terça-feira, novembro 08, 2005

Juventude Inquieta

É nas conversas de café que surgem muitas vezes os passos em frente. Há um déficit de "juventude inquieta" nesta geração...
No fim dos anos 80 e, sobretudo, 90 surgiu em Portugal a expressão "geração rasca". A diferença de comportamentos e de alguns valores fez com que a geração pós-25 de Abril não fosse vista com bons olhos por quem viveu a ditadura. Mas nem tudo foi culpa nossa! Digo "nossa" porque me incluo nesta faixa etária. A invasão mediatizada de valores europeus e norte-americanos, a diferente educação dada pelos pais (fruto da maior profissionalização das mulheres e do papel da televisão), a maior facilidade de acesso à internet, fizeram com que os jovens crescessem mais informados mas mais perdidos. Penso que a idade adulta surge mais cedo, pois agora não é o casamento o catalizador da saída de casa e emancipação paternal, mas a entrada na universidade. O viver sozinho com 17/18 anos fez com que os jovens tivessem amadurecido à pressão, sem a necessária tranquilidade. O desemprego, cada vez mais agudo, demonstrou as fragilidades humanas dos jovens. Sentimo-nos perdidos, apáticos, pessimistas. É um estado letárgico por culpa própria mas ajudada por uma geração mais velha que preferiu sentenciar "Esta juventude está perdida" do que mostrar outros caminhos.
Ora bem, é complicado romper este marasmo, mas é possivel. Falando com um amigo, criticavamos o estado a que chegou a nossa cidade e jovens conterrâneos. O país enfrenta os mesmos problemas mas a nossa escala de acção tem de ser pequena. Lembrei-me então de invocar uma figura que se foi perdendo e que os chats internáuticos não substituiram: as tertúlias. Estes ajuntamentos de pessoas e opiniões (normalmente associados a locais com cafés ou agremiações) podem ser um novo ponto de partida para uma juventude mais interventiva (fora de âmbitos políticos, religiosos ou desportivos). É necessário procurar reunir pessoas que queiram participar de uma forma mais activa na sociedade. Mas como não gosto muito de teoria, fico-me por aqui...

Assim vai o mundo...

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