sexta-feira, junho 15, 2007

O Último dos Românticos

Diana (IV)

Sentamo-nos numa esplanada da zona ribeirinha. Temos de aproveitar um sábado de sol em Março. Entretidos com a conversa, com as pessoas que passavam, a tarde corria perfeita. De repente, uma voz por trás de mim.
- Ainda não passaram três meses da morte do meu irmão e já aqui estás a divertir-te! Pareces estar muito contente.
Volto-me, mas a luz do sol cega-me. Aos poucos os meus olhos habituam-se. Era…
- Joana… - não consigo dizer mais nada. A alegre e simpática Joana. A Joana que vi crescer e que considerava como uma sobrinha. Afinal, ela era irmã do meu melhor amigo. Mas a Joana que tinha à minha frente não era a doce Joana, era alguém sombrio e amargurado.
- Pelos vistos, o luto passa-te rápido. Parecias tão abatido no funeral e já aqui estás todo contente. - a voz era cortante.
- Joana… - não conseguia articular mais nada. Estava fixado no rosto de uma rapariga que costumava gostar de mim e falar comigo sempre que me via.
- Ainda por cima, acho que pela forma como tudo aconteceu, devias ter mais respeito. Mas vejo que já te esqueceste do que aconteceu.
- Eu não tive culpa! - sentia tudo a andar à roda e a dor de cabeça a voltar.
- Diz isso aos meus pais. Ou melhor, diz isso ao meu irmão. Adeus!
Vi-a afastar-se decidida. Tudo parecia ruir…
(continua)

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