Mais um ano que acaba e mais um que começa... Desejo uma óptima passagem de ano e um ano de 2009 fantástico!!
Assim vai o mundo...
quarta-feira, dezembro 31, 2008
segunda-feira, dezembro 29, 2008
sábado, dezembro 27, 2008
O mundo dos Fados...
Comprei a edição especial do filme Fados. Delicioso! Já disse que por um lado é pena que seja um estrangeiro a realizar um filme sobre a nossa expressão musical maior, mas é Carlos Saura. O mestre, com os 75 anos de vida, trouxe um distanciamento que um português não teria. E quem ganha somos nós. As várias influências e diversidades do fado estão bem expressas no título Fados e bem descritas ao longo das suas magníficas interpretações.
Esta edição traz um belo livro com fotos, biografias e as letras dos diversos fados. O disco extra traz a apresentação do filme no Festival de San Sebastian e uma fabulosa tertúlia sobre fado com vários dos nomes maiores que entram no filme. Temos tanto a aprender sobre o Fado. E este é um belo documento para isso...
Assim vai o mundo...
Esta edição traz um belo livro com fotos, biografias e as letras dos diversos fados. O disco extra traz a apresentação do filme no Festival de San Sebastian e uma fabulosa tertúlia sobre fado com vários dos nomes maiores que entram no filme. Temos tanto a aprender sobre o Fado. E este é um belo documento para isso...
Assim vai o mundo...
sexta-feira, dezembro 26, 2008
O mundo das letras...
Na LER deste mês, uma entrevista de José Mário Silva ao meu mestre Sepúlveda. A propósito do último livro ("A Lâmpada de Aladino"), mas razão para se divagar por vários temas. Seja a morte ("«Enquanto falarmos deles e contarmos as suas histórias, os nossos mortes nunca morrem»"), o amor ("Eu acho que o amor, como muitas outras coisas, não é algo que nasça de repente. Precisa de tempo para amadurecer, como o vinho. Só assim pode ter cheiro, sabor, textura"), ou a vida ("A vida está cheia de literatura. A nós, escritores, cabe-nos olhar com atenção e encontrar esses pequenos detalhes da existência que podem ser transformados em material literário, que podem ser narrados.").
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
quarta-feira, dezembro 24, 2008
O Mundo deseja...
... um belo Natal para toda a gente! Espero que desfrutem de tudo de bom que esta quadra oferece.
Assim deseja o mundo...
Assim deseja o mundo...
terça-feira, dezembro 23, 2008
O mundo das revistas...
José Eduardo Agualusa escreve uma coluna na revista Ler em que personifica um escritor já morto! Este mês escolheu Chatwin como escritor e os Moleskine como tema. A ler, reler e guardar...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
segunda-feira, dezembro 22, 2008
O mundo dos Oscars...
Soube agora que Jon Stewart não será o apresentador da próxima edição dos Oscars! Para tentar inverter o declínio das audiências, decidiram escolher Hugh Jackman.. Não tenho nada! Pelo contrário, acho-o muito divertido. Mas tenho a certeza que não conseguirá ter aquela acutilância própria dos comediantes. A ver vamos...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
sábado, dezembro 20, 2008
O mundo da TV II...
Ando a rever a série Pretender! Confesso que é uma das minhas séries favoritas de sempre... E de repente num episódio que nunca tinha visto, uma das cenas mais hilariantes que já vi em TV! Ah, e é claro, Andrea Parker de lingerie...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
O mundo da TV I...
Ontem via o Daily Show e o convidado era o ex-candidato às primárias republicanas Mike Huckabee! Huckabee é o conservador de linha dura, muito ligado à religião e aos valores dito tradicionais. Acabaram a falar sobre o casamento gay. É óbvio que a minha posição está mais ligada ao Jon Stewart, mas o que quero realçar é a forma como duas pessoas com ideia tão diferentes conseguem discutir uma questão tão controversa.
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
quinta-feira, dezembro 18, 2008
O mundo dos jornais II...
Quem me conhece sabe que sou muito tranquilo, até preguiçoso. Por isso gostei tanto da edição desta semana da revista Única, sob o tema "Abrandar"... Aprendam a abrandar...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
O mundo dos jornais I...
Fantástica a entrevista a Adrian Goldsworthy por José Cabrita Saraiva na Tabu de Sábado, a propósito da biografia sobre Júlio César. Uma das mais notáveis figuras da História Mundial, analisada sob todos os prismas. A ler...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
quarta-feira, dezembro 17, 2008
O Mundo...
Hoje o menino faz aninhos e como prenda aos seus leitores, não vos vai maçar com os seus escritos...:D
Beijos e abraços a todos...
Assim vai o mundo...
Beijos e abraços a todos...
Assim vai o mundo...
segunda-feira, dezembro 15, 2008
O mundo da TV..
Com o aparecimento do canal Sci Fi no MEO, ando a rever uma série de que já tinha saudades! Não me lembro do nome em português, mas na versão original era "Quantum Leap". Tratava de um cientista que ia vaijando pelo tempo, tentado corrigir a vida de certas pessoas. Uma bela ideia numa boa série...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
sexta-feira, dezembro 12, 2008
O mundo do humor...
Esta estória é um case-study...
Um amigo meu comprou um frigorífico novo e para se livrar do velho,
colocou-o em frente do prédio, no passeio, com o aviso:
'Grátis e a funcionar. Se quiser, pode levar'.
O frigorífico ficou três dias no passeio sem receber um olhar dos passantes.
Ele chegou à conclusão que as pessoas não acreditavam na oferta.
Parecia bom de mais para ser verdade e mudou o aviso:
'Frigorífico à venda por 50,00 €. No dia seguinte, tinha sido roubado!
Assim vai o mundo...
Um amigo meu comprou um frigorífico novo e para se livrar do velho,
colocou-o em frente do prédio, no passeio, com o aviso:
'Grátis e a funcionar. Se quiser, pode levar'.
O frigorífico ficou três dias no passeio sem receber um olhar dos passantes.
Ele chegou à conclusão que as pessoas não acreditavam na oferta.
Parecia bom de mais para ser verdade e mudou o aviso:
'Frigorífico à venda por 50,00 €. No dia seguinte, tinha sido roubado!
Assim vai o mundo...
quinta-feira, dezembro 11, 2008
O mundo...
Tomemos o pior cenário e pensemos que esta fotografia é verdadeira! O que representa ela? O pior da pobreza? A crueldade das crianças? O desrespeito pelos mais velhos? Tantas abordagens e nenhuma delas positiva. Há fotos que conseguem captar a beleza do ser humano. E outras, como esta, podem mostrar como podemos ser inacreditavelmente desumanos. É uma foto que me chocou! Que me deixou triste. Mas como diz a canção: "Tudo existe, tudo isto é triste, tudo isto é fado"...
Assim vai o mundo...
quarta-feira, dezembro 10, 2008
O mundo dos jornais...
Na Tabu de Sábado, uma entrevista rápida ao meu mestre Luis Sepúlveda! Controverso e frontal como sempre, fala de literatura ("A ficção entra na realidade, mas quase todas as histórias nasceram da observação de factos reais") e de política ("A única coisa que isso veio demonstrar é que os americanos são menos racistas. Nada mais."). É sempre bom lê-lo!
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
terça-feira, dezembro 09, 2008
O mundo da Tv...
Ontem na FOX, a segunda série de "Heroes"! Tudo porque hoje começa a terceira série...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
segunda-feira, dezembro 08, 2008
O mundo dos filmes...
Passado muito tempo da sua estreia, vi o Amor em Tempos de Cólera. Não é igual ao livro, mas nunca se deve esperar isso de um filme. Está bem adaptado à sétima arte, sem perder nenhum dos elementos principais! É óbvio que parece um resumo mas consegue alguma harmonia do argumento. De salientar Javier Bardem num fantástico Florentino Ariza.
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
O mundo das letras...
Mais uma grande personagem das letras que nos abandona... Alçada Baptista deixou-nos! Fica a sua obra...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
quarta-feira, dezembro 03, 2008
O mundo dos filmes...
Ainda não tinha visto o Batman Begins! E queria ve-lo antes de ver o último Batman em que Heath Ledger fez a sua última aparição. É de facto uma versão mais negra, mais filosófica até. Oferece-nos o lado mais humano do Homem Morcego, com todos os seus defeitos e falhas. Gostei...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
terça-feira, dezembro 02, 2008
O mundo da TV...
Fantástico o programa que deu ontem na RTP1 e que repete hoje a 0h30 na RTP2. Chama-se XPress 2008 e fala da realidade na América do Norte e do Sul. A não perder...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
segunda-feira, dezembro 01, 2008
O mundo da blogosfera...
A todos os meus leitores e autores dos blogs que visito: não mais este vosso escriba fará comentários! Sem explicações e com um pedido de desculpa...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
O mundo dos jornais...
A Unica deste Sábado é dedicada ao frio... Livra, eu lá preciso de uma revista para me lembrar o frio que está...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
domingo, novembro 30, 2008
O mundo dos jornais...
Magnífica a entrevista de Arturo Pérez-Reverte à Tabu de ontem. Um iberista nostálgico! Assim se define! A propósito do seu novo livro, Um livro de Cólera, um passeio pela História de Espanha, Portugal, da Europa. Um homem de ideias convictas e que deixou um alerta: a cultura ocidental está em decadência e o mundo islâmico vão ganhar a guerra das civilizações.
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
sexta-feira, novembro 28, 2008
O mundo da TV....
Os Contemporaneos estão cada vez melhores! No episódio de ontem, três momentos fantásticos.
Manuela Ferreira Leite
Economia para Todos
Lobo Antunes, numa maravilhosa caricatura de Eduardo Madeira
Manuela Ferreira Leite
Economia para Todos
Lobo Antunes, numa maravilhosa caricatura de Eduardo Madeira
O mundo de Timor...
Ontem Mário Crespo entrevistou Xanana! Apesar da evidente admiração do jornalista, este já não é o Xanana que me fascinava. Talvez a pose de Estado tenha estragado um pouco a ideia do guerrilheiro-poeta! Talvez o poder o tenha corrompido um pouco. O sorriso já não é o mesmo. É raro. Talvez a esperança se tenha transformado em resignação.
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
O mundo dos filmes...
Ontem sessão doméstica de cinema com dois filmes!
Primeiro, "A Vila"! Estranho que depois de ouvir amigos meus a dizimar o filme, eu tenho de chegar ao fim e dizer que adorei. M. Night Shyamalan é um excelente contador de estórias e um magnífico argumentista. A metáfora da vila, do medo da cidade, dos "monstros", do vencer dos medos é fabulosa! Adrien Brody, Joaquin Phoenix e Bryce Dallas Howard (uma revelação) estão magníficos. Gostei muito...
Segundo, "Coisa Ruim"! Uma mistura de "Os outros" com "A vila". Um filme português diferente. Tirando uma ou duas cenas em que os diálogos pareciam artificiais, o filmes está muito bem feito. Boa realização, boas interpretações e um bom argumento. O cinema português parece estar cada vez melhor. Num misto de bom gosto e senso comum...
Assim vai o mundo...
Primeiro, "A Vila"! Estranho que depois de ouvir amigos meus a dizimar o filme, eu tenho de chegar ao fim e dizer que adorei. M. Night Shyamalan é um excelente contador de estórias e um magnífico argumentista. A metáfora da vila, do medo da cidade, dos "monstros", do vencer dos medos é fabulosa! Adrien Brody, Joaquin Phoenix e Bryce Dallas Howard (uma revelação) estão magníficos. Gostei muito...
Segundo, "Coisa Ruim"! Uma mistura de "Os outros" com "A vila". Um filme português diferente. Tirando uma ou duas cenas em que os diálogos pareciam artificiais, o filmes está muito bem feito. Boa realização, boas interpretações e um bom argumento. O cinema português parece estar cada vez melhor. Num misto de bom gosto e senso comum...
Assim vai o mundo...
quinta-feira, novembro 27, 2008
O mundo dos jornais...
Fernando Madrinha é que fala bem! Porque é que Beiriz é a excepção?
Beiriz, outra vez
Há 11 anos que não ouvia falar da escola EB 2,3 de Beiriz. Em Novembro de 1999, uma reportagem no 'Público' que quase reproduzi nesta página contava que em Beiriz, Póvoa de Varzim, havia uma escola básica onde a taxa de sucesso oscilava entre os 82 e os 95 por cento, onde os alunos gostavam de estar mesmo quando não tinham aulas, onde os casos de indisciplina quase não existiam. O edifício tinha cinco anos e a repórter dizia que não vira um risco nas paredes, nem um papel no chão.
Esta semana voltámos a ouvir falar de Beiriz e outra vez no 'Público'. O retrato da EB 2,3 é o mesmo de há 11 anos. De novo, só o facto de a indisciplina se ter tornado tão residual que foram dispensados os auxiliares de recreio. Também a padaria é novidade. Sim, a padaria. É lá que os alunos cozem o pão que é servido na cantina.
Beiriz parece um milagre. Mas repare-se neste pormenor e teremos metade da explicação do milagre: a presidente do conselho executivo, Maria Luísa Moreira, é a mesma. Isto quer dizer que houve estabilidade na liderança. E se houve estabilidade na liderança é porque a liderança é forte e capaz - meio caminho andado para haver estabilidade na escola e, consequentemente, um bom desempenho. Não admira, pois, que na EB 2,3 de Beiriz a avaliação dos professores se faça sem dramas, corra a bom ritmo e com todos os prazos a serem cumpridos.
"É a nossa cultura de escola", explica a presidente do conselho executivo. Vejamos dois exemplos. Por lá, pratica-se há anos a auto-avaliação dos professores, pelo que a definição das metas individuais se tornou rotina. Outro caso controverso na avaliação, mas que em Beiriz é trivial: a observação das aulas. "A co-docência é frequente", diz Maria Luísa Moreira, sendo "normal" - repare-se: normal - um professor pedir a um colega que o auxilie na sala de aula.
Se alguém ainda tivesse dúvidas de que o modelo de avaliação - burocrático, complexo e tudo isso - era exequível, mesmo antes do recuo governamental desta semana, não precisava de viajar para a Finlândia. Bastava ir ver a Beiriz. Mas não se pense que na EB 2,3 se aplica acriticamente o modelo do ME. Uma avaliação rigorosa "não precisa daquelas fichas todas", como diz Maria Luísa Moreira. Aproveitando toda a margem de manobra e de autonomia que o ministério já concedeu às escolas, Beiriz aplica o essencial do modelo, depois de o ter tornado "o menos complexo possível". Ah!, e ninguém se queixa de reuniões sem fim e de "stresse" diabólico. Em Beiriz, a EB 2,3 fecha todos os dias às 18 e 30. (in Expresso)
Assim vai o mundo...
Beiriz, outra vez
Há 11 anos que não ouvia falar da escola EB 2,3 de Beiriz. Em Novembro de 1999, uma reportagem no 'Público' que quase reproduzi nesta página contava que em Beiriz, Póvoa de Varzim, havia uma escola básica onde a taxa de sucesso oscilava entre os 82 e os 95 por cento, onde os alunos gostavam de estar mesmo quando não tinham aulas, onde os casos de indisciplina quase não existiam. O edifício tinha cinco anos e a repórter dizia que não vira um risco nas paredes, nem um papel no chão.
Esta semana voltámos a ouvir falar de Beiriz e outra vez no 'Público'. O retrato da EB 2,3 é o mesmo de há 11 anos. De novo, só o facto de a indisciplina se ter tornado tão residual que foram dispensados os auxiliares de recreio. Também a padaria é novidade. Sim, a padaria. É lá que os alunos cozem o pão que é servido na cantina.
Beiriz parece um milagre. Mas repare-se neste pormenor e teremos metade da explicação do milagre: a presidente do conselho executivo, Maria Luísa Moreira, é a mesma. Isto quer dizer que houve estabilidade na liderança. E se houve estabilidade na liderança é porque a liderança é forte e capaz - meio caminho andado para haver estabilidade na escola e, consequentemente, um bom desempenho. Não admira, pois, que na EB 2,3 de Beiriz a avaliação dos professores se faça sem dramas, corra a bom ritmo e com todos os prazos a serem cumpridos.
"É a nossa cultura de escola", explica a presidente do conselho executivo. Vejamos dois exemplos. Por lá, pratica-se há anos a auto-avaliação dos professores, pelo que a definição das metas individuais se tornou rotina. Outro caso controverso na avaliação, mas que em Beiriz é trivial: a observação das aulas. "A co-docência é frequente", diz Maria Luísa Moreira, sendo "normal" - repare-se: normal - um professor pedir a um colega que o auxilie na sala de aula.
Se alguém ainda tivesse dúvidas de que o modelo de avaliação - burocrático, complexo e tudo isso - era exequível, mesmo antes do recuo governamental desta semana, não precisava de viajar para a Finlândia. Bastava ir ver a Beiriz. Mas não se pense que na EB 2,3 se aplica acriticamente o modelo do ME. Uma avaliação rigorosa "não precisa daquelas fichas todas", como diz Maria Luísa Moreira. Aproveitando toda a margem de manobra e de autonomia que o ministério já concedeu às escolas, Beiriz aplica o essencial do modelo, depois de o ter tornado "o menos complexo possível". Ah!, e ninguém se queixa de reuniões sem fim e de "stresse" diabólico. Em Beiriz, a EB 2,3 fecha todos os dias às 18 e 30. (in Expresso)
Assim vai o mundo...
quarta-feira, novembro 26, 2008
O mundo de Obama..
Anda muito gente a ficar desiludida com as escolhas de Obama para o seu gabinete presidencial! Ora porque são próximas dos Clinton, ora porque são próximas de McCain. Entenda-se! Para se mudar o mundo temos de ter os amigos do nosso lado, e os inimigos à nossa frente. Ele falou muito em procurar pontes entre os dois partidos! Só ao centro se consegue uma verdadeira frente unida. Por muito que doa à esquerda mundial! Ele é a mudança... Nunca nos podemos esquecer que uma longa caminhada começa com um pequeno passo!
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
O mundo das crónicas...
Há crónicas que parecem escritas por mim! Mas não são. São de José Manuel dos Santos. E que delícia as três últimas frases...
Castanhas
Depois do sol, veio o frio. Caminho na rua àquela hora em que a luz do dia já partiu e a da noite ainda não chegou. Este é o momento em que tudo começa a ausentar-se do que foi. Os prédios negam-se uns aos outros, fundem-se, soldam-se numa parede cega como a de uma fortaleza; o chão recusa-se a subir até aos nossos olhos e somos nós que o procuramos, para não tropeçar nele; as árvores, quando as há, tornam-se fantasmas vegetais (Lourdes Castro percebeu isso como ninguém); os carros correm para o crepúsculo como para uma meta. O barulho cresce, depois decai - e nasce também em nós o desejo de não sermos mais o que fomos durante o dia.
Antes do frio, havia o sol que vai longe. As luzes acendem-se nos candeeiros e dão-nos outro mundo. Tudo agora se faz de sombra clara e de claridade escura. Os corpos que se sucedem nas ruas aproximam-se, afastam-se, hesitam, chocam-se, evitam-se. Somos atravessados por sons misturados: buzinas, sinos, vozes, ruídos, apitos, pregões, gritos, e protestos. Um velho pede esmola sentado e diz que "sim" com a cabeça, quando lha dão, e diz que "não", quando lha negam, num código tão imutável e binário como uma álgebra de Boole. A missa da tarde acabou: da igreja sai gente com passos vagarosos, que só ganham velocidade após descerem a escadaria e chegarem ao passeio.
Ando e, à minha frente, duas mulheres apontam uma montra antiga onde estão escritas as palavras que prometem preços baratos. Nos seus dedos, há anéis e nos seus pulsos pulseiras que rodam. Os gestos que fazem abrem-se e fecham-se, cruzam-se, batem-se. Em sentido contrário, passa um homem que lança com fúria nomes do futebol e da política. Atira-os como se fossem pedras e a seguir agita os braços. Um funâmbulo equilibra o fogo antes de o devorar, como se fosse o Saturno dos filhos em chamas. Mais adiante, um rapaz vestido de negro mostra os seus cães amestrados: são dez numa matilha serena. De repente, vinda não se sabe donde, uma louca irrompe, anda em ziguezague, fala um inglês dos teatros de Stratford-upon-Avon. Ao lado, está o engraxador que vende livros e fala deles enquanto dá brilho aos sapatos. Sabe de cor poemas e diálogos de filmes. Andou na guerra em África, que para ele ainda não terminou. Por isso, está sempre à espera de um inimigo que o venha matar. Na parede, atrás de si, tem colados recortes de jornais com fotografias dos clientes célebres. Quando morre algum deles, assim aconteceu com o Eduardo Prado Coelho, expõe as necrologias. Um homem foi lá engraxar os sapatos e, depois de ele lhe ter falado dos mortos ilustres, levantou-se, apontou os retratos e exclamou: "Antes eles que eu!" Ouvi esta frase fria e feita como se ela fosse dita pela voz da vida.
Os mendigos e os doidos multiplicam-se. Um dá voltas sucessivas em redor de um poste e grita: "Andamos todos à volta não sabemos de quê. Mas continuamos a andar. E continuamos a não saber!" Outro veste o saco-cama onde à noite dorme. Nunca o tira! E chora quando não lhe dão esmola: "Porra, já não como há dois dias! E estes cabrões sempre de papo cheio!" Uma senhora muito bem posta, a quem se dirige, responde-lhe, ríspida: "Vá pedir ao Cavaco e ao Sócrates, esses é que têm obrigação." Ele vira-lhe as costas com um insulto sexual nos dedos.
Caminho no meio da Babel. Subitamente, aspiro um fumo bom e vem nele um cheiro de passado contente. Paro, embora continue a andar. Estou suspenso em mim: as sensações são imagens. Olho o lugar de onde vem o fumo: o de uma vendedora com o seu carro. Iluminada pelo fogo lento, ela tira as castanhas do lume. Faz um cartucho num gesto hábil, agarra-as a escaldar e põe lá uma dúzia. Eu pago-as, recebo o pacote e tiro a casca castanha escura, lisa e fendida. Começo a comê-las. Na faca do frio, cintila o gume de uma felicidade. Regresso ao que fui no tempo em que a minha avó mas dava. Continuo a comê-las, sem parar. Penso: as castanhas são as cerejas do Inverno que avança. E são como as palavras que as dizem: umas atrás das outras... (in Expresso)
Assim vai o mundo...
Castanhas
Depois do sol, veio o frio. Caminho na rua àquela hora em que a luz do dia já partiu e a da noite ainda não chegou. Este é o momento em que tudo começa a ausentar-se do que foi. Os prédios negam-se uns aos outros, fundem-se, soldam-se numa parede cega como a de uma fortaleza; o chão recusa-se a subir até aos nossos olhos e somos nós que o procuramos, para não tropeçar nele; as árvores, quando as há, tornam-se fantasmas vegetais (Lourdes Castro percebeu isso como ninguém); os carros correm para o crepúsculo como para uma meta. O barulho cresce, depois decai - e nasce também em nós o desejo de não sermos mais o que fomos durante o dia.
Antes do frio, havia o sol que vai longe. As luzes acendem-se nos candeeiros e dão-nos outro mundo. Tudo agora se faz de sombra clara e de claridade escura. Os corpos que se sucedem nas ruas aproximam-se, afastam-se, hesitam, chocam-se, evitam-se. Somos atravessados por sons misturados: buzinas, sinos, vozes, ruídos, apitos, pregões, gritos, e protestos. Um velho pede esmola sentado e diz que "sim" com a cabeça, quando lha dão, e diz que "não", quando lha negam, num código tão imutável e binário como uma álgebra de Boole. A missa da tarde acabou: da igreja sai gente com passos vagarosos, que só ganham velocidade após descerem a escadaria e chegarem ao passeio.
Ando e, à minha frente, duas mulheres apontam uma montra antiga onde estão escritas as palavras que prometem preços baratos. Nos seus dedos, há anéis e nos seus pulsos pulseiras que rodam. Os gestos que fazem abrem-se e fecham-se, cruzam-se, batem-se. Em sentido contrário, passa um homem que lança com fúria nomes do futebol e da política. Atira-os como se fossem pedras e a seguir agita os braços. Um funâmbulo equilibra o fogo antes de o devorar, como se fosse o Saturno dos filhos em chamas. Mais adiante, um rapaz vestido de negro mostra os seus cães amestrados: são dez numa matilha serena. De repente, vinda não se sabe donde, uma louca irrompe, anda em ziguezague, fala um inglês dos teatros de Stratford-upon-Avon. Ao lado, está o engraxador que vende livros e fala deles enquanto dá brilho aos sapatos. Sabe de cor poemas e diálogos de filmes. Andou na guerra em África, que para ele ainda não terminou. Por isso, está sempre à espera de um inimigo que o venha matar. Na parede, atrás de si, tem colados recortes de jornais com fotografias dos clientes célebres. Quando morre algum deles, assim aconteceu com o Eduardo Prado Coelho, expõe as necrologias. Um homem foi lá engraxar os sapatos e, depois de ele lhe ter falado dos mortos ilustres, levantou-se, apontou os retratos e exclamou: "Antes eles que eu!" Ouvi esta frase fria e feita como se ela fosse dita pela voz da vida.
Os mendigos e os doidos multiplicam-se. Um dá voltas sucessivas em redor de um poste e grita: "Andamos todos à volta não sabemos de quê. Mas continuamos a andar. E continuamos a não saber!" Outro veste o saco-cama onde à noite dorme. Nunca o tira! E chora quando não lhe dão esmola: "Porra, já não como há dois dias! E estes cabrões sempre de papo cheio!" Uma senhora muito bem posta, a quem se dirige, responde-lhe, ríspida: "Vá pedir ao Cavaco e ao Sócrates, esses é que têm obrigação." Ele vira-lhe as costas com um insulto sexual nos dedos.
Caminho no meio da Babel. Subitamente, aspiro um fumo bom e vem nele um cheiro de passado contente. Paro, embora continue a andar. Estou suspenso em mim: as sensações são imagens. Olho o lugar de onde vem o fumo: o de uma vendedora com o seu carro. Iluminada pelo fogo lento, ela tira as castanhas do lume. Faz um cartucho num gesto hábil, agarra-as a escaldar e põe lá uma dúzia. Eu pago-as, recebo o pacote e tiro a casca castanha escura, lisa e fendida. Começo a comê-las. Na faca do frio, cintila o gume de uma felicidade. Regresso ao que fui no tempo em que a minha avó mas dava. Continuo a comê-las, sem parar. Penso: as castanhas são as cerejas do Inverno que avança. E são como as palavras que as dizem: umas atrás das outras... (in Expresso)
Assim vai o mundo...
terça-feira, novembro 25, 2008
O mundo das revistas...
Na LER deste mês, duas entrevistas notáveis! Na primeira Carlos Vaz Marques põe Miguel Esteves Cardoso a falar. E ele é como sempre foi! Controverso, directo, cortante. Fala de Saramago, Agustina, Lobo Antunes, ficção, poesia, escrever, ler e muito mais... A segunda uma entrevista de Sara Belo a Dinis Machado no Outono de 2002. E que bem falava ele! Sobre "O que diz Molero", sobre o escritor e a vida, sobre a nostalgia... Para matar as saudades!
Assim vai o mundo...
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domingo, novembro 23, 2008
O mundo antigo...
Mais um passeio pela estrada da memória... Desta vez três momentos de filmes portugueses mais antiguinhos...
Assim vai o mundo...
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sexta-feira, novembro 21, 2008
O mundo da música...
Há dias morreu Miriam Makeba, talvez a cantora africana mais emblemática. Aqui fica o tributo...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
O mundo dos filmes...
Só agora começo a conhecer a obra de Manoel de Oliveira! Propositadamente talvez. Vi ontem pela primeira vez um filme dele. Comecei por Non ou a Vã Glória de Mandar. Tirando, mas compreendendo, os planos formais longuíssimos, acho que ele é um excelente director de actores. Neste filme, as cenas em que Miguel Guilherme, Luis Miguel Cintra, Diogo Dória ou Luis Lucas vão discorrendo sobre a História de Portugal são deliciosas...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
quinta-feira, novembro 20, 2008
O mundo dos jornais...
A Única de Sabado é dedicada à Televisão! Sempre confessei que gosto muito da caixinha mágica. E que maravilhosa entrevista a um senhor da TV chamado Mário Crespo. Fui completamente apanhado de surpresa ao saber que tem 62 anos, mas depois de conhecer os vários momentos da sua vida, só tenho de sorrir. Uma vida cheia de um homem em cheio.
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
O mundo dos filmes..
Não é um filme fácil! Mas "Não te movas" prende-nos ao ecran. Um belo argumento e várias belas interpretações...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
quarta-feira, novembro 19, 2008
O mundo dos jornais...
Leio na Tabu de Sábado que abriu em Lisboa mais um espaço de cultura, de seu nome LX Factory. Depois da Fábrica do Berço da Prata, mais um espaço multicultural. Acho muito bem, nada contra. Mas também começa a ser tempo olhar para o resto do país...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
terça-feira, novembro 18, 2008
O mundo dos que desaparecem...
O mundo das crónicas...
A vitória de Obama vista por José Manuel dos Santos...
A vitória
"Quando há grandes perigos que ameaçam o Estado, vemos muitas vezes o povo escolher com felicidade os cidadãos mais aptos para o salvar. Já se observou que, perante um perigo iminente, o homem raramente permanece no seu nível habitual: eleva-se acima ou cai abaixo dele. Assim acontece com os povos. Os perigos extremos, em vez de levantarem uma nação, acabam, às vezes, por abatê-la; exaltam as suas paixões, sem as conduzirem, e turvam a sua inteligência, sem a esclarecerem. (...) Mas é mais comum vermos, entre as nações como entre os homens, virtudes extraordinárias nascerem da premência dos perigos. Os grandes caracteres aparecem então em relevo como esses monumentos que a obscuridade da noite escondia e que se revelam, subitamente, à luz de um incêndio. O génio já não desdenha reproduzir-se e o povo, ameaçado pelos perigos, esquece por uns tempos as paixões invejosas. Não é raro vermos então saírem da urna eleitoral nomes célebres." Estas palavras, publicadas em 1835, são o melhor comentário à eleição quase inverosímil de Barack Obama para Presidente dos Estados Unidos da América. Inspiradas por uma memorável viagem, escreveu-as Alexis de Tocqueville, num livro que recebeu o título Da Democracia na América e que permanece como um dos grandes textos políticos e culturais do Ocidente.
Tal como vinha acontecendo com a campanha eleitoral que lhe deu rosto, a vitória deste negro de uma elegância esguia e serena cobriu o mundo de palavras. Tudo se disse, e nesse tudo há o dito e o contradito. Mas o que mais se ouviu foram as palavras que se acham muito prudentes, a prevenir-nos de que à desmedida e arrebatadora ilusão deste triunfo sucederá a rápida e melancólica desilusão da sua impotência. Sabe-se que o tempo e as suas contradições dão sempre alguma razão a estes vaticínios-desejos, cínicos e sombrios. Mas curioso é que sejam os que mais assim nos previnem para as decepções futuras aqueles que nunca tiveram decepções passadas com George W. Bush, mesmo quando a mistura de estupidez infalível e de arrogância incompetente se transformou no palco onde a tragédia se tornou inevitável.
Alguns desses, que nunca quiseram nem esperaram que Obama ganhasse, enaltecem agora a América que foi capaz de o gerar. Mas já quando a América tinha gerado Bush (contra o qual, verdadeiramente, Obama ganhou), acusavam toda a gente que não o louvava de "anti-americanismo primário". Ao responder-se-lhes haver tudo contra Bush e nada contra a América que se lhe opunha, eles olhavam com o sorriso fácil de quem recusa um sofisma. Afinal, podem agora concluir, perante o entusiasmo universal provocado pela eleição de Obama, que não havia sofisma: eram os ouvidos deles que não queriam ouvir a verdade.
É claro que não devemos pedir à política o que ela não pode nem nos deve dar. Não lhe devemos pedir nem um absoluto, nem a salvação da alma, mas devemos exigir-lhe que não torne o mundo inabitável. E foi isso que Bush fez, com uma gravidade que vai permanecer por muitos anos. Não devemos pedir-lhe que nos dê uma moral privada, mas devemos esperar que nos dê uma moral pública e não, como aconteceu com Bush, uma máscara de virtudes para cobrir um rosto sem elas.
A vitória de Obama dá à América um Presidente que não é um fanático imaturo em processo de reabilitação edipiana, rodeado de tribos predadoras que fizeram da Casa Branca um caso de estudo antropológico. Esta vitória dá à América um Presidente que sabe o que é a política e para que serve, conhecendo os seus limites e os seus deveres, um Presidente que tem uma cara em vez de um esgar e que usa a fala em lugar do balbucio.
Obama apontou à vitória como o arqueiro que se mede, antes de medir o mundo, tornando-se a seta que alcança o alvo. A sua campanha foi uma obra de precisão e audácia. Este homem carismático (no sentido weberiano), convicto, disciplinado e inteligente, conhecido por ter nervos de aço, espírito prático e sentido de organização, percebeu que as mulheres e os homens só lhe dariam o seu voto se ele lhes provasse que a sua não era apenas uma vitória, mas uma mudança. Por isso, venceu. E, sob a noite que se erguia para acompanhar a altura dessa vitória, ouvimos um discurso feito das palavras que chegam e não das palavras que partem.
Assim vai o mundo...
A vitória
"Quando há grandes perigos que ameaçam o Estado, vemos muitas vezes o povo escolher com felicidade os cidadãos mais aptos para o salvar. Já se observou que, perante um perigo iminente, o homem raramente permanece no seu nível habitual: eleva-se acima ou cai abaixo dele. Assim acontece com os povos. Os perigos extremos, em vez de levantarem uma nação, acabam, às vezes, por abatê-la; exaltam as suas paixões, sem as conduzirem, e turvam a sua inteligência, sem a esclarecerem. (...) Mas é mais comum vermos, entre as nações como entre os homens, virtudes extraordinárias nascerem da premência dos perigos. Os grandes caracteres aparecem então em relevo como esses monumentos que a obscuridade da noite escondia e que se revelam, subitamente, à luz de um incêndio. O génio já não desdenha reproduzir-se e o povo, ameaçado pelos perigos, esquece por uns tempos as paixões invejosas. Não é raro vermos então saírem da urna eleitoral nomes célebres." Estas palavras, publicadas em 1835, são o melhor comentário à eleição quase inverosímil de Barack Obama para Presidente dos Estados Unidos da América. Inspiradas por uma memorável viagem, escreveu-as Alexis de Tocqueville, num livro que recebeu o título Da Democracia na América e que permanece como um dos grandes textos políticos e culturais do Ocidente.
Tal como vinha acontecendo com a campanha eleitoral que lhe deu rosto, a vitória deste negro de uma elegância esguia e serena cobriu o mundo de palavras. Tudo se disse, e nesse tudo há o dito e o contradito. Mas o que mais se ouviu foram as palavras que se acham muito prudentes, a prevenir-nos de que à desmedida e arrebatadora ilusão deste triunfo sucederá a rápida e melancólica desilusão da sua impotência. Sabe-se que o tempo e as suas contradições dão sempre alguma razão a estes vaticínios-desejos, cínicos e sombrios. Mas curioso é que sejam os que mais assim nos previnem para as decepções futuras aqueles que nunca tiveram decepções passadas com George W. Bush, mesmo quando a mistura de estupidez infalível e de arrogância incompetente se transformou no palco onde a tragédia se tornou inevitável.
Alguns desses, que nunca quiseram nem esperaram que Obama ganhasse, enaltecem agora a América que foi capaz de o gerar. Mas já quando a América tinha gerado Bush (contra o qual, verdadeiramente, Obama ganhou), acusavam toda a gente que não o louvava de "anti-americanismo primário". Ao responder-se-lhes haver tudo contra Bush e nada contra a América que se lhe opunha, eles olhavam com o sorriso fácil de quem recusa um sofisma. Afinal, podem agora concluir, perante o entusiasmo universal provocado pela eleição de Obama, que não havia sofisma: eram os ouvidos deles que não queriam ouvir a verdade.
É claro que não devemos pedir à política o que ela não pode nem nos deve dar. Não lhe devemos pedir nem um absoluto, nem a salvação da alma, mas devemos exigir-lhe que não torne o mundo inabitável. E foi isso que Bush fez, com uma gravidade que vai permanecer por muitos anos. Não devemos pedir-lhe que nos dê uma moral privada, mas devemos esperar que nos dê uma moral pública e não, como aconteceu com Bush, uma máscara de virtudes para cobrir um rosto sem elas.
A vitória de Obama dá à América um Presidente que não é um fanático imaturo em processo de reabilitação edipiana, rodeado de tribos predadoras que fizeram da Casa Branca um caso de estudo antropológico. Esta vitória dá à América um Presidente que sabe o que é a política e para que serve, conhecendo os seus limites e os seus deveres, um Presidente que tem uma cara em vez de um esgar e que usa a fala em lugar do balbucio.
Obama apontou à vitória como o arqueiro que se mede, antes de medir o mundo, tornando-se a seta que alcança o alvo. A sua campanha foi uma obra de precisão e audácia. Este homem carismático (no sentido weberiano), convicto, disciplinado e inteligente, conhecido por ter nervos de aço, espírito prático e sentido de organização, percebeu que as mulheres e os homens só lhe dariam o seu voto se ele lhes provasse que a sua não era apenas uma vitória, mas uma mudança. Por isso, venceu. E, sob a noite que se erguia para acompanhar a altura dessa vitória, ouvimos um discurso feito das palavras que chegam e não das palavras que partem.
Assim vai o mundo...
segunda-feira, novembro 17, 2008
O mundo do NOTAI...
O produto daquilo que trabalhei durante dois anos sobre a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres irá ser apresentado na Segunda, dia 24 deste mês, na Fundação Cupertino de Miranda no Porto. Uma bela ocasião para se discutirem alguns assuntos prementes da nossa sociedade...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
sábado, novembro 15, 2008
O Mundo...
Este vosso escriba decidiu ir desde quinta-feira à Golegã, ver a Feira de Cavalos. Poucas horas de sono depois e o fígado num estado crítico, devo dizer que foi muito giro. Vi cavalos na rua até às 5h da manhã, vi cavalos dentro de um bar, vi um cavaleiro a vomitar de cima de cavalos. Enfim, vi de tudo. Gosto muito de tradições e esta é uma bela tradição. Agora vou ali tratar da garganta porque o frio era terrivel e os abafadinhos não chegavam.
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
quarta-feira, novembro 12, 2008
O mundo dos filmes...
Road to Perdition/ Caminho para a Perdição é um daqueles filmes perfeitos! Uma bela banda sonora, um belo argumento, uma bela realização e depois o elenco! No mesmo filme Daniel Craig, Tom Hanks e Paul Newman! Fantástico...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
O mundo das mortes...
Na mesma semana, o cancro levou Badaró, Milú e Michael Crichton! O mundo anda a ficar mais pobre...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
O mundo das crónicas...
O Amanhã visto por José Manuel dos Santos!
Sabemos menos do tempo do que o tempo sabe de nós. Mas o menos que dele sabemos já chega para sabermos que os próximos dias, os próximos meses, os próximos anos vão ser o tempo de uma grande insónia cercada pela noite que cresce. Hora a hora, minuto a minuto, surgem, por todo o lado, os indícios de uma desgraça que avança e cintilam os sinais de um pânico que corre. Não são apenas as bolsas que caem, nem o desemprego que aumenta, nem as dívidas que crescem, nem os bancos que se afundam. É, antes disso e depois disso, a imagem fúnebre de um sistema financeiro que se devora a si próprio, devorando-nos e devorando a esperança, sem a qual a vida é empurrada para a morte.
Nesta "epopeia americana" que terminou em tragédia mundial, George W. Bush quis ser Aquiles, mas acabou num Édipo de Guantánamo que não conseguiu vencer a esfinge chamada Bin Laden (mas Gore Vidal diz: "Não precisamos de Freud, quando se trata de Calígula"); Dick Cheney é um Creonte de petrolífera; Alan Greenspan, uma Medeia de Wall Street; John McCain, um Pátroclo tardio; Sarah Palin, uma Clitmnestra de casino (ou será Hécuba?). E Barack Obama é o Ulisses de uma Ítaca em chamas, com o mundo transformado na Penélope que o esperava. E por todo o lado ouve-se o grito de Antígona a clamar pela justiça que desobedeça à injustiça que manda.
Aqueles que durante anos aplaudiram, de Washington a Bagdade, a representação da peça, participaram no elenco, escolheram o teatro, serviram de ponto, desenharam o cenário, fizeram os figurinos, teceram o enredo, são agora os mesmos que se fingem surpreendidos com o desfecho: um desastre que começou a revelar-se na sua enormidade e que eles olham como se estivessem a ver o mundo ao contrário. Por isso, andam cada vez mais de cabeça para baixo para tentar vê-lo direito. Num tempo tão despossuído de si mesmo, é natural que já nem haja consciência da tragédia que por todo o lado nos envolve como o ar que respiramos. E essa inconsciência, essa ignorância, essa irresponsabilidade são o mais trágico do trágico.
O tempo sabe mais de nós do que nós sabemos do tempo. E o que ele sabe de nós diz-nos que os próximos anos vão ser terríveis: de incerteza, de insegurança, de perigo, de medo, de ansiedade. Aqueles que, ainda há pouco, se vestiam de um optimismo triunfante e calculista cobrem-se agora de um pessimismo cobarde e assustado. Sabemos que, como é costume, quem vai sofrer mais são os mais inocentes, aqueles que têm menos culpas. Sabemos que os autores do desastre são os que estão a recato dele e dos seus horrores, sem consciência, sem vergonha, sem compaixão - e com dinheiro inesgotável. Sabemos que a vida será um alfabeto de dor, com o qual escreveremos o texto da mudança. Sabemos que voltaremos a passar por essa "confusão cruel e inútil" de que um dia falava George Steiner falando da História. Quando esteve em Lisboa, da última vez, o autor de Errata disse, sobre o que se estava a passar, palavras de que ninguém quis ouvir nem o som, nem o sentido. Ele afirmou: "Espanta-me que os pobres não se revoltem." E acrescentou que estranhava, quando todas as manhãs abria o jornal, não ver lá escrito que "tinham assassinado um daqueles empresários que encerram fábricas e depois se metem nos seus jactos privados para ir passar férias a Barbados". Steiner ecoa neste seu comentário violento o antigo clamor dos profetas judeus do Antigo Testamento, que faziam da cólera uma ameaça e só depois um presságio.
Hoje, o vento mudou e tudo muda com ele. Lemos os jornais de todo o mundo e percebemos que cada jornalista passou a ser, mesmo sem o saber ou sem o querer, um São João que, nos seus vaticínios, promete um Apocalipse que não surgirá, como o outro, no fim dos tempos: este é iminente, instantâneo, vertiginoso. Virá amanhã, logo à tarde, agora mesmo. Mas, com a inconstância de tudo, não é impossível que um dia destes se anuncie o regresso ao Génesis primordial, onde do caos se gerará a luz e, sob ela, se criará de novo o mundo.
Assim vai o mundo...
Sabemos menos do tempo do que o tempo sabe de nós. Mas o menos que dele sabemos já chega para sabermos que os próximos dias, os próximos meses, os próximos anos vão ser o tempo de uma grande insónia cercada pela noite que cresce. Hora a hora, minuto a minuto, surgem, por todo o lado, os indícios de uma desgraça que avança e cintilam os sinais de um pânico que corre. Não são apenas as bolsas que caem, nem o desemprego que aumenta, nem as dívidas que crescem, nem os bancos que se afundam. É, antes disso e depois disso, a imagem fúnebre de um sistema financeiro que se devora a si próprio, devorando-nos e devorando a esperança, sem a qual a vida é empurrada para a morte.
Nesta "epopeia americana" que terminou em tragédia mundial, George W. Bush quis ser Aquiles, mas acabou num Édipo de Guantánamo que não conseguiu vencer a esfinge chamada Bin Laden (mas Gore Vidal diz: "Não precisamos de Freud, quando se trata de Calígula"); Dick Cheney é um Creonte de petrolífera; Alan Greenspan, uma Medeia de Wall Street; John McCain, um Pátroclo tardio; Sarah Palin, uma Clitmnestra de casino (ou será Hécuba?). E Barack Obama é o Ulisses de uma Ítaca em chamas, com o mundo transformado na Penélope que o esperava. E por todo o lado ouve-se o grito de Antígona a clamar pela justiça que desobedeça à injustiça que manda.
Aqueles que durante anos aplaudiram, de Washington a Bagdade, a representação da peça, participaram no elenco, escolheram o teatro, serviram de ponto, desenharam o cenário, fizeram os figurinos, teceram o enredo, são agora os mesmos que se fingem surpreendidos com o desfecho: um desastre que começou a revelar-se na sua enormidade e que eles olham como se estivessem a ver o mundo ao contrário. Por isso, andam cada vez mais de cabeça para baixo para tentar vê-lo direito. Num tempo tão despossuído de si mesmo, é natural que já nem haja consciência da tragédia que por todo o lado nos envolve como o ar que respiramos. E essa inconsciência, essa ignorância, essa irresponsabilidade são o mais trágico do trágico.
O tempo sabe mais de nós do que nós sabemos do tempo. E o que ele sabe de nós diz-nos que os próximos anos vão ser terríveis: de incerteza, de insegurança, de perigo, de medo, de ansiedade. Aqueles que, ainda há pouco, se vestiam de um optimismo triunfante e calculista cobrem-se agora de um pessimismo cobarde e assustado. Sabemos que, como é costume, quem vai sofrer mais são os mais inocentes, aqueles que têm menos culpas. Sabemos que os autores do desastre são os que estão a recato dele e dos seus horrores, sem consciência, sem vergonha, sem compaixão - e com dinheiro inesgotável. Sabemos que a vida será um alfabeto de dor, com o qual escreveremos o texto da mudança. Sabemos que voltaremos a passar por essa "confusão cruel e inútil" de que um dia falava George Steiner falando da História. Quando esteve em Lisboa, da última vez, o autor de Errata disse, sobre o que se estava a passar, palavras de que ninguém quis ouvir nem o som, nem o sentido. Ele afirmou: "Espanta-me que os pobres não se revoltem." E acrescentou que estranhava, quando todas as manhãs abria o jornal, não ver lá escrito que "tinham assassinado um daqueles empresários que encerram fábricas e depois se metem nos seus jactos privados para ir passar férias a Barbados". Steiner ecoa neste seu comentário violento o antigo clamor dos profetas judeus do Antigo Testamento, que faziam da cólera uma ameaça e só depois um presságio.
Hoje, o vento mudou e tudo muda com ele. Lemos os jornais de todo o mundo e percebemos que cada jornalista passou a ser, mesmo sem o saber ou sem o querer, um São João que, nos seus vaticínios, promete um Apocalipse que não surgirá, como o outro, no fim dos tempos: este é iminente, instantâneo, vertiginoso. Virá amanhã, logo à tarde, agora mesmo. Mas, com a inconstância de tudo, não é impossível que um dia destes se anuncie o regresso ao Génesis primordial, onde do caos se gerará a luz e, sob ela, se criará de novo o mundo.
Assim vai o mundo...
terça-feira, novembro 11, 2008
O mundo da TV...
O primeiro episódio da 5ª série do House estreou ontem! O Wilson vai-se embora... Quero ver mais!!!
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
O mundo do cinema...
Ontem foi dia de cinema! Dois clássicos. Primeiro Jesus Christ Superstar! O clássico dos clássicos dos musicais irreverentes! Foi bom recordar esta bela produção... E confirmar que o grande papel neste filme é de Judas...
Depois, Os Intocáveis! Provavelmente o melhor filme sobre Al Capone (Robert De Niro) e Elliot Ness (Kevin Costner). E ainda Sean Connery! Um verdadeiro clássico com a mítica cena da escadaria e do carrinho de bébé!
Assim vai o mundo...
Depois, Os Intocáveis! Provavelmente o melhor filme sobre Al Capone (Robert De Niro) e Elliot Ness (Kevin Costner). E ainda Sean Connery! Um verdadeiro clássico com a mítica cena da escadaria e do carrinho de bébé!
Assim vai o mundo...
segunda-feira, novembro 10, 2008
O mundo dos jornais...
Na Tabu de Sábado, Nuno Lopes mostra-se uma pessoa complexa! Aquele que todas as semanas entra em nossa casa e nos faz rir n'Os Contemporaneos, mostra-se uma pessoa que tem dificuldades em sentir-se feliz e mais que isso, não vê necessidade em sentir-se feliz! É uma pessoa emotiva e acima de tudo emocional. Confessa-se obsessivo e compulsivo! Acima de tudo confessa-se muito mais do que o conheciamos. Esse é o objectivo de uma entrevista. Permitir, não obrigar, uma pessoa a desvendar-se! Tenho Carlos Magno, Carlos Vaz Marques ou Mário Crespo como exemplos de jornalistas que conseguem ouvir o entrevistado e dar-lhe a confiança suficiente para ele dizer o que quer. A Raquel Carrilho, autora da reportagem, começa a fazer isso muito bem. Por vezes o jornalista não tem de fazer perguntas! Tem de ouvir, seguir o raciocínio e mostrar que ele pode continuar. Para isso é preciso fazer o trabalho de casa e ela fê-lo! Nota-se quando logo no início a referência a Buster Keaton permite desvendar o lado mais sombrio do Nuno. Então, ele não sente necessidade de se defender e dá uma bela entrevista, com entrada ao lado mais negro de um humorista. Gostei muito...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
sexta-feira, novembro 07, 2008
O mundo das revistas...
Na Ler deste mês, temos uma bela reportagem sobre o Nobel da Literatura! Os eternos favoritos, os preteridos, os esquecidos, os amaldiçoados, os políticos e os que recusaram... Sem dúvida a ler e conhecer!
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
quinta-feira, novembro 06, 2008
O mundo dos jornais II...
Não poderia descrever melhor esse momento que me fascina do que José Manuel dos Santos...
Tempestade
Quando saí à rua, um vento longo e curvo levava tudo consigo. Em frente, o rio alucinava-se, desfazendo a sua quietude de meses, sob uma luz crua e rápida que anunciava o temporal. As pessoas corriam para casa e, nos movimentos que faziam quando aceleravam o passo, havia uma fuga ao céu que as ameaçava. Uma mulher trôpega passou por mim, fez uma cara de temor e disse com uma voz funda e inquieta: "Fuja, fuja! Depressa! Vai chover muito e depois haverá cheia!" Eu fitei-a e acenei que sim com a cabeça, embora não soubesse se tinha razão no seu agouro.
A minha mãe, repetindo a minha avó, também é assim. Ela, que não tem medo de nada, sente pânico nas tempestades, que lhe parecem o maior perigo que o universo põe sobre nós. Altiva para tudo o resto, submete-se ao céu e ao seu poder impaciente. E depois prenuncia a catástrofe na iminência de um apocalipse de relâmpagos, raios e trovões.
Na minha infância nervosa e feliz, quando trovejava, fosse de dia ou de noite, a minha mãe desligava o quadro eléctrico e fechava as portadas de madeira. Ficava então, ansiosa e aguda, a escutar o que dava razão ao seu medo, assim um animal espreita a ameaça na floresta. O meu pai, quando era novo, tinha visto cair um raio ao lado dele e ficou na voz com o eco da voz de Zeus. Falava desse momento e eu sentia nele um susto que 50 anos depois ainda não se dissipara. Vejo ainda hoje o seu rosto assombrado a contar a história do raio.
Agora, continuo a andar à beira da água agitada e sombria. Sou apanhado na curvatura do vento e arrastado num vórtice de papéis, caixas de cartão, sacos de plástico. Digo-me: para o vento, lixo entre lixo. E, ao dizê-lo, tenho consciência de que é fácil sermos subitamente anulados e entregues àquilo que nos nega, negando a nossa vontade e a nossa força. É nessa hora que medimos a diferença que há entre o nosso avanço e o nosso recuo. É nesse minuto que, contra o mundo, aprendemos a resistir, a persistir, a insistir. É nessa altura que conseguimos fincar os pés sobre a nossa impotência, aguentando o embate e esperando que passe a causa que a gera.
O vento sobe ao seu vértice mais alto e eu procuro um abrigo. Passa um cão a uivar com o pêlo sujo. O céu está escuro e fechado, prestes a desabar, para assim se livrar da sua escuridão como alguém se livra de uma angústia, de um desespero, de uma doença. O cão aflito corre até mim, encosta-se-me sob o telheiro. Eu passo-lhe a mão vagarosa pelo corpo arrepiado e sinto-o próximo como um irmão. Então o seu uivo muda: torna-se mais grave - é um latido, depois um rumor, a seguir um respirar leve. O cão olha-me nos olhos, soletra-os, rompe-os. Há nessa procura e na pergunta que, com ela, me faz uma urgência física e uma veemência muda. Não consigo deixar de olhar o seu olhar convexo: e desfaço com a intensidade dos meus olhos o seu susto silencioso e triste.
Tudo parece agora mais sereno, mais liso. Ou sou eu que me esqueço da tempestade e da sua ameaça? Continuo ali, alheado, ao pé do cão sem dono e sem destino. De repente, começa a chover uma chuva espessa e fria, com pingos longos e grossos como cordas. É uma chuva vertiginosa, veloz, que lava o ar. No fim, o universo parece rarefeito, descongestionado como um órgão vital.
A chuva ausenta-se e, no lugar dela, o céu abre sobre nós a sua cor cansada. Avanço na estrada e o cão segue-me com a lealdade que só têm os ameaçados da mesma ameaça. Estou em face do rio horizontal e oscilante. Passa um barco leve sobre a água baixa que se aclara. A bordo, um homem de ar estremunhado olha-me e olha o cão. Nos três olhares que se encontram há uma suspeita boa.
Mas, bruscamente, e como é próprio deste nosso tempo, tudo volta a fechar-se: a luz cai e começa a chover de novo, torrencialmente. Não há abrigo próximo. O cão fica todo molhado e é o espelho do meu arrepio. Sobre nós, abre-se um clarão metálico e a seguir rebenta o trovão. Penso: tenho de me apressar, a esta hora a minha mãe está em casa cercada pelo medo...
Assim vai o mundo...
Tempestade
Quando saí à rua, um vento longo e curvo levava tudo consigo. Em frente, o rio alucinava-se, desfazendo a sua quietude de meses, sob uma luz crua e rápida que anunciava o temporal. As pessoas corriam para casa e, nos movimentos que faziam quando aceleravam o passo, havia uma fuga ao céu que as ameaçava. Uma mulher trôpega passou por mim, fez uma cara de temor e disse com uma voz funda e inquieta: "Fuja, fuja! Depressa! Vai chover muito e depois haverá cheia!" Eu fitei-a e acenei que sim com a cabeça, embora não soubesse se tinha razão no seu agouro.
A minha mãe, repetindo a minha avó, também é assim. Ela, que não tem medo de nada, sente pânico nas tempestades, que lhe parecem o maior perigo que o universo põe sobre nós. Altiva para tudo o resto, submete-se ao céu e ao seu poder impaciente. E depois prenuncia a catástrofe na iminência de um apocalipse de relâmpagos, raios e trovões.
Na minha infância nervosa e feliz, quando trovejava, fosse de dia ou de noite, a minha mãe desligava o quadro eléctrico e fechava as portadas de madeira. Ficava então, ansiosa e aguda, a escutar o que dava razão ao seu medo, assim um animal espreita a ameaça na floresta. O meu pai, quando era novo, tinha visto cair um raio ao lado dele e ficou na voz com o eco da voz de Zeus. Falava desse momento e eu sentia nele um susto que 50 anos depois ainda não se dissipara. Vejo ainda hoje o seu rosto assombrado a contar a história do raio.
Agora, continuo a andar à beira da água agitada e sombria. Sou apanhado na curvatura do vento e arrastado num vórtice de papéis, caixas de cartão, sacos de plástico. Digo-me: para o vento, lixo entre lixo. E, ao dizê-lo, tenho consciência de que é fácil sermos subitamente anulados e entregues àquilo que nos nega, negando a nossa vontade e a nossa força. É nessa hora que medimos a diferença que há entre o nosso avanço e o nosso recuo. É nesse minuto que, contra o mundo, aprendemos a resistir, a persistir, a insistir. É nessa altura que conseguimos fincar os pés sobre a nossa impotência, aguentando o embate e esperando que passe a causa que a gera.
O vento sobe ao seu vértice mais alto e eu procuro um abrigo. Passa um cão a uivar com o pêlo sujo. O céu está escuro e fechado, prestes a desabar, para assim se livrar da sua escuridão como alguém se livra de uma angústia, de um desespero, de uma doença. O cão aflito corre até mim, encosta-se-me sob o telheiro. Eu passo-lhe a mão vagarosa pelo corpo arrepiado e sinto-o próximo como um irmão. Então o seu uivo muda: torna-se mais grave - é um latido, depois um rumor, a seguir um respirar leve. O cão olha-me nos olhos, soletra-os, rompe-os. Há nessa procura e na pergunta que, com ela, me faz uma urgência física e uma veemência muda. Não consigo deixar de olhar o seu olhar convexo: e desfaço com a intensidade dos meus olhos o seu susto silencioso e triste.
Tudo parece agora mais sereno, mais liso. Ou sou eu que me esqueço da tempestade e da sua ameaça? Continuo ali, alheado, ao pé do cão sem dono e sem destino. De repente, começa a chover uma chuva espessa e fria, com pingos longos e grossos como cordas. É uma chuva vertiginosa, veloz, que lava o ar. No fim, o universo parece rarefeito, descongestionado como um órgão vital.
A chuva ausenta-se e, no lugar dela, o céu abre sobre nós a sua cor cansada. Avanço na estrada e o cão segue-me com a lealdade que só têm os ameaçados da mesma ameaça. Estou em face do rio horizontal e oscilante. Passa um barco leve sobre a água baixa que se aclara. A bordo, um homem de ar estremunhado olha-me e olha o cão. Nos três olhares que se encontram há uma suspeita boa.
Mas, bruscamente, e como é próprio deste nosso tempo, tudo volta a fechar-se: a luz cai e começa a chover de novo, torrencialmente. Não há abrigo próximo. O cão fica todo molhado e é o espelho do meu arrepio. Sobre nós, abre-se um clarão metálico e a seguir rebenta o trovão. Penso: tenho de me apressar, a esta hora a minha mãe está em casa cercada pelo medo...
Assim vai o mundo...
O mundo dos jornais I...
Magnífica a reportagem de Raquel Carrilho na Tabu de Sábado! Feita de histórias com pessoas reais. Pessoas que trocaram esse enorme país que são os EUA por este cantinho à beira mar plantado! A ler...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
quarta-feira, novembro 05, 2008
O mundo americano...
O dia 11 de Setembro de 2001 ficou para História! O dia 4 de Novembro de 2008 também ficará para sempre! O primeiro presidente afro-americano dos EUA. O maior exemplo de mistura de raças elegeu o primeiro não-caucasiano como Presidente! Mas vamos por partes...
Comecemos pelo derrotado! Fiquei contente quando John McCain foi escolhido como candidato republicano. Foi muitas vezes acusado de ser um democrata escondido. Teve posições contra o Partdo Republicano que fizeram com que fosse marginalizado. Teve uma vida cheia de eventos dramáticos e não deixou de lutar pelo que acredita. Ainda assim foi uma campanha mais ou menos limpa (mais do que as primárias democratas). Revelou elevação até no discurso da derrota.
Agora, Obama! Desde já a vitória é um sinal de mudança e de optimismo para o mundo... Não é que as políticas sejam ou poderão ser muito diferentes mas porque o sentimento é diferente! Dá vontade de olhar para os EUA com outros olhos. Obama não é um presidente americano melhor para os Europeus. É melhor para o mundo! O seu percurso de vida atravessou o mundo todo (origens africanas, vida asiática) e conheceu muitas das culturas existentes. Um Presidente com mais visão do mundo! Mas não nos enganemos, ele vai ser um Presidente muito americano. Tal como Bill Clinton, ele irá atacar quem acha que deve atacar! Mas muito mais por ideais politicos do que por interesses económicos. Ele será muito protecionista em termos económicos, porque sabe que tem de melhorar a economia para poder continuar a ser a potência dominante. Nem sempre o mundo vai concordar com Obama! Não é isso que se espera. Mas sim podermos entender que ele tem um sentido de Estado e um respeito pelo mundo que a anterior administração não teve. Espera-se sobretudo que ele continue a inspirar-nos com belos discursos, como por exemplo o de ontem...
Assim vai o mundo...
Comecemos pelo derrotado! Fiquei contente quando John McCain foi escolhido como candidato republicano. Foi muitas vezes acusado de ser um democrata escondido. Teve posições contra o Partdo Republicano que fizeram com que fosse marginalizado. Teve uma vida cheia de eventos dramáticos e não deixou de lutar pelo que acredita. Ainda assim foi uma campanha mais ou menos limpa (mais do que as primárias democratas). Revelou elevação até no discurso da derrota.
Agora, Obama! Desde já a vitória é um sinal de mudança e de optimismo para o mundo... Não é que as políticas sejam ou poderão ser muito diferentes mas porque o sentimento é diferente! Dá vontade de olhar para os EUA com outros olhos. Obama não é um presidente americano melhor para os Europeus. É melhor para o mundo! O seu percurso de vida atravessou o mundo todo (origens africanas, vida asiática) e conheceu muitas das culturas existentes. Um Presidente com mais visão do mundo! Mas não nos enganemos, ele vai ser um Presidente muito americano. Tal como Bill Clinton, ele irá atacar quem acha que deve atacar! Mas muito mais por ideais politicos do que por interesses económicos. Ele será muito protecionista em termos económicos, porque sabe que tem de melhorar a economia para poder continuar a ser a potência dominante. Nem sempre o mundo vai concordar com Obama! Não é isso que se espera. Mas sim podermos entender que ele tem um sentido de Estado e um respeito pelo mundo que a anterior administração não teve. Espera-se sobretudo que ele continue a inspirar-nos com belos discursos, como por exemplo o de ontem...
Assim vai o mundo...
terça-feira, novembro 04, 2008
O mundo americano..
Hoje são as eleições americanas!! Prometo que depois de analisar os resultados vos deixo em paz com isto... A propósito, bela reportagem na Única de Sábado!
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
segunda-feira, novembro 03, 2008
O mundo do cinema...
A propósito do filme A Intérprete, lembrei-me de uma reflexão sobre África! Esse continente que se tem esquecido de progredir pacificamente porque está sempre envolto em lutas fraticidas, etnicidas, enfim, homicidas. Esse continente que se perde em corrupções, despotismos, enquanto os seus povos morrem à fome, doença, tristeza! O maior exemplo como o poder pode corromper os melhores ideais. Como a melhor teoria não anda de mãos dadas com a realidade. A história do continente mais genuíno, como todas as suas fraquezas e forças. O continente-mãe...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
domingo, novembro 02, 2008
O mundo americano...
As eleições americanas vistas pelo ex-diplomata Jose Cutileiro.
Deveríamos todos poder votar na eleição do Presidente americano: europeus, sul americanos, asiáticos, australianos, africanos. Se tivesse sido assim em 2004 John Kerry haveria tomado conta da Sala Oval, poupando a América e o mundo a mais quatro anos de George W.. Desta vez, a menos que um número enorme de brancos esteja a mentir nas sondagens e, à puridade do voto secreto, se recuse a votar num preto, os estrangeiros não fariam falta a Barack Obama porque os próprios americanos o elegerão.
Quanto mais depressa os Estados Unidos recuperarem, aos seus próprios olhos e aos olhos do mundo, a reputação perdida nos oito anos presididos por George W. Bush, mais depressa recuperarão a posição hegemónica conferida pelo seu poder militar, o seu poder económico e financeiro e - antes dos abusos desastrosos de Guantánamo, Abu Grahib, tortura, Patriot Act, escutas não autorizadas, politização indevida do funcionalismo público, etc. - o seu poder moral. Essa recuperação será mais rápida se Obama ganhar do que se Obama perder. Cassandras lembram que a esperança posta nele levará inevitavelmente a desilusões devastadoras, mas a questão não é essa.
Primeiro, no estado actual do mundo ter esperança será meio caminho andado. No viver cinzento e ansioso dos dias de hoje, assustado por espasmos financeiros ou terroristas, um político decente capaz de dar alma aos seus (e aos outros) é ávis rara bem-vinda. Haverá desilusões mas não haverá desastres, sobretudo se o bom senso aparente do novo presidente marcar a sua acção e contagiar os seus fiéis.
Segundo, o país mais parecido com o que seria a América de Barack Obama é a América de George W. Bush. Ao ritmo dos estados de direito, o que nesta há de pior seria banido e o melhor seria multiplicado mas o grosso de interesses e valores que constituem os Estados Unidos permaneceria. Bom senso, mais uma vez, ajudaria estrangeiros a perceberem isso e a disso tirarem partido. Para segurança e equilíbrio do mundo inteiro é urgente que os Estados Unidos voltem a encarrilar. Mais urgente ainda para os europeus, que têm neles os seus parceiros políticos, económicos e militares principais. Na arquitectura financeira internacional, no combate ao aquecimento global, no desafio energético, no enraizamento da democracia, em conflitos perigosos para a paz mundial, nenhuma medida decisiva poderá ser tomada até haver novo inquilino na Casa Branca.
Na segunda metade do século XX os republicanos foram mais de fiar a lidar com o resto do mundo do que os democratas mas George W. desbaratou esse crédito. E, embora em política externa McCain e Obama sejam mais parecidos do que se julga, o democrata mostra juízo e discernimento que têm faltado ao republicano. Os Estados Unidos reafirmariam melhor, mais depressa e mais tranquilamente a sua hegemonia com Obama ao leme. Se McCain ganhar e for buscar alguns sábios do passado, não se sairá mal - mas faltar-lhe-á o golpe de asa do senador de Illinois.
Assim vai o mundo...
Deveríamos todos poder votar na eleição do Presidente americano: europeus, sul americanos, asiáticos, australianos, africanos. Se tivesse sido assim em 2004 John Kerry haveria tomado conta da Sala Oval, poupando a América e o mundo a mais quatro anos de George W.. Desta vez, a menos que um número enorme de brancos esteja a mentir nas sondagens e, à puridade do voto secreto, se recuse a votar num preto, os estrangeiros não fariam falta a Barack Obama porque os próprios americanos o elegerão.
Quanto mais depressa os Estados Unidos recuperarem, aos seus próprios olhos e aos olhos do mundo, a reputação perdida nos oito anos presididos por George W. Bush, mais depressa recuperarão a posição hegemónica conferida pelo seu poder militar, o seu poder económico e financeiro e - antes dos abusos desastrosos de Guantánamo, Abu Grahib, tortura, Patriot Act, escutas não autorizadas, politização indevida do funcionalismo público, etc. - o seu poder moral. Essa recuperação será mais rápida se Obama ganhar do que se Obama perder. Cassandras lembram que a esperança posta nele levará inevitavelmente a desilusões devastadoras, mas a questão não é essa.
Primeiro, no estado actual do mundo ter esperança será meio caminho andado. No viver cinzento e ansioso dos dias de hoje, assustado por espasmos financeiros ou terroristas, um político decente capaz de dar alma aos seus (e aos outros) é ávis rara bem-vinda. Haverá desilusões mas não haverá desastres, sobretudo se o bom senso aparente do novo presidente marcar a sua acção e contagiar os seus fiéis.
Segundo, o país mais parecido com o que seria a América de Barack Obama é a América de George W. Bush. Ao ritmo dos estados de direito, o que nesta há de pior seria banido e o melhor seria multiplicado mas o grosso de interesses e valores que constituem os Estados Unidos permaneceria. Bom senso, mais uma vez, ajudaria estrangeiros a perceberem isso e a disso tirarem partido. Para segurança e equilíbrio do mundo inteiro é urgente que os Estados Unidos voltem a encarrilar. Mais urgente ainda para os europeus, que têm neles os seus parceiros políticos, económicos e militares principais. Na arquitectura financeira internacional, no combate ao aquecimento global, no desafio energético, no enraizamento da democracia, em conflitos perigosos para a paz mundial, nenhuma medida decisiva poderá ser tomada até haver novo inquilino na Casa Branca.
Na segunda metade do século XX os republicanos foram mais de fiar a lidar com o resto do mundo do que os democratas mas George W. desbaratou esse crédito. E, embora em política externa McCain e Obama sejam mais parecidos do que se julga, o democrata mostra juízo e discernimento que têm faltado ao republicano. Os Estados Unidos reafirmariam melhor, mais depressa e mais tranquilamente a sua hegemonia com Obama ao leme. Se McCain ganhar e for buscar alguns sábios do passado, não se sairá mal - mas faltar-lhe-á o golpe de asa do senador de Illinois.
Assim vai o mundo...
sábado, novembro 01, 2008
O mundo da música...
Grande música...:D Os Madcon pegaram numa música de Frankie Valli e deram-lhe uma nova roupagem! Aqui está Beggin...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
quarta-feira, outubro 29, 2008
O mundo das letras...
Magnífica a entrevista a Gonçalo M. Tavares na revista Tabu de Sábado! Eu nunca o li, apesar de saber que ele tem de ser muito bom. Encontrei na entrevista muitos elementos que posso transpor para mim. Senti que tenho de o ler urgentemente. Quase como uma necessidade. Estranha sensação!! Mas boa...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
O mundo da música...
Newton Faulkner é uma grande surpresa! Aqui com uma bela versão de Bohemian Rhapsody...
Já agora a extraordinária Teardrop...
Assim vai o mundo...
Já agora a extraordinária Teardrop...
Assim vai o mundo...
terça-feira, outubro 28, 2008
O mundo do humor...
Nuno Lopes está cada vez mais brilhante...
E como esquecer estes dois momentos:
Assim vai o mundo...
E como esquecer estes dois momentos:
Assim vai o mundo...
O mundo...
Bom saber que os meus posts são lidos nos EUA, mesmo que seja para discordar!
Assim vai o mundo...
PS- Translation: Good to know that my posts are read in the USA, even if it is to disagree!
Assim vai o mundo...
PS- Translation: Good to know that my posts are read in the USA, even if it is to disagree!
segunda-feira, outubro 27, 2008
O mundo dos jornais...
Quanto aos artigos da Bomba Inteligente na Tabu de sábado, tenho de discordar com o apoio a Sarah Palin. Não quero saber de género, se é homem ou mulher, ela é uma pessoa idiota! É uma pessoa incompetente e até acho um atentado às mulheres, aquela mulher representá-las em algo. Já tenho de concordar que o apoio de Colin Powell a Barack Obama é fulcral, ainda mais porque é republica, militar e amigo de MaCain há 25 anos. Sempre gostei de Powell, porque o considero um homem ponderado, e só tenho de ficar contente com o apoio inequívoco.
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
domingo, outubro 26, 2008
O mundo do Porto...
Na sexta à noite, eu e um grupo de amigos decidimos sair até ao Porto. Acabamos nas recentes Galerias de Paris. Uma rua ali entre os Clérigos e a Praça dos Leões, cheia de barzinhos, como por exemplo o La Boheme. A rua estava cheia de gente, e pelo que vi de vários países. É bom ver um pouco do ambiente "Bairro Alto" no Porto. Um convivio animado e saudavel. É claro que o bom tempo tem ajudado. Mas é de facto uma bela maneira de revitalizar a baixa portuense.
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
sexta-feira, outubro 24, 2008
O mundo dos filmes...
Há filmes algo loucos! Colete de forças/The Jacket é um deles. A impossibilidade do argumento é bem manipulado pelas magnificas interpretações de Adrien Brody (pós-Oscar), Keira Knightley e Kris Kristofferson. Um filme a ver...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
O munda das revistas...
Mais um excelente editorial de Francisco José Viegas na Ler deste mês. Primeiro fala na escola enquanto local primordial de incentivo à leitura, depois das bibliotecas pessoais que cada vez são menos numerosas. Por fim, uma nota ao Magalhães, e tenho de concordar com ele, daqui a 20 anos, só uma minoria terá uma caligrafia legível.
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
quinta-feira, outubro 23, 2008
quarta-feira, outubro 22, 2008
O mundo da TV....
Apesar de só ter conseguido a promoção do canal brasileiro FX, ela passa no FOX português! A série Saved acompanha um louco paramédico, que tem tanto de talentoso como de extravagante. Um pouco o House das ambulâncias! Tem uma banda sonora fantástica. Pelos vistos não houve segunda série, por isso apanhem a primeira...:D
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
O mundo dos jornais...
A revista Única do último Sábado é curiosa! Fala sobre dinheiro, como ser forreta, como ser excêntrico, como gastar, como poupar. Óptima para entendermos o dinheiro e as diferentes relações com ele...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
terça-feira, outubro 21, 2008
O mundo americano...
Os EUA tem muitos defeitos, as eleições são estranhas porque nem sempre ganha o mais votado, mas isto deveria ser transposto para Portugal! Mostra que os dois candidatos tem sentido de humor e se respeitam...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
segunda-feira, outubro 20, 2008
O mundo das crónicas...
Uma das melhores crónicas de José Manuel dos Santos sobre os chamados novos homens economicus...
Vêem-se naquelas avenidas onde os que se julgam donos do tempo encontraram lugar para dizer uns aos outros que pertencem ao mesmo mundo. Quando a hora se aproxima daquela em que se almoça, descem à rua com os seus fatos (ou blazers) cinzentos e azuis, as camisas com as iniciais bordadas no peito, as gravatas às riscas ou com brasões. Sósias uns dos outros, parecem multiplicados. Agrupam-se por idades e importâncias, nessa marcha hierarquizada, como a de um exército que avança para uma conquista infalível: a do sucesso. Os que chegam imitam os que já lá estão nos tiques, nas frases, nas marcas, nos gostos, nos gestos. Olham para as mesmas montras e têm as mesmas ambições. Mas, como no início de carreira ganham menos, o que parece igual, é diferente: nos casacos de uns, há lã e caxemira, nos de outros, lã e poliéster. Aí vão eles, com o seu andar ritmado e triunfante, emitindo ondas de perfume e falando obsessivamente ao telemóvel.
Já me aconteceu estar perto deles e ouvi-los. Falam pela boca uns dos outros uma linguagem uniforme e só referem coisas que o dinheiro compra. Gostam de verbos como alavancar, implementar, obstaculizar, externalizar, despoletar, posicionar, checkar, feedbackar, colapsar. Dizem o comum do comum e o ínfimo do ínfimo, convencidos de que nas suas bocas está a chave do futuro. Sentem-se a vanguarda do capitalismo, assim, outrora, alguns se sentiram a vanguarda do comunismo.
Não se lhes ouve pronunciar o título de um livro. Conhecem apenas relatórios e powerpoints. Acham que ler, pensar, ouvir, contemplar, saber, esperar é perder tempo, num tempo sem ele. Afinal, na Internet está tudo disponível... Julgam que a criação do mundo coincidiu com a data e a hora do seu nascimento. Não têm memória nem alteridade. Odeiam velhos, pobres, perdedores, pretos, feios, melancólicos e intelectuais, que complicam o que é simples. São homófobos, mas alguns, à terceira bebida, sucumbem ao encanto do corpo musculado do vizinho de ginásio. No fim, telefonam muito aflitos à namorada a dizer que ficaram a fazer serão no escritório. Casam em igrejas barrocas e fazem o copo de água em quintas nos arredores de Lisboa, ou sob tendas onde se repetem as ementas e as caras. Adoram-se e passam horas em frente do espelho a acariciar a face e a ajeitar o nó da gravata. Tomam ansiolíticos e antidepressivos continuamente e em doses crescentes.
Dizem de si que são jovens de elevado potencial e acreditam que, com dinheiro, a juventude lhes será eterna. Estes lobos ávidos confundem informação com sabedoria, interesse com desejo, imagem com visão, alucinação com imaginação. Sofrem de todas as ignorâncias que falseiam a vida. Não sabem que o fracasso é o outro rosto do triunfo, que a doença é a irmã mais próxima da saúde, que o futuro é tão antigo como o passado, que a morte é o segundo nome da vida. Ignoram que o homem não é mortal porque morre, mas morre porque é mortal. Querem-se elegantes, mas desconhecem que o mais elegante dos gestos humanos é aquele com que fazemos passar os outros à nossa frente. São de direita, porque acham que ser isso é ser mais do que os outros. Falam do Valor e do Lucro como os teólogos falam da Graça e da Salvação. Pensam que aquilo em que acreditam é o "horizonte incontornável do nosso tempo". Vorazes, violentos, vis, vaidosos e vazios, são prepotentes com o seu poder e subservientes ao poder dos outros: escravos hoje para poderem ser senhores amanhã.
Agora, andam muito assustados com a crise - e não apenas pelas razões que nos assustam a todos. Para eles, é como se a armada invencível a que pertencem começasse, derrotada, a afundar-se sob um céu vazio de um deus vencido pelo diabo. A hubris gerou a Némesis.
Num destes dias, num restaurante, vi-os. Comiam todos a mesma salada triste de salmão fumado. Tinham olheiras e um brilho sujo no rosto. Os nós das gravatas pareciam gastos, desalinhados e decaídos. O aroma do último perfume que acabava de sair, e que todos usavam, misturava-se ao invencível cheiro a queimado que saía da cozinha. O que balbuciavam sobre o afundamento das bolsas era incompreensível. O temor tornou-os sentimentais. Parecem atingidos por uma morte que os faz fantasmas. Talvez tenham começado a compreender que serão as primeiras vítimas do Minotauro que habita o centro do labirinto que eles ajudaram a construir.
Assim vai o mundo...
Vêem-se naquelas avenidas onde os que se julgam donos do tempo encontraram lugar para dizer uns aos outros que pertencem ao mesmo mundo. Quando a hora se aproxima daquela em que se almoça, descem à rua com os seus fatos (ou blazers) cinzentos e azuis, as camisas com as iniciais bordadas no peito, as gravatas às riscas ou com brasões. Sósias uns dos outros, parecem multiplicados. Agrupam-se por idades e importâncias, nessa marcha hierarquizada, como a de um exército que avança para uma conquista infalível: a do sucesso. Os que chegam imitam os que já lá estão nos tiques, nas frases, nas marcas, nos gostos, nos gestos. Olham para as mesmas montras e têm as mesmas ambições. Mas, como no início de carreira ganham menos, o que parece igual, é diferente: nos casacos de uns, há lã e caxemira, nos de outros, lã e poliéster. Aí vão eles, com o seu andar ritmado e triunfante, emitindo ondas de perfume e falando obsessivamente ao telemóvel.
Já me aconteceu estar perto deles e ouvi-los. Falam pela boca uns dos outros uma linguagem uniforme e só referem coisas que o dinheiro compra. Gostam de verbos como alavancar, implementar, obstaculizar, externalizar, despoletar, posicionar, checkar, feedbackar, colapsar. Dizem o comum do comum e o ínfimo do ínfimo, convencidos de que nas suas bocas está a chave do futuro. Sentem-se a vanguarda do capitalismo, assim, outrora, alguns se sentiram a vanguarda do comunismo.
Não se lhes ouve pronunciar o título de um livro. Conhecem apenas relatórios e powerpoints. Acham que ler, pensar, ouvir, contemplar, saber, esperar é perder tempo, num tempo sem ele. Afinal, na Internet está tudo disponível... Julgam que a criação do mundo coincidiu com a data e a hora do seu nascimento. Não têm memória nem alteridade. Odeiam velhos, pobres, perdedores, pretos, feios, melancólicos e intelectuais, que complicam o que é simples. São homófobos, mas alguns, à terceira bebida, sucumbem ao encanto do corpo musculado do vizinho de ginásio. No fim, telefonam muito aflitos à namorada a dizer que ficaram a fazer serão no escritório. Casam em igrejas barrocas e fazem o copo de água em quintas nos arredores de Lisboa, ou sob tendas onde se repetem as ementas e as caras. Adoram-se e passam horas em frente do espelho a acariciar a face e a ajeitar o nó da gravata. Tomam ansiolíticos e antidepressivos continuamente e em doses crescentes.
Dizem de si que são jovens de elevado potencial e acreditam que, com dinheiro, a juventude lhes será eterna. Estes lobos ávidos confundem informação com sabedoria, interesse com desejo, imagem com visão, alucinação com imaginação. Sofrem de todas as ignorâncias que falseiam a vida. Não sabem que o fracasso é o outro rosto do triunfo, que a doença é a irmã mais próxima da saúde, que o futuro é tão antigo como o passado, que a morte é o segundo nome da vida. Ignoram que o homem não é mortal porque morre, mas morre porque é mortal. Querem-se elegantes, mas desconhecem que o mais elegante dos gestos humanos é aquele com que fazemos passar os outros à nossa frente. São de direita, porque acham que ser isso é ser mais do que os outros. Falam do Valor e do Lucro como os teólogos falam da Graça e da Salvação. Pensam que aquilo em que acreditam é o "horizonte incontornável do nosso tempo". Vorazes, violentos, vis, vaidosos e vazios, são prepotentes com o seu poder e subservientes ao poder dos outros: escravos hoje para poderem ser senhores amanhã.
Agora, andam muito assustados com a crise - e não apenas pelas razões que nos assustam a todos. Para eles, é como se a armada invencível a que pertencem começasse, derrotada, a afundar-se sob um céu vazio de um deus vencido pelo diabo. A hubris gerou a Némesis.
Num destes dias, num restaurante, vi-os. Comiam todos a mesma salada triste de salmão fumado. Tinham olheiras e um brilho sujo no rosto. Os nós das gravatas pareciam gastos, desalinhados e decaídos. O aroma do último perfume que acabava de sair, e que todos usavam, misturava-se ao invencível cheiro a queimado que saía da cozinha. O que balbuciavam sobre o afundamento das bolsas era incompreensível. O temor tornou-os sentimentais. Parecem atingidos por uma morte que os faz fantasmas. Talvez tenham começado a compreender que serão as primeiras vítimas do Minotauro que habita o centro do labirinto que eles ajudaram a construir.
Assim vai o mundo...
O mundo dos jornais...
Bela reportagem sobre os Açores na revista Tabu de Sábado. De facto, acho um crime lesa-Pátria os preços proibitivos das viagens de avião para esse arquipélago que me é tão querido...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
domingo, outubro 19, 2008
sexta-feira, outubro 17, 2008
O mundo das revistas..
Já aqui falei do Courrier Internacional. Acho que a forma como está dividida (Compreender, Olhar, Saber, Explorar, Desfrutar) permite apreciar ainda melhor os belos artigos. Este mês destaco a entrevista ao psicólogo Paul Eckman, sobre a linguagem corporal e as emoções. Magnífica...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
quinta-feira, outubro 16, 2008
O mundo americano...
McCain ganhou o debate de ontem, mas parece-me que não foi suficiente... Ainda bem... Concordo com o Nuno Rogeiro! Perfeito seria Obama Presidente e McCain Vice-Presidente...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
O mundo dos filmes...
Vi ontem o filme Uma Casa no Fim do Mundo, baseado no livro de Michael Cunningham (o mesmo de "As Horas"). Um bom filme sobre uma relação estranha, mas que fala sobretudo do amor que pode haver entre três pessoas.
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
O mundo da bola...
Irrita-me que porque a selecção não joga bem com Queiroz, se fale de Scolari. Dois maus não fazem um bom...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
quarta-feira, outubro 15, 2008
O mundo dos filmes...
Um belo filme adoptado de um fantástico livro! Despertares conta a história de um grupo de doentes mentais que em 1969 tem uma melhora significativa devido à acção de um certo médico (Robin Williams numa interpretação fantástica). O exemplo mais flagrante é um certo paciente (Robert De Niro magistral) que serve de controlo ao uso dos fármacos. Nem tudo corre bem, mas mostra-nos o despertar da mente humana...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
terça-feira, outubro 14, 2008
O mundo dos filmes...
Ontem revi pela enésima vez um dos filmes, senão o filme, da minha vida! Falo do Crash, que ontem deu na TVI. Nunca comemorei tanto um Oscar de melhor filme como em 2006 com este filme. Já sei que existem filmes mais emblemáticos e marcantes, mas este marcou-me a mim. Por várias razões:
O argumento! Gosto muito de boa escrita. E quando vi este filme, achei o argumento fantástico. Consegui imprimi-lo e lê-lo atentamente. E ainda passei a gostar mais. Inteligente, incisivo, apaixonante. Um argumento que parece um livro, cheio de frases que se transformam em citações, como: "It's the sense of touch. In any real city, you walk, you know? You brush past people, people bump into you. In L.A., nobody touches you. We're always behind this metal and glass. I think we miss that touch so much, that we crash into each other, just so we can feel something."
O elenco! Cheio de actores com créditos firmados e com interpretações seguras e únicas. Destaco Don Cheadle pelo papel com um pouco mais de protagonismo e que marca o ritmo do filme. Notável como por vezes não necessita de palavras para construir uma interpretação brilhante.
A intensidade! Um filme intenso, onde dei por mim a vibrar mais do que num jogo de futebol. Numa certa cena, quase gritei para uma personagem. E no fim, tive uma sensação de preenchimento incrível.
A banda sonora! Sou um fã de bandas sonoras. Muitas habitam os meus cds e esta é talvez a mais bem construída de todas. São músicas pungentes, quase todas instrumentais, até porque o filme tem um bom argumento. E as que tem letra, são escolhidas a dedo. Deixo aqui exemplos.
Assim vai o mundo...
O argumento! Gosto muito de boa escrita. E quando vi este filme, achei o argumento fantástico. Consegui imprimi-lo e lê-lo atentamente. E ainda passei a gostar mais. Inteligente, incisivo, apaixonante. Um argumento que parece um livro, cheio de frases que se transformam em citações, como: "It's the sense of touch. In any real city, you walk, you know? You brush past people, people bump into you. In L.A., nobody touches you. We're always behind this metal and glass. I think we miss that touch so much, that we crash into each other, just so we can feel something."
O elenco! Cheio de actores com créditos firmados e com interpretações seguras e únicas. Destaco Don Cheadle pelo papel com um pouco mais de protagonismo e que marca o ritmo do filme. Notável como por vezes não necessita de palavras para construir uma interpretação brilhante.
A intensidade! Um filme intenso, onde dei por mim a vibrar mais do que num jogo de futebol. Numa certa cena, quase gritei para uma personagem. E no fim, tive uma sensação de preenchimento incrível.
A banda sonora! Sou um fã de bandas sonoras. Muitas habitam os meus cds e esta é talvez a mais bem construída de todas. São músicas pungentes, quase todas instrumentais, até porque o filme tem um bom argumento. E as que tem letra, são escolhidas a dedo. Deixo aqui exemplos.
Assim vai o mundo...
O mundo dos jornais...
É uma entrevista diferente! Na revista Única do Expresso de Sábado Pilar del Rio entrevista, interroga, questiona José Saramago. É claro que sendo sua companheira poderia ser mais venerativa, mas não! Ela não tem medo de discordar, de o obrigar a justificar muito bem a sua posição. Fala-se de tudo, política, literatura, doença, morte, Nobel. Nem sempre concordo com Saramago, confesso que até hoje só li o Memorial, acho que por vezes a sua maneira de ser deveria ser mais terra a terra, mas ainda assim uma pessoa importante no panorama nacional...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
segunda-feira, outubro 13, 2008
O mundo dos jornais...
Churchill visto por José Manuel dos Santos...
Acordava às oito horas, tomava o pequeno-almoço (ovos com presunto, perna de galinha, melão, sumo de laranja, café), fumava o primeiro charuto de uma série diária de oito e permanecia na cama a ler e a ditar mensagens à secretária. Às dez, tomava banho e arranjava-se com esmero. Ia então para o gabinete receber pessoas. Depois de beber um ou dois whisky and soda, almoçava, à uma e meia da tarde, com convidados, ou era ele o convidado (do rei, às terças-feiras). Às três, dormia a sesta. Uma hora depois, acordava, tomava de novo banho e mudava de roupa. Às quatro e meia, prosseguia o despacho, fazia reuniões e continuava a receber até às oito e meia. A essa hora, jantava os seus pratos preferidos, acompanhados de champanhe. Às dez, trabalhava mais um pouco, até que, às onze e meia, via um filme ou jogava uma partida de cartas. À uma da manhã, deitava-se. Antes de adormecer, lia jornais ou livros. Este era o dia-padrão de Churchill, quando era primeiro-ministro, mesmo durante a guerra. Só o mudava se os acontecimentos o obrigassem.
Esta agenda sibarita é-nos descrita, acompanhada de algumas peças que a materializavam, no fascinante labirinto que, em Londres, perto do número 10 de Downing Street, dá pelo nome de Churchill Museum and Cabinet War Rooms. Aqui se conserva o subterrâneo que, sob os bombardeamentos, serviu de quartel-general ao Governo durante a II Guerra Mundial. Das mesas às camas, das loiças às roupas, do telefone directo à Casa Branca ao emissor da BBC para falar à Grã-Bretanha e ao Mundo, dos mapas onde a evolução da guerra era seguida, sinalizada e decidida ao aparelho eléctrico que permitia acender cigarros, do quarto de Churchill ao gabinete de trabalho, da sala do Conselho de Ministros à dos chefes militares - ali se apresenta tudo com um rigor e uma autenticidade que nos fazem regressar a esse tempo vivido sobre o abismo. Ali, ouve-se a voz de Churchill, seguem-se os seus passos, os seus gestos, o fumo do seu charuto e o movimento da sua cólera.
A meio deste circuito mítico, existe agora um Museu Churchill, que usa tecnologias sedutoras. Atravessando aquelas imagens, coisas, legendas e memórias, vai-se dos dias da guerra aos da paz, dos da sua morte (com 90 anos) aos do nascimento, dos da infância (estão lá os cadernos e os soldadinhos de chumbo) aos da carreira. Ali estão o aristocrata, o militar, o jornalista, o democrata, o político, o escritor, o pintor amador, o "dandy", o conservador, o rebelde. Estão os fatos, as fardas, as medalhas, os documentos, os objectos, os livros, as fotografias, os filmes que nos devolvem os acontecimentos e o seu rasto, as vitórias e a sua exaltação, as derrotas e a sua ansiedade. Está o mapa duma vida, mostrando o que nela se passou dia a dia, hora a hora - os trabalhos e os prazeres. Está sobretudo o retrato de uma personalidade única, livre e audaciosa - tão humana nas suas qualidades e defeitos, nos talentos e convicções, nas manias e contradições. E quase sobre-humana na sua coragem feliz e indomável! Este retrato é uma das chaves para percebermos o que aconteceu nesse tempo de tantos perigos vencidos. Churchill, com a sua vontade de liberdade e o seu instinto de vida (que se opunha ao instinto de morte de Hitler), foi o "homem com qualidades", o anti-Ulrich de Musil.
Quando recentemente estive em Londres, fiz esta longa travessia pela vida de um político que percebeu, antes dos outros, o "ser" dos totalitarismos, opondo-se ao "espírito" de rendição da época e assegurando a liberdade ao nosso mundo ameaçado. Este museu prova-nos que os grandes homens são capazes, num momento fatal, de saltar sobre o medo do tempo, vendo o dia para além da noite que cresce.
Pouco depois desta visita, ao ler uma biografia de Marcel Proust, reparei que, em 14 de Agosto de 1918, o escritor, que nesse Verão resolveu não ir de férias para Cabourg, foi jantar sozinho ao Hotel Ritz de Paris, do qual era frequentador assíduo e ostensivo. Numa mesa, junto dele, estava Winston Churchill, que ainda não era quem seria. O olhar minucioso e indagador de Proust cruzou-se com o olhar irónico e determinado de Churchill. Nesse encontro de olhares foi como se o século XX dissesse um dos seus nomes. (in Expresso)
Assim vai o mundo...
Acordava às oito horas, tomava o pequeno-almoço (ovos com presunto, perna de galinha, melão, sumo de laranja, café), fumava o primeiro charuto de uma série diária de oito e permanecia na cama a ler e a ditar mensagens à secretária. Às dez, tomava banho e arranjava-se com esmero. Ia então para o gabinete receber pessoas. Depois de beber um ou dois whisky and soda, almoçava, à uma e meia da tarde, com convidados, ou era ele o convidado (do rei, às terças-feiras). Às três, dormia a sesta. Uma hora depois, acordava, tomava de novo banho e mudava de roupa. Às quatro e meia, prosseguia o despacho, fazia reuniões e continuava a receber até às oito e meia. A essa hora, jantava os seus pratos preferidos, acompanhados de champanhe. Às dez, trabalhava mais um pouco, até que, às onze e meia, via um filme ou jogava uma partida de cartas. À uma da manhã, deitava-se. Antes de adormecer, lia jornais ou livros. Este era o dia-padrão de Churchill, quando era primeiro-ministro, mesmo durante a guerra. Só o mudava se os acontecimentos o obrigassem.
Esta agenda sibarita é-nos descrita, acompanhada de algumas peças que a materializavam, no fascinante labirinto que, em Londres, perto do número 10 de Downing Street, dá pelo nome de Churchill Museum and Cabinet War Rooms. Aqui se conserva o subterrâneo que, sob os bombardeamentos, serviu de quartel-general ao Governo durante a II Guerra Mundial. Das mesas às camas, das loiças às roupas, do telefone directo à Casa Branca ao emissor da BBC para falar à Grã-Bretanha e ao Mundo, dos mapas onde a evolução da guerra era seguida, sinalizada e decidida ao aparelho eléctrico que permitia acender cigarros, do quarto de Churchill ao gabinete de trabalho, da sala do Conselho de Ministros à dos chefes militares - ali se apresenta tudo com um rigor e uma autenticidade que nos fazem regressar a esse tempo vivido sobre o abismo. Ali, ouve-se a voz de Churchill, seguem-se os seus passos, os seus gestos, o fumo do seu charuto e o movimento da sua cólera.
A meio deste circuito mítico, existe agora um Museu Churchill, que usa tecnologias sedutoras. Atravessando aquelas imagens, coisas, legendas e memórias, vai-se dos dias da guerra aos da paz, dos da sua morte (com 90 anos) aos do nascimento, dos da infância (estão lá os cadernos e os soldadinhos de chumbo) aos da carreira. Ali estão o aristocrata, o militar, o jornalista, o democrata, o político, o escritor, o pintor amador, o "dandy", o conservador, o rebelde. Estão os fatos, as fardas, as medalhas, os documentos, os objectos, os livros, as fotografias, os filmes que nos devolvem os acontecimentos e o seu rasto, as vitórias e a sua exaltação, as derrotas e a sua ansiedade. Está o mapa duma vida, mostrando o que nela se passou dia a dia, hora a hora - os trabalhos e os prazeres. Está sobretudo o retrato de uma personalidade única, livre e audaciosa - tão humana nas suas qualidades e defeitos, nos talentos e convicções, nas manias e contradições. E quase sobre-humana na sua coragem feliz e indomável! Este retrato é uma das chaves para percebermos o que aconteceu nesse tempo de tantos perigos vencidos. Churchill, com a sua vontade de liberdade e o seu instinto de vida (que se opunha ao instinto de morte de Hitler), foi o "homem com qualidades", o anti-Ulrich de Musil.
Quando recentemente estive em Londres, fiz esta longa travessia pela vida de um político que percebeu, antes dos outros, o "ser" dos totalitarismos, opondo-se ao "espírito" de rendição da época e assegurando a liberdade ao nosso mundo ameaçado. Este museu prova-nos que os grandes homens são capazes, num momento fatal, de saltar sobre o medo do tempo, vendo o dia para além da noite que cresce.
Pouco depois desta visita, ao ler uma biografia de Marcel Proust, reparei que, em 14 de Agosto de 1918, o escritor, que nesse Verão resolveu não ir de férias para Cabourg, foi jantar sozinho ao Hotel Ritz de Paris, do qual era frequentador assíduo e ostensivo. Numa mesa, junto dele, estava Winston Churchill, que ainda não era quem seria. O olhar minucioso e indagador de Proust cruzou-se com o olhar irónico e determinado de Churchill. Nesse encontro de olhares foi como se o século XX dissesse um dos seus nomes. (in Expresso)
Assim vai o mundo...
domingo, outubro 12, 2008
O mundo da música..
O filho de Bob Dylan canta muito bem! Faz lembrar o pai, mas canta melhor...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
sexta-feira, outubro 10, 2008
O mundo da blogosfera...
Fantástico este post daqui
A crise do subprime explicada aos pequeninos
O Ti Joaquim tem uma tasca, na Vila Carrapato, e decide que vai vender copos "fiados"aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados. Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouco o preço da dose do tintol e da branquinha (a diferença é o preço que os pinguços pagam pelo crédito).
O gerente do banco do Ti Joaquim, um ousado administrador formado num curso muito reconhecido, decide que o livrinho das dívidas da tasca constitui, afinal, um activo, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento, tendo o "fiado" dos fregueses como garantia.
Uns seis “zécutivos” de bancos, mais adiante, pegam no tal “activo”, e transformam-no em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrónimo financeiro que ninguém sabe exactamente o que quer dizer.
Esses adicionais instrumentos financeiros alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (os tais livrinhos das dívidas do Ti Joaquim).
Esses derivados são negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.
Até que alguém descobre que os bêbados da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e a tasca do Ti Joaquim vai à falência. E toda a cadeia ruiu.
Assim vai o mundo...
A crise do subprime explicada aos pequeninos
O Ti Joaquim tem uma tasca, na Vila Carrapato, e decide que vai vender copos "fiados"aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados. Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouco o preço da dose do tintol e da branquinha (a diferença é o preço que os pinguços pagam pelo crédito).
O gerente do banco do Ti Joaquim, um ousado administrador formado num curso muito reconhecido, decide que o livrinho das dívidas da tasca constitui, afinal, um activo, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento, tendo o "fiado" dos fregueses como garantia.
Uns seis “zécutivos” de bancos, mais adiante, pegam no tal “activo”, e transformam-no em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrónimo financeiro que ninguém sabe exactamente o que quer dizer.
Esses adicionais instrumentos financeiros alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (os tais livrinhos das dívidas do Ti Joaquim).
Esses derivados são negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.
Até que alguém descobre que os bêbados da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e a tasca do Ti Joaquim vai à falência. E toda a cadeia ruiu.
Assim vai o mundo...
quinta-feira, outubro 09, 2008
quarta-feira, outubro 08, 2008
O mundo americano...
Hoje de madrugada mais um debate entre os candidatos à presidência norte-americano. Acompanhei a SIC Noticias antes e depois do debate porque o Pedro Mourinho, Martim Cabral e Luis Costa Ribas oferecem-nos boas explicações sobre as posições e posturas dos candidatos. Mas o debate segui-o na CNN porque acho terrível a tradução simultanea da SIC Noticias. Quanto ao debate ganhou Obama, e cada vez mais me parece que McCain não vai conseguir mudar a maré democrata...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
terça-feira, outubro 07, 2008
O mundo do cinema..
Ontem vi pela primeira vez o delirio shakespereano de Baz Luhrmann, que é como quem diz Romeu e Julieta. Uma loucura visual a que se junta uma bela banda sonora...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
segunda-feira, outubro 06, 2008
O mundo do cinema...
Paul Newman visto por José Manuel dos Santos...
Os grandes actores de cinema vivem um eterno retorno, sabendo que cada imagem sua regressará um dia: o presente é-lhes sempre futuro e o futuro, passado. Foi para tentar quebrar esse círculo fatal, esta condenação a ser o que se foi, que, uma vez, Paul Newman publicou um anúncio num jornal a pedir ao público para não ver o primeiro filme em que entrou The Silver Chalice, que passava na televisão vinte anos depois de Victor Saville o ter realizado. Ele próprio não o via: envergonhava-se de o ter feito e pedia desculpa por isso. Esse gesto mostra bem o inferno do actor que fica preso a uma imagem como a um fogo que o devora eternamente. Para o actor, cada papel transforma-se na pedra que carrega repetidamente até ao cimo da montanha.
Newman tinha uma cintilação física que cegava quem o via para o que não fosse ele. A luz azul do olhar num rosto esculpido por um Fídias genético e a perfeição do corpo poderiam tê-lo tornado prisioneiro da sua beleza: um boneco animado que passaria a vida a fazer papéis de gladiador romano. Ele pressentiu o perigo ("um corpo sem nome") e preveniu-o, exigindo de si que o trabalho do actor levasse sempre a melhor sobre o resto. Costumava dizer que não tinha uma arte intuitiva, e era verdade. Tudo nele era resultado de um esforço, de uma técnica, de uma composição, de uma construção. Mas tudo feito com uma sabedoria que escondia os andaimes e mostrava o edifício.
Além disso, para que o risco fosse mínimo e a prevenção total, escolheu personagens que lhe usassem a imagem física, mas que a pusessem em causa, a ameaçassem e, no limite, quase a destruíssem. Para atingir esse alvo com precisão, Tennessee Williams serviu-lhe bem. Aqueles homens belos e atormentados, tumultuosos e fracassados, viris e ambíguos que vivem contra eles próprios e contra o mundo foram-lhe um terreno onde ele ergueu o seu esplendor acossado. Começando por ser o que apanhava os restos de James Dean, tornou-se amigo de Marlon Brando, que lhe foi sombra e desafio.
Depois de, durante a infância, ter visto alegremente as fitas que então os miúdos viam, o meu primeiro filme de "adulto" tinha o nome de Paul Newman a abrir o genérico. Chama-se Do Alto do Terraço (From the Terrace) e vi-o no Tivoli. Estava classificado para maiores de 12 anos, mas eu teria apenas 10. Fiquei deslumbrado e, nessa noite, as imagens, as luzes, os sons não me deixaram dormir. Passada em Wall Street, a história parecia destes tempos de crise ("esta selva é pior do que a dos gangsters") e levou-me a outros mundos, outras vozes. Ele contracenava com a mulher, Joanne Woodward, num papel em que fazia de empresário aeronáutico. Tudo no filme era bonito: os actores, as roupas, os ambientes, os "décors", as paisagens. E tudo no filme era feio: os golpes, as traições, as trapaças, as vilanias, as fraudes. Quando no ecrã apareceu "The End", eu era outro. Nunca mais revi esse filme, que passou a fazer parte da minha mitologia privada. Várias vezes o procurei encontrar em DVD, sem conseguir. Sei hoje que o filme não é uma obra-prima, embora então me tivesse parecido. Por isso, com a memória que dele conservo, talvez seja melhor, afinal, não me reencontrar com ele. Mas também sei que, se puder, não resistirei a isso...
Mais tarde, fui vendo muitos outros filmes em que entrou, alguns inesquecíveis. Fascinou-me sempre o modo astuto como soube envelhecer ("ninguém continua jovem") e a escolha de papéis em cada idade. E por detrás do actor que se fez contra a facilidade da sua beleza e do realizador que resolveu arriscar havia o homem com convicções e com humor, o cidadão com consciência política, o cozinheiro, o piloto de automóveis.
A morte de Newman, neste momento vital para os Estados Unidos e para o mundo, deixa-nos mais entregues aos seus filmes, às suas imagens, às suas memórias. Tudo o que é dele diz-nos que depende de nós não estarmos num mundo em que todos digamos a todos as palavras que Maggie (Elizabeth Taylor) atira a Brick (Paul Newman) em Gata em Telhado de Zinco Quente: "Nós já não vivemos juntos. Dividimos apenas a mesma gaiola." (in Expresso)
Assim vai o mundo...
Os grandes actores de cinema vivem um eterno retorno, sabendo que cada imagem sua regressará um dia: o presente é-lhes sempre futuro e o futuro, passado. Foi para tentar quebrar esse círculo fatal, esta condenação a ser o que se foi, que, uma vez, Paul Newman publicou um anúncio num jornal a pedir ao público para não ver o primeiro filme em que entrou The Silver Chalice, que passava na televisão vinte anos depois de Victor Saville o ter realizado. Ele próprio não o via: envergonhava-se de o ter feito e pedia desculpa por isso. Esse gesto mostra bem o inferno do actor que fica preso a uma imagem como a um fogo que o devora eternamente. Para o actor, cada papel transforma-se na pedra que carrega repetidamente até ao cimo da montanha.
Newman tinha uma cintilação física que cegava quem o via para o que não fosse ele. A luz azul do olhar num rosto esculpido por um Fídias genético e a perfeição do corpo poderiam tê-lo tornado prisioneiro da sua beleza: um boneco animado que passaria a vida a fazer papéis de gladiador romano. Ele pressentiu o perigo ("um corpo sem nome") e preveniu-o, exigindo de si que o trabalho do actor levasse sempre a melhor sobre o resto. Costumava dizer que não tinha uma arte intuitiva, e era verdade. Tudo nele era resultado de um esforço, de uma técnica, de uma composição, de uma construção. Mas tudo feito com uma sabedoria que escondia os andaimes e mostrava o edifício.
Além disso, para que o risco fosse mínimo e a prevenção total, escolheu personagens que lhe usassem a imagem física, mas que a pusessem em causa, a ameaçassem e, no limite, quase a destruíssem. Para atingir esse alvo com precisão, Tennessee Williams serviu-lhe bem. Aqueles homens belos e atormentados, tumultuosos e fracassados, viris e ambíguos que vivem contra eles próprios e contra o mundo foram-lhe um terreno onde ele ergueu o seu esplendor acossado. Começando por ser o que apanhava os restos de James Dean, tornou-se amigo de Marlon Brando, que lhe foi sombra e desafio.
Depois de, durante a infância, ter visto alegremente as fitas que então os miúdos viam, o meu primeiro filme de "adulto" tinha o nome de Paul Newman a abrir o genérico. Chama-se Do Alto do Terraço (From the Terrace) e vi-o no Tivoli. Estava classificado para maiores de 12 anos, mas eu teria apenas 10. Fiquei deslumbrado e, nessa noite, as imagens, as luzes, os sons não me deixaram dormir. Passada em Wall Street, a história parecia destes tempos de crise ("esta selva é pior do que a dos gangsters") e levou-me a outros mundos, outras vozes. Ele contracenava com a mulher, Joanne Woodward, num papel em que fazia de empresário aeronáutico. Tudo no filme era bonito: os actores, as roupas, os ambientes, os "décors", as paisagens. E tudo no filme era feio: os golpes, as traições, as trapaças, as vilanias, as fraudes. Quando no ecrã apareceu "The End", eu era outro. Nunca mais revi esse filme, que passou a fazer parte da minha mitologia privada. Várias vezes o procurei encontrar em DVD, sem conseguir. Sei hoje que o filme não é uma obra-prima, embora então me tivesse parecido. Por isso, com a memória que dele conservo, talvez seja melhor, afinal, não me reencontrar com ele. Mas também sei que, se puder, não resistirei a isso...
Mais tarde, fui vendo muitos outros filmes em que entrou, alguns inesquecíveis. Fascinou-me sempre o modo astuto como soube envelhecer ("ninguém continua jovem") e a escolha de papéis em cada idade. E por detrás do actor que se fez contra a facilidade da sua beleza e do realizador que resolveu arriscar havia o homem com convicções e com humor, o cidadão com consciência política, o cozinheiro, o piloto de automóveis.
A morte de Newman, neste momento vital para os Estados Unidos e para o mundo, deixa-nos mais entregues aos seus filmes, às suas imagens, às suas memórias. Tudo o que é dele diz-nos que depende de nós não estarmos num mundo em que todos digamos a todos as palavras que Maggie (Elizabeth Taylor) atira a Brick (Paul Newman) em Gata em Telhado de Zinco Quente: "Nós já não vivemos juntos. Dividimos apenas a mesma gaiola." (in Expresso)
Assim vai o mundo...
O mundo da TV...
Estreou ontem o novo programa "Zé Carlos" dos Gato Fedorento. Achei pouco, achei que estão a começar a acomodar-se e perder a irreverência. Acho que "Os Contemporâneos" estão com mais humor e acutilância. Mas quem ganha somos nós nesta disputa de humor...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
domingo, outubro 05, 2008
O mundo dos jornais...
Maravilhosa a entrevista de Carlos do Carmo à revista Tabu de ontem. A serenidade e inteligência de um dos maiores fadistas portugueses...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
O mundo das letras...
Soube hoje que sexta morreu Dinis Machado! Nunca li mas já tinha prometido a mim mesmo ler o "O que diz Molero! Fará falta como fazem todos os vultos da Lingua Portuguesa...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
sexta-feira, outubro 03, 2008
O mundo dos livros...
Li ontem o primeiro capítulo do livro "O Pendulo de Foucault" de Umberto Eco e digo-vos que foi muito complicado. Mas aguentei... Vamos lá ver que tal é o resto...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
quinta-feira, outubro 02, 2008
O mundo da TV...
Que saudade de ter o Today Show na Sic Radical... Jon Stewart até às eleições americanas... Óptimo...
Assim vai o mundo...
Assim vai o mundo...
quarta-feira, outubro 01, 2008
O mundo da bola...
Já não me lembrava de me irritar com um jogo, mas ontem foi demais... Estou como o meu caríssimo homónimo...
Sim, eu posso ter maus fígados mas, aos 73 minutos, quando aquele mexicano do Arsenal entrou pela área do FC Porto aos toques, eu desatei a rir – só parei quando vi, pela televisão, que Arsène Wenger tinha feito o mesmo e pelas mesmas razões. Estava irritado pela chamada de Lucho, fragilizado e sem ritmo, incluído numa equipa trôpega, sem alma, sem laterais (ia escrever «sem defesa e sem ideias para o ataque» mas pareceu-me muita coisa junta) – só por maldade ou por distracção se poderia exigir o talento de Lucho para organizar uma banda desafinada e sem capacidade de fazer marcações, sem falar do buço do Tomás Costa (um magricela que até não esteve mal na ala direita mas, para todos os efeitos, um jogador que cumpre mandar recolher a um sanatório para engorda e musculação), do desequilíbrio daquele rapaz que veio do Benfica (substituído inutilmente pelo Candeias, que não tem culpa) ou da inutilidade de Benítez (sempre batido por Walcott, que também bateu Bruno Alves limpinho). Quanto a Helton, eu proibía-o de jogar de calças; basta lembrar Krajl, outro guarda-redes de calças compridas – completamente disfuncional – que passou pelo FC Porto como capataz de aviário. E quanto aos semi-golos de Lisandro e de Rodríguez, é justo dizer que não passaram de bolas que não entraram. Quanto a Jesualdo Ferreira, o projectista, não percebo. As coisas são como são. (Francisco José Viegas)
Assim vai o mundo...
Sim, eu posso ter maus fígados mas, aos 73 minutos, quando aquele mexicano do Arsenal entrou pela área do FC Porto aos toques, eu desatei a rir – só parei quando vi, pela televisão, que Arsène Wenger tinha feito o mesmo e pelas mesmas razões. Estava irritado pela chamada de Lucho, fragilizado e sem ritmo, incluído numa equipa trôpega, sem alma, sem laterais (ia escrever «sem defesa e sem ideias para o ataque» mas pareceu-me muita coisa junta) – só por maldade ou por distracção se poderia exigir o talento de Lucho para organizar uma banda desafinada e sem capacidade de fazer marcações, sem falar do buço do Tomás Costa (um magricela que até não esteve mal na ala direita mas, para todos os efeitos, um jogador que cumpre mandar recolher a um sanatório para engorda e musculação), do desequilíbrio daquele rapaz que veio do Benfica (substituído inutilmente pelo Candeias, que não tem culpa) ou da inutilidade de Benítez (sempre batido por Walcott, que também bateu Bruno Alves limpinho). Quanto a Helton, eu proibía-o de jogar de calças; basta lembrar Krajl, outro guarda-redes de calças compridas – completamente disfuncional – que passou pelo FC Porto como capataz de aviário. E quanto aos semi-golos de Lisandro e de Rodríguez, é justo dizer que não passaram de bolas que não entraram. Quanto a Jesualdo Ferreira, o projectista, não percebo. As coisas são como são. (Francisco José Viegas)
Assim vai o mundo...
terça-feira, setembro 30, 2008
O mundo da música...
A minha música favorita dos Beatles! A beleza da letra e simplicidade da melodia fazem desta música uma peça eterna...
Blackbird
Blackbird singing in the dead of night
Take these broken wings and learn to fly
All your life
You were only waiting for this moment to arise
Black bird singing in the dead of night
Take these sunken eyes and learn to see
all your life
you were only waiting for this moment to be free
Blackbird fly, Blackbird fly
Into the light of the dark black night.
Blackbird fly, Blackbird fly
Into the light of the dark black night.
Blackbird singing in the dead of night
Take these broken wings and learn to fly
All your life
You were only waiting for this moment to arise,oh
You were only waiting for this moment to arise, oh
You were only waiting for this moment to arise
Assim vai o mundo...
Blackbird
Blackbird singing in the dead of night
Take these broken wings and learn to fly
All your life
You were only waiting for this moment to arise
Black bird singing in the dead of night
Take these sunken eyes and learn to see
all your life
you were only waiting for this moment to be free
Blackbird fly, Blackbird fly
Into the light of the dark black night.
Blackbird fly, Blackbird fly
Into the light of the dark black night.
Blackbird singing in the dead of night
Take these broken wings and learn to fly
All your life
You were only waiting for this moment to arise,oh
You were only waiting for this moment to arise, oh
You were only waiting for this moment to arise
Assim vai o mundo...
segunda-feira, setembro 29, 2008
O mundo americano...
Excelente artigo de Miguel Sousa Tavares no Expresso sobre os EUA. Acho que esta é a última oportunidade dada pelo mundo aos americanos de escolherem alguém do seu agrado.
Europa e o problema americano
O presidente da Comissão Europeia, o 'nosso' Durão Barroso, descobriu agora os malefícios do "unilateralismo" americano no mundo de hoje. Arrependido, "ex officio", dos tempos do seu americanismo militante, quando se curvava em mesuras perante o "George" na cimeira das Lages, jurando a pés juntos que o seu "amigo George" era incapaz de mentir e que ia atacar o Iraque porque tinha provas das armas de destruição maciça de Saddam Hussein - que ele, Barroso, havia visto com os seus olhos - o comissário-chefe dessa coisa difusa a que insistimos em chamar Europa resolveu agora escrever um "dazibao" aos dois candidatos à próxima presidência dos Estados Unidos, dando-lhe conta dos sentimentos actuais de um europeu. A Europa, diz Durão Barroso, quer que o próximo Presidente americano perceba que não pode passar sem ela; que se renda ao "multilateralismo", deixando de se comportar como o único actor global; que aceite a reforma das instituições que a Administração Bush tratou de tornar obsoletas e inúteis, como a ONU, o FMI, o Banco Mundial; que aceite a presença de outros "players" emergentes na cena mundial, com direito a audição e participação nas decisões, que reconheça que há problemas sérios à escala planetária que não podem continuar dependentes da agenda doméstica de um Presidente dos Estados Unidos. Tudo coisas óbvias e consensuais e que agora são fáceis de dizer. Há uma década, a ex-secretária de Estado americana Madeleine Albright, classificava os Estados Unidos como "a nação indispensável". Oito anos de desastrada gestão de Bush encarregaram-se de nos ensinar amargamente que as coisas podiam mudar: os Estados Unidos tornaram-se hoje a nação dispensável - de bom grado dispensaríamos a contribuição que deram para o estado do mundo, nestes últimos tempos. Em oito anos, a nação que a dupla Clinton-Gore havia deixado na prosperidade e no caminho de uma efectiva e inteligente liderança mundial transformou-se num dos problemas do mundo, ao lado da Al-Qaeda e do fundamentalismo islâmico ou do aquecimento global. Os Estados Unidos que George W. Bush vai deixar em herança são o maior consumidor de energia e matérias-primas à escala global; o maior poluidor do planeta e o mais feroz adversário de todas as convenções e tentativas de inverter o caminho para o caos - tendo a Casa Branca chegado ao extremo de falsificar relatórios científicos para tentar provar que o aquecimento global não existia; são o principal factor de provocação do terrorismo islâmico e o maior destabilizador da paz no Médio Oriente, nos Balcãs, no Cáucaso; são o mais hipócrita defensor de um comércio global livre e justo, que defendem no papel e tratam de sabotar na prática, sempre que lhes dá jeito; e são, conforme se tornou agora exuberantemente exposto, o grande agente e exportador da crise económica mundial, graças à ganância dos amigos de Bush e à cumplicidade cooperante deste. Eis a herança do 'amigo George'. Não admira que até Durão Barroso seja agora capaz de negar três vezes que o conhece. E, todavia, só se deixou enganar quem quis. Os americanos, claro, e é por isso que a América é uma nação perigosa, porque tanto se podem entregar a um Roosevelt ou a um Clinton como a um Nixon ou a um Bush. Mas não só os americanos: também essa geração de dirigentes europeus enfatuados, que parecem desprovidos de pensamento próprio, mesmo quando se trata de questões que tocam muito mais de perto à Europa do que à América, como são os Balcãs, o Médio Oriente ou as relações com a Rússia. Toda a gente sabia que Bush era um completo ignorante em matéria de política externa, dotado daquela ignorância arrogante que se encontra no americano médio, que está convencido de que, fora dos Estados Unidos, nada mais conta e nada mais interessa, e que o mundo inteiro vive no desejo de poder imitar o estilo de vida e os 'valores' americanos - os únicos justos e conformes à vontade de Deus. Mas a ignorância é uma arma perigosa nas mãos de um homem poderoso, e dizem que o Presidente dos Estados Unidos é o homem mais poderoso do mundo. Foi a ignorância de Bush que conduziu os Estados Unidos ao caos e fez do mundo um lugar infinitamente mais perigoso. Tudo era por demais evidente que assim seria, mas a "intelligentsia" europeia que ditou moda nos últimos tempos havia decretado, qual "fatwa", que duvidar da infalibilidade americana era crime de "antiamericanismo primário" - uma doença mental de diletantes ou "órfãos do comunismo". Corremos o risco de ter mais do mesmo. A semana passada, durante uma entrevista à televisão espanhola, ficou a perceber-se que o candidato McCain - tido como um "especialista" em política externa - não sabia que Rodriguez Zapatero é primeiro-ministro de Espanha, o que equivale a dizer que não acha que a Espanha seja uma nação suficientemente importante para interessar um Presidente dos Estados Unidos. E a candidata a vice-presidente, a dona-de-casa do Alasca, Sarah Palin - que até ao ano passado nunca tinha pedido um passaporte para sair dos EUA - só terça-feira passada se encontrou pela primeira vez com um dirigente estrangeiro. Puseram-na nas mãos do 'guru' Kissinger para um "brain-storming" intensivo e trataram de introduzi-la à pressa ao resto do mundo, começando pelos amigos: os Presidentes da Geórgia, Ucrânia, Iraque e Afeganistão. Graças a uma indiscrição da CNN, cujo repórter se conseguiu aproximar da senhora mais do que os seguranças consentem, ficou a saber-se que, na quarta-feira, Kissinger tratava de lhe explicar quem era Sarkozy. A coisa promete... O que está errado na carta de Durão Barroso aos candidates às eleições americanas é o tom de pedido: a Europa pede aos Estados Unidos que a levem em conta. Dir-se-ia que a factura de Omaha Beach nunca mais está saldada... Mas venha Obama ou McCain, não há mais tempo a perder nem mais desculpas para que a direcção política europeia continue eternamente a resguardar-se nos interesses da 'Aliança Atlântica' para não assumir as suas responsabilidades. A Europa tem de ter uma política externa e uma política de defesa autónomas, que não dependam da NATO nem da ignorância geopolítica dos presidentes americanos. Tem de ter uma estratégia própria para as crises dentro das suas fronteiras e no seu perímetro. Uma estratégia própria para os Balcãs, para o Médio Oriente, para o Magrebe, para o Irão. E, claro, para a Rússia, que é um dos seus principais fornecedores de gás e petróleo e um parceiro indispensável para a manutenção da paz e para a resolução de crises regionais onde os interesses estratégicos americanos só atrapalham. A Europa não tem qualquer interesse em ver mísseis americanos a cercar a Rússia, nem em envolver-se, à sombra da NATO, em intervenções sem sentido e que, em última análise, apenas podem ressuscitar o espírito de guerra-fria sepultado em Berlim há quase vinte anos. Desgraçadamente, toda a gente parece concordar num ponto: não é com esta geração de políticos europeus que a Europa se conseguirá afirmar e construir. Precisamos de estadistas, de visionários, e só temos malabaristas da política e mestres da conjuntura e do vazio. Uma geração muda-se de cima para baixo, começando por mudar as opiniões públicas. É isso que se torna urgente fazer.
Assim vai o mundo...
Europa e o problema americano
O presidente da Comissão Europeia, o 'nosso' Durão Barroso, descobriu agora os malefícios do "unilateralismo" americano no mundo de hoje. Arrependido, "ex officio", dos tempos do seu americanismo militante, quando se curvava em mesuras perante o "George" na cimeira das Lages, jurando a pés juntos que o seu "amigo George" era incapaz de mentir e que ia atacar o Iraque porque tinha provas das armas de destruição maciça de Saddam Hussein - que ele, Barroso, havia visto com os seus olhos - o comissário-chefe dessa coisa difusa a que insistimos em chamar Europa resolveu agora escrever um "dazibao" aos dois candidatos à próxima presidência dos Estados Unidos, dando-lhe conta dos sentimentos actuais de um europeu. A Europa, diz Durão Barroso, quer que o próximo Presidente americano perceba que não pode passar sem ela; que se renda ao "multilateralismo", deixando de se comportar como o único actor global; que aceite a reforma das instituições que a Administração Bush tratou de tornar obsoletas e inúteis, como a ONU, o FMI, o Banco Mundial; que aceite a presença de outros "players" emergentes na cena mundial, com direito a audição e participação nas decisões, que reconheça que há problemas sérios à escala planetária que não podem continuar dependentes da agenda doméstica de um Presidente dos Estados Unidos. Tudo coisas óbvias e consensuais e que agora são fáceis de dizer. Há uma década, a ex-secretária de Estado americana Madeleine Albright, classificava os Estados Unidos como "a nação indispensável". Oito anos de desastrada gestão de Bush encarregaram-se de nos ensinar amargamente que as coisas podiam mudar: os Estados Unidos tornaram-se hoje a nação dispensável - de bom grado dispensaríamos a contribuição que deram para o estado do mundo, nestes últimos tempos. Em oito anos, a nação que a dupla Clinton-Gore havia deixado na prosperidade e no caminho de uma efectiva e inteligente liderança mundial transformou-se num dos problemas do mundo, ao lado da Al-Qaeda e do fundamentalismo islâmico ou do aquecimento global. Os Estados Unidos que George W. Bush vai deixar em herança são o maior consumidor de energia e matérias-primas à escala global; o maior poluidor do planeta e o mais feroz adversário de todas as convenções e tentativas de inverter o caminho para o caos - tendo a Casa Branca chegado ao extremo de falsificar relatórios científicos para tentar provar que o aquecimento global não existia; são o principal factor de provocação do terrorismo islâmico e o maior destabilizador da paz no Médio Oriente, nos Balcãs, no Cáucaso; são o mais hipócrita defensor de um comércio global livre e justo, que defendem no papel e tratam de sabotar na prática, sempre que lhes dá jeito; e são, conforme se tornou agora exuberantemente exposto, o grande agente e exportador da crise económica mundial, graças à ganância dos amigos de Bush e à cumplicidade cooperante deste. Eis a herança do 'amigo George'. Não admira que até Durão Barroso seja agora capaz de negar três vezes que o conhece. E, todavia, só se deixou enganar quem quis. Os americanos, claro, e é por isso que a América é uma nação perigosa, porque tanto se podem entregar a um Roosevelt ou a um Clinton como a um Nixon ou a um Bush. Mas não só os americanos: também essa geração de dirigentes europeus enfatuados, que parecem desprovidos de pensamento próprio, mesmo quando se trata de questões que tocam muito mais de perto à Europa do que à América, como são os Balcãs, o Médio Oriente ou as relações com a Rússia. Toda a gente sabia que Bush era um completo ignorante em matéria de política externa, dotado daquela ignorância arrogante que se encontra no americano médio, que está convencido de que, fora dos Estados Unidos, nada mais conta e nada mais interessa, e que o mundo inteiro vive no desejo de poder imitar o estilo de vida e os 'valores' americanos - os únicos justos e conformes à vontade de Deus. Mas a ignorância é uma arma perigosa nas mãos de um homem poderoso, e dizem que o Presidente dos Estados Unidos é o homem mais poderoso do mundo. Foi a ignorância de Bush que conduziu os Estados Unidos ao caos e fez do mundo um lugar infinitamente mais perigoso. Tudo era por demais evidente que assim seria, mas a "intelligentsia" europeia que ditou moda nos últimos tempos havia decretado, qual "fatwa", que duvidar da infalibilidade americana era crime de "antiamericanismo primário" - uma doença mental de diletantes ou "órfãos do comunismo". Corremos o risco de ter mais do mesmo. A semana passada, durante uma entrevista à televisão espanhola, ficou a perceber-se que o candidato McCain - tido como um "especialista" em política externa - não sabia que Rodriguez Zapatero é primeiro-ministro de Espanha, o que equivale a dizer que não acha que a Espanha seja uma nação suficientemente importante para interessar um Presidente dos Estados Unidos. E a candidata a vice-presidente, a dona-de-casa do Alasca, Sarah Palin - que até ao ano passado nunca tinha pedido um passaporte para sair dos EUA - só terça-feira passada se encontrou pela primeira vez com um dirigente estrangeiro. Puseram-na nas mãos do 'guru' Kissinger para um "brain-storming" intensivo e trataram de introduzi-la à pressa ao resto do mundo, começando pelos amigos: os Presidentes da Geórgia, Ucrânia, Iraque e Afeganistão. Graças a uma indiscrição da CNN, cujo repórter se conseguiu aproximar da senhora mais do que os seguranças consentem, ficou a saber-se que, na quarta-feira, Kissinger tratava de lhe explicar quem era Sarkozy. A coisa promete... O que está errado na carta de Durão Barroso aos candidates às eleições americanas é o tom de pedido: a Europa pede aos Estados Unidos que a levem em conta. Dir-se-ia que a factura de Omaha Beach nunca mais está saldada... Mas venha Obama ou McCain, não há mais tempo a perder nem mais desculpas para que a direcção política europeia continue eternamente a resguardar-se nos interesses da 'Aliança Atlântica' para não assumir as suas responsabilidades. A Europa tem de ter uma política externa e uma política de defesa autónomas, que não dependam da NATO nem da ignorância geopolítica dos presidentes americanos. Tem de ter uma estratégia própria para as crises dentro das suas fronteiras e no seu perímetro. Uma estratégia própria para os Balcãs, para o Médio Oriente, para o Magrebe, para o Irão. E, claro, para a Rússia, que é um dos seus principais fornecedores de gás e petróleo e um parceiro indispensável para a manutenção da paz e para a resolução de crises regionais onde os interesses estratégicos americanos só atrapalham. A Europa não tem qualquer interesse em ver mísseis americanos a cercar a Rússia, nem em envolver-se, à sombra da NATO, em intervenções sem sentido e que, em última análise, apenas podem ressuscitar o espírito de guerra-fria sepultado em Berlim há quase vinte anos. Desgraçadamente, toda a gente parece concordar num ponto: não é com esta geração de políticos europeus que a Europa se conseguirá afirmar e construir. Precisamos de estadistas, de visionários, e só temos malabaristas da política e mestres da conjuntura e do vazio. Uma geração muda-se de cima para baixo, começando por mudar as opiniões públicas. É isso que se torna urgente fazer.
Assim vai o mundo...
sábado, setembro 27, 2008
O mundo do cinema...
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