terça-feira, março 29, 2005

As eleições...

Ora bem, comecemos pela política! Aviso já que nestas eleições, votei em branco. Não me venham com a conversa que o voto em branco não conta, que é afastar-me do processo de decisão. Primeiro, se eu não me quisesse envolver nas eleições não teria ido votar, abstia-me. Mas não, fui lá e como outros 100 mil portugueses demonstramos que não acreditamos nestes políticos. Falou-se há uns anos em pântano político, eu apenas os acho incompetentes.

Começo por ser um pouco controverso, já que confesso gostar do Santana Lopes. Não da palhaçada do "menino guerreiro", do "estão todos contra mim" ou "pessoa agarrada ao poder", mas daquele que me habituei a ver discursar nos congressos do PPD-PSD, ser aplaudido de pé e ser sempre derrotado. Gostava daquele homem que fascinava partidários e adversários com a sua oratória inflamada. Depois, Presidente da Câmara da Figueira onde, melhor ou pior, deixou saudades. Em Lisboa, teve uma vitória surpreendente e uma gestão de altos e baixos mas sempre controversos. Até que chegou a grande oportunidade de Santana: "estava escrito nas estrelas", diria ele...
Mas ele desiludiu-me! Bem sei que a herança era pesada e que a legitimidade popular escassa , mas cometeu erros a mais. Falou muitas vezes demais e no fim acabou por mandar calar de menos, sobretudo quando um certo Ministro dos Assuntos Parlamentares via um inimigo em cada esquina. E nem naquilo em que ele é forte, eleições e convencer o povo, fez com que não saísse claramente derrotado... Agora resta-lhe a Câmara de Lisboa e quem sabe um dia a Presidência da República! Ele reaparecerá...

Deveria ter começado pelo novo primeiro-ministro, mas deixei-me levar pelo bom vivant. O engenheiro José Sócrates... Que dizer? Primeiro, ataco já o assunto tabu. Se ele é gay ou não, pura e simplesmente, não me interessa. As orientações sexuais ou escolhas pessoais de parceiros não são da minha conta! Interessa-me que seja um bom PM, que saiba governar com a maioria absoluta, que faça o país crescer tranquilamente, que faça um milagre com o nosso pessimismo... É isso que eu lhe peço e não se vai para a cama com este ou aquele. Que degredante haver numa campanha tanto boato e rumor sobre algo que nada tem a ver com competência ou seriedade! Eu não votei em José Sócrates, mas a partir do momento que foi eleito ele é o PM do meu país e espero que me represente bem. Não os homosexuais ou heterosexuais mas todos os portugueses. É isso a única coisa que interessa!

O PP! Que dizer da surpresa das penúltimas eleições? Bem, acabou o Estado de graça! Por incrível que pareça, não acho que os ministros populares tenham sido maus. Tiveram até actuações mais sóbrias e eficientes que alguns ministros laranja, mas o povo é soberano... Achou que a Direita estava a mais no poder e varreu com toda a gente.

E quem mais lucrou com esta situação? Em primeiro lugar, o PCP. Incrível! Quando se pensava que estava moribundo, que a ortodoxia levaria oa partido ao fim, eis a surpresa. Devo dizer que não gostei nem um bocadinho que os renovadores (especialmente João Amaral, de longe o deputado mais apresentável e refinado que passou pelo Parlamento português) tivessem sido tão maltratados pelo seu próprio partido. Cheguei a pensar se não seria uma bela lição o PCP descer até percentagens rídiculas, mas eis que Jerónimo de Sousa (do qual a única memória que tinha era vê-lo a dançar num qualquer arraial) consegue "sem voz mas com esperança" voltar ao posto de terceiro maior partido.
Em segundo lugar, lucrou o Bloco de Esquerda! De eleição em eleição, estão a crescer... Talvez que tenham chegado ao máximo possível, ao fim da linha, mas e se não for assim? Irão retirar votos ao PS ou PCP, ou conquistar muitos dos votos em branco que se fossem um partido ainda poderiam almejar um deputado!

Disse que não me revia nos políticos e muito pouco nos partidos portugueses. Costumo dizer que tenho coração à esquerda, a cabeça à direita e a alma dividida! Assim, só num verdadeiro partido de centro me poderia rever. Sei que o PS e o PSD são moderados, mas falta algo que se afirme de centro. Que apoie oa pobres mas promova o crescimento, que exija igualdade mas respeite o individualismo... Não sei! Talvez esteja a exigir demais... Mas para que não me acusem de demagogia, irei no futuro partilhar convosco algumas ideias!

Assim vai o mundo!

1 comentário:

Anónimo disse...

Começas logo pela política… A juntar ao que disseste, lamento que ainda muita gente não tenha consciente da importância de se votar, da importância de exercer, o que considero, o maior direito de cidadania. Mas é melhor não ir por aí, porque implicaria falar em Marshall, focar a questão da participação (mais falta desta) e nas suas razões, o que conduziria à descrença e pessimismo quanto à política e era desviar-me.
Quanto às ideologias, acordei tarde para a questão e só agora estou a dar os primeiros passos, por isso espero crescer contigo. Contudo, como penso muito com o coração, não poderia deixar de ser de esquerda, aproximando-me do centro. Nunca poderia concordar, sendo futura assistente social, com a privatização do sistema de segurança social e do sistema nacional de saúde. Quanto à segurança social, é obvio que estou preocupada com a sua sustentabilidade, mas não posso considerar a ideia de um modelo totalmente bismarkiano (mas isto também já são outros assuntos). O que te queira dizer, é que acho difícil ajudar os pobres e promover simultaneamente o crescimento (ideal seria até o desenvolvimento), promover a igualdade e respeitar a individualismo…Parece irreal, utópico, mas se encontrares soluções, estou contigo!!!