sexta-feira, março 17, 2006

Tertúlia...

Ontem à noite, inserido no meu projecto, assisti a uma tertúlia na Faculdade de Psicologia do Porto... Foi interessante, apesar de um dos tertúlios não ter aparecido! Há muito por dizer na questão da igualdade de género. Um das principais discussões foi o facto da Prof. Isabel Menezes ter dito que "Ser feminista é ma questão de bom gosto e bom senso!". Náo intervi mas devo dizer que não penso ser tão linear assim. Não sou feminista, apesar de trabalhar nesta área, na mesma proporção que não sou machista. Sou igualitarista! Acredito que devemos todos ter as mesmas oportunidades seja de emprego, de liberdades, de direitos, de deveres, e que depois tudo o mais são escolhas individuais... A professora que citei, e que gostei particularmente de ouvir, defendeu que o machismo é um "conjunto de práticas que pressupõe a existência de pessoas de 1ª e de 2ª.". Até poderei concordar, porque nunca defendi actos machistas, de que as mulheres são para estar em casa e para cuidar dos filhos. Mas também tenho orgulho em ser um homem que abdicaria da sua carreira em favor de uma carreira mais vantajosa da companheira ou de ficar em casa a cuidar dos filhos e tratar da casa... Como poderei chamar a isto? Masculinismo? Cavalheirismo? Eu permito sempre a passagem às mulheres, como normalmente permito às pessoas mais velhas... Serei feminista, também porque faço isto?
Defendo a iguladade total entre os dois sexos, porque senão não trabalhava na área, mas também não acho correcto que se diga que um homem de bom senso deva ser feminista! Sou-o, mas também sou masculinista. Até porque começo a ver certas coisas que advém da maior liberdade (inteiramente justa, note-se) que as mulheres tem que desembocarão em erros que normalmente os homens cometes... Por exemplo, tenho a certeza que a incidência do cancro do pulmão nos próximos 30/40 anos irá aumentar imenso nas mulheres e não sei se não ultrapassará os homens! Isto porquê? Lembro-me de ter tido esta discussão da percepção que tinha mas há uns meses atrás fui corroborado por uma sondagem do Expresso... Há cada vez mais mulheres a fumar, sobretudo nas faixas etárias mais jovens! é incrivel o número de raparigas que nas escolas secundárias e universidades são fumadoras! Por exemplo, no meu local de trabalho, temos três homens e nenhum fuma, e em nove mulheres, seis fumam... Não deixa de ser paradigmático! Não estou a dizer que não se deva fumar, é uma escolha de cada um (não falo agora de fumos passivos, até porque só se pode fumar numa sala da instituição), mas pergunto-me se este erro que é fumar enquanto vício (leia-se erro em termos de saúde), não surgirá de uma fome de liberdade, de uma vontade de usufruir de direitos das mulheres... Essas liberdades são legítimas, mas neste caso trata-se de um acto que prejudica a própria saúde...

Não sei se consegui explicar bem o que queria dizer, mas para mais informações, é favor perguntar...

Assim vai o mundo...

4 comentários:

Wakewinha disse...

Nem sei bem por onde começar. Talvez deva agradecer-te as frases-chavões que eu tanto queria, por isso: obrigada!

Eu também não sou feminista-extremista, até porque não concordo que se queimem soutiens (apesar de os detestar, mas isto é um acto muito pessoal). Claro que gosto imenso quando um homem me abre a porta do carro, ou me deixa passar na sua frente, mas por favor, que não se levante da mesa para eu me sentar depois de uma ida ao quarto-de-banho.

Penso que os bons modos que advêm da educação deverão ser mantidos, mas não sejamos rebuscados ao querer extrepolá-los!

A matéria é deveras interessante, e as discussões incansáveis. Na formação para a igualdade de oportunidades somos deparados por diversas situações de subliminar descriminação, e é por isso importante educar as gerações futuras.

O importante é perceber que não somos melhores do que os outros, e por isso devemos considerar homem e mulher igualmente bons, mesmo que cada um com a sua essência.

Quanto à questão do fumo, irrita-me solenemente que as parvas por este país fora mantenham este hábito em sinal de fraqueza e dissimulada emancipação. Não me digam que esta não é uma forma de se imporem, pois não acredito! É nestas alturas que mostram precisamente porque ainda são chamadas de sexo fraco... Eu julgo que o meu maior acto de emancipação foi ter decidido, aos 12 anos, quando era a única rapariga da turma que não fumava, que o que me tornava especial e diferente das outras era a capacidade de pensar por mim mesma e dizer não!!! Que se note que esta é a maior discussão que mantenho com as minhas amigas de hoje em dia, porque a maior parte fuma...

Vou parar por aqui, pois já nem sequer sei se este comentário faz sentido... =P

Lúcia disse...

depois do comentário da wakeninha já num digo nada. eu sou fumadora....

percebi perfeitamente o que querias dizer. penso que sou feminista, mas com sensatez. igualdade de oportunidades, é o que é justo. o resto? são coisas de somenos.

Francisco del Mundo disse...

Wakewinha, muito bem... Belo coment! Para além de ter sido o mais longo que alguma vez fizeram a um post meu... Se escreveres alguma coisa sobre isto, vou lá dar a minha colherada...

Lima, acho que falo pela Wakewinha e por mim, quando dizemos que qualquer mulher está à vontade para fumar desde que o faça por um motivo que não a afirmação pessoal...:) Até pode ser para ter uns pulmões mais escurinhos...:) MAis a mais, fico contente que me tenham percebido...

Anónimo disse...

Pena que um tema tão interessante como a igualdade de oportunidades se resuma, nesta discussão, a se as mulheres fumam como sinal da sua emancipação ou porque simplesmente o tabaco é um vício(e como tal cria dependência)...
Acho que a luta não é essa!Acho que existem preocupações muito mais relevantes, principalmente para alguem que trabalha nesta área, como a realidade do nosso mundo empresarial, onde as mulheres têm salários inferiores aos dos homens para o desempenho das mesmas funçoes e tarefas, onde as mulheres são uma minoria nos cargos de chefia, onde são submetidas a testes de gravidez e a perguntas indiscretas sobre a sua vida privada durante os processos de recrutamento, onde não são respeitadas as 2 horas de dispensa ao serviço para a amamentação, onde se controlam as suas idas à casa de banho...etc...
Isto sim preocupa-me. Até porque lutar por estes direitos não é ser feminista mas é simplesmente querer viver numa sociedade justa.
Será que discutir sobre "abrir portas ou não abrir" ou "fumar por este motivo ou por outro" ajuda e contribui para algo?