domingo, janeiro 01, 2006

O balanço...

Não gosto de acabar um ano sem fazer um balanço. E hoje o balanço é sobre os acontecimentos mais relevantes do ano...

O ano começou negro pois o tsunami ocorrido uns dias antes, foi o prenúncio de um ano em que a Natureza mostrou a sua ira. Primeiro, esse tsunami que varreu vários países asiáticos (em que o balanço um ano depois é de 300000 mortos ou desaparecidos), um sismo no Paquistão (com cerca de 50000 vítimas), e por fim os vários furacões (sendo o Katrina, o mais mediático)...

Foi também um ano de desaparecimentos!O funeral mais participado de sempre, fez com que Karol Wojtyla não fosse apenas o Papa João Paulo II, mas um homem congregador de vontades e homenagens. O seu sucessor, não sabemos se de transição ou não, terá sempre a sombra do único Papa que conheci, e que apesar de nem sempre concordar, ter de reconhecer que era uma pessoa extraordinária... Lembro também Rainier III, Rosa Parks (de quem aqui falei), e Ibrahim Ferrer (uma das razões para ser um apaixonado por Cuba)... Por cá, foram vários os vultos desaparecidos! A morte de Álvaro Cunhal fecha um ciclo pessoal marcante na história contemporânea portuguesa, de uma figura carismática, um homem que, com virtudes e defeitos, sempre se manteve fiel ao seu pensamento e ideologia. Não sabemos se foi o prinicípio do fim do Partido Comunista, ou apenas um passo de uma reforma inevitável. Também ressalto a morte de Eugénio de Andrade, um poeta enorme, que apesar de não ter nascido no Porto, e não gostar do Porto, era um portuense de essência! Relembro também Adriano Cerqueira, Canto e Castro, Irmã Lúcia, Jorge Perestrelo (ouvir um relato não será o mesmo sem ti, Jorge)e o inimitável Tazan Taborda...

Quanto à política, tivemos a chamada viragem à esquerda, com uma maioria absoluta de Sócrates. Pensava-se, como é costume em Portugal, que depois dos "senhores de direita" saírem, tudo iam ser rosas, mas bastaram oito meses para que tudo fosse posto em causa. Não votei em José Sócrates, mas entendo que ele tenha de fazer certas coisas que são necessárias, custe o que custar... Vamos ver até onde o povo aguenta! No plano interncional, Bush ganhou as eleições, num dos poucos países onde poderia ganhar: nos EUA. A maioria da comunidade internacional, e sobretudo os europeus, pensavam que o "senhor da guerra" iria ser derrotado nas urnas, mas o povo americano mostrou que a democracia é um sistema engraçado. O pior para os americanos é que a situação do Iraque e o desastre que foi a gestão do furacão Katrina, puseram a nú as fragilidades de um Presidente que neste momento tem 35% de popularidade. Apetece-me dizer que é uma lição dos enganos da democracia a um país com poucos séculos de vida. Já os atentados em Londres, demonstraram que mesmo uma das cidades mais protegidas do mundo não está a salvo de mais um atentado bem planeado! Por fim, os motins dos súburbios das grandes cidades francesas, mostraram que o sistema de integração de imigrantes francesa é tão falível como os outros...

No que toca a desporto, o fenómeno Mourinho continua. E os portugueses preferem colocá-lo como um mito, em vez de entender o que ele é: um português atípico. Um homem frio, que controla e só mostra as emoções quando e como quer, que é apaixonado pelo que fez, que estuda todas as condicionantes e por isso raramente é visitado pelo "azar", que não tem medo de se afirmar perante os "estrangeiros" porque não se considera igual ou melhor que eles, e por mais mil e uma razões que fazem dele um português que dificilmente se confunde com qualquer outro. Internamente, e por mais que me custe, o Benfica quebrou o jejum de muitos anos e ganhou um campeonato. Porém, devo dizer que foi o pior campeonatodos últimos anos, não por quem o ganhou, mas pela falta de qualidade dos principais intervenientes. Não é por acaso que foi o campeão com menos pontos de sempre. Afirmo hoje, como o fiz antes da derradeira jornada, se o Porto o tivesse ganho pouco teria comemorado pois ainda tinha na memória conquistas bem mais meritórias e por isso saborosas...

Assim foi o mundo...

1 comentário:

Maria do Rosário Sousa Fardilha disse...

és corajoso! parabéns pela síntese! (enfim, já quanto à tua queda para o FCP... unh :))