domingo, abril 23, 2006

Religião...

Por estes dias surgiram duas notícias que vieram pôr em causa certos dogmas do Cristianismo...

A primeira é a defesa de um grupo de cientistas que era comum, no tempo em que Cristo viveu, que na zona de Caldeia, Ur, etc, as alterações climáticas provocassem um semi-congelamento dos mares. Ora isto põe em causa a tese de que Cristo caminhou sobre as águas. A camada superficial de gelo seria forte o suficiente para aguentar o peso de um homem, e a uma certa distância (e uma certa vontade de acreditar) é possivel que se criasse uma ilusão de óptica de caminhar sobre as águas. Pois bem, esta explicação de um dos supostos milagres de Cristo não abala o meu Cristianismo, precisamente porque, tal como disse sobre Karol Wojtyla, gosto mais do Cristo-homem do que do Cristo-deus! Sei que se afirma que ele é filho de Deus, mas também que ele é o nosso irmão... Ora, é a minha crença que ele era um homem, como qualquer um de nós, mas com uma extraordinária capacidade de amar, perdoar e até sofrer. E é isso que me faz acreditar na Sua humanidade e na de cada um de nós! Prefiro ter como exemplo um homem que viveu e morreu que aspirar a ser divino...

A segunda notícia foi a descoberta de um texto que se pensa ter sido escrito por Judas Iscariotes. Nele está subentendido que afinal Judas seria o discípulo favorito de Cristo e que teria sido vontade d'Ele que este o tinha entregue. A figura de Judas Iscariotes sempre me fascinou e sempre achei que algo não estava bem contado. Acho que se usou a figura dele como imagem para a traição. Há alguns dias, no filme The Life of David Gale, foi explicado que existe Judas Iscariotes e Judas Tadeu. S. Judas Tadeu é o patrono das causas perdidas, justamente porque só em último caso as pessoas rezavam a ele, pois tinham medo de invocar o Judas "mau". Até aqui se vê o estigma para com esta figura... A história, repetida todas as Páscoas, diz que Cristo reuniu na Última Ceia os discípulos,disse que até ao fim da noite um deles o iria trair, depois Judas denuncia-o com um beijo, Cristo foi cruxificado e Judas enforca-se. É um resumo breve que dá a ideia geral. Mas pensando na versão que agora aparece, as coisas modificam-se um pouco! Se foi Jesus a pedir a Judas para o entregar, a lógica da Última Ceia seria mais verdadeira. A reunião dos discípulos como despedida teria mais sentido pois Cristo teria preparado, e não previsto, a sua prisão... E o facto de Judas ser o escolhido para essa tarefa ingrata (pois implicava entregar o Mestre) e difícil (pois implicava ser odiado para sempre), aponta para que ele fosse realmente o preferido entre os seguidores...

Depois da suposição que Cristo teria tido uma relação com Maria Madalena (o que seria demasiada humanização para o gosto da Igreja Católica), achar agora que foi Cristo que se entregou e que Judas não é um traidor, vem abalar muita coisa...

Assim vai o mundo...

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