domingo, setembro 18, 2005

Não é o boxe, é a vida...

De vez em quando há filmes que se tem expectativa e ele não nos falha... Pois bem, Russel Crowe parece apostado em ganhar mais uma estatueta dos Óscars, no papel de Cinderella Man...
Como digo no título, não é um filme sobre boxe, é um filme sobre a vida. Assim como Russel Crowe, no papel de Jim Braddock, não é apenas um pugilista, mas um exemplo de alguém que mesmo no limiar da dificuldade, não abdica dos princípios e na esperança de dias melhores... Um segundo filme de boxe no espaço de um ano, e sobretudo sendo o primeiro o soberbo Million Dollar Baby, seria demasiado e repetitivo, não fosse a estória de ambos bastante diferente e bastante fora do contexto geral. Enquanto o filme de Eastwood aborda a dificuldade de subir na vida e sobretudo a eutanásia, esta película de Ron Howard, que já trabalhou com Russel em Uma Mente Brilhante, ajuda-nos a entender o drama dos norte-americanos a seguir à crise económica de 1929. Jim Braddock era um pugilista que subia calmamente a escada do sucesso sem conhecer a derrota, com uma futura hipótese de ser campeão e ainda mais rico e com uma vida familiar estável e romântica com a sua esposa e três filhos. Porém, surpreendido com uma crise que a princípio não parecia grave, mas que levou à falência muitos americanos, viu-se obrigado a ter de trabalhar a dobrar nas docas para sustentar a família e uma casa em que a luz e o aquecimento eram um luxo. Ainda assim, ele acreditava que teria uma segunda oportunidade e que desde que aqueles que amava se mantivessem unidos tudo melhoraria. A fome que todos passavam e os problemas de saúde do filho mais pequeno não o quebravam, desde que soubesse que a sua família se mantinha junta. A sorte ofereceu-lhe um novo combate, e apesar das privações que passara, arranja forças para ganhar um combate impossível e sonhar novamente com o título. Mas o que ele se vai apercebendo é que a sua luta tinha sido antes, a luta contra a vida, a luta contra a falta de aquecimento, a luta contra a falta de leite... Ganhar o combate com o campeão pode ter parecido díficil, mas ele tinha a vantagem de ter lutado contra adversários mais fortes...
O filme está muito bem construído, apoiado na simplicidade da história e deixando que o espectador se deixe conquistar por aquele irlandês simpático e com valores que deviam ser os de todos nós... Renée Zellwegger não se descai mas sente-se às vezes que ainda não tem a força interpretativa de uma Nicole Kidman ou Hilary Swank! Paul Giamatti, como treinador e empresário de boxe, é aquilo que nos habituou: um dos melhores actores secundários que um protagonista pode pedir... Um filme a ver e a emocionar...

Assim vai o mundo..

1 comentário:

Anónimo disse...

Assisti o filme, na verdade diversas vezes pois sou fã e praticante de boxe. Russel está perfeito em seu papel, em sua esperança e valores morais.
Fiquei pensando se há algo de mágico neste valor moral, já que boxe no Brasil não dá grana e vejo meninos e meninas lutando, com vontade e com valores elevados.
Meu Mestre Baltazar é o exemplo daquele que não ficou rico com o boxe, mas já criou muitos lutadores de valor.