesadelos, mas o meu sono não era tranquilo. Era como se existisse alguma coisa que ainda estava por resolver.
(continua)

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