quinta-feira, outubro 05, 2006

O mundo... II

World Trade Center está a ser criticado como filme, porque as pessoas olham para ele como uma catarse norte-americana. Mas eu não vi isso. Eu vi pessoas... No dia 11 e 12 de Setembro de 2001, muitos disseram ser americanos! Eu não. Porque sempre fui americano, europeu, africano, mundano...
Eu não vi o filme como filme, vi como uma estória que aconteceu num dia que mudou o mundo. Não mudou porque os EUA foram atacados (porque por exemplo o 11 de Setembro de 1973 também mudou um país, o Chile), mas porque a ameaça mudou. O mundo passou a ser muito mais instável... Aliás, a estória dos dois polícias não é a de uma força vingadora ou de uma salvação heróica (aliás, eles não puderam ajudar ninguém), mas de sobrevivência humana. A força que cada um de nós tem para sobreviver a desafios físicos e psicológicos. A vontade própria é uma das nossas melhores faculdades. Por isso, me chocou conhecer a biografia dos suicidas. Se fossem pobres analfabetos que acreditavam em virgens e no paraíso, eu poderia entender um acto tão estúpido. Mas pessoas formadas e inteligentes, ordenadas por um senhor escondido numa caverna? Isso não! é estúpido, bárbaro, irracional... Temos todos defeitos, ocidentais e orientais. As emoções estão em falta no mundo, e parece que só o ódio rompe esse nevoeiro. A solidariedade sentida no dia 11 de Setembro, 11 de Março ou 07 de Julho, rapidamente foi esquecida...
Sim, admito, que oe meus olhos marejaram ao ver o filme! No momento em que ele disse que resistiu por amor à mulher. Porque pensei que são esses os sentimentos que nos podem fazer sobreviver, viver, perdoar, querer construir um mundo melhor...
Talvez esteja errado, talvez não consiga mudar o mundo, mas tenho a certeza que um mundo imperfeito não me mudará...

Para que não se pense que faço a apologia de Bush ou do militarismo americano, deixo-vos o primeiro discurso de um humorista que admiro e que sempre foi um dos maiores críticos do Presidente americano. Ele, como eu, acredita que, mesmo nas tragédias, há algo a recordar: a reconstrução...



Assim vai o mundo...

5 comentários:

ivamarle disse...

os valores têm que mudar muito neste mundo dito humanizado, para que a tolerância e o respeito verdadeiros, se instalem...

Anónimo disse...

O problema do filme WTC não deve ser analisado para validar, ou se preferirem, confirmar, a dimensão da tragédia. Ela é tão avassaladora, do ponto de vista psicológico, para os que a viveram, como para todas as outras vitimas de desastres, quer fomentados pelo homem, quer pela natureza.

O problema do filme WTC é a passagem de informação adulterada. É a sua auto-sobre-valorização sobre todas as outras tragédias da Humanidade.
É a hipocrisia total, de um país que mais nada faz do que produzir o espectaculo das suas tragédias.

O WTC mostra ao mundo herois, transforma-os em simbolos, em porsonagens, *muito* diferentes da realidade.

Eu não senti a tragédia do WTC, não reconheço a sua dor, nunca verei semelhante filme. É-me indiferente o que se passou.

Mas não sou indiferente ao Tsunami que ceifou a vida a centenas de milhar de pessoas da Tailandia e seus vizinhos.
Sobre eles, não foi feito nenhum blockbuster. Segundo os olhos dos media, lá, não houve herois. De certo que os houve.

E sabe que mais? O maior problema do filme WTC é desviar a nossa atenção das pessoas, que diariamente são herois, e que vivem à nossa volta. Que diaramente ajudam os outros, com actos de igual bravura.
Para o mundo, sociedade do espectaculo, os herois são é aquele povo imundo, que nem 200 anos tem. Feito a partir da pior indole da Europa.

Eu nem vou sair do tópico, mas deixo a pista, WWII, Nazis, América, Hiroshima.

Chorem por esses.

Francisco del Mundo disse...

Como é que alguém que não viu o filme o pode criticar com tanto conhecimento? E acaso uma vida humana indonésia tem mais valor que uma americana? Porque se é para meter tudo no mesmo saco, não me lembro de ver indonésios a chorar com o massacre de Santa Cruz... Ou os timorenses que ai morreram são indiferentes... Uma vida humana não tem nacionalidade, não tem cor, não tem religião, não tem sexo... Ou como diria Staline um morto é uma tragédia, mas mil é uma estatistica... Realmente mal vai o mundo quando tudo é misturado... Ah, e relembro uma coisa, muito mais conhecimento tenho contra esta Administração norte-americana que a maioria...

Victor Figueiredo disse...

"A solidariedade sentida no dia 11 de Setembro, 11 de Março ou 07 de Julho, rapidamente foi esquecida..."
Subscrevo inteiramente, e se há obras que relembrem esses valores, este filme é uma delas, seja em que altura for: Holocausto, Hiroshima, África do Sul, Vietname, Sudão, Colonização da América do Sul. Todos esses acontecimentos foram levados à sétima arte, independentemente das interpretações que viessem a suscitar.

Contudo não será por outros acontecimentos terem sido, até à data, ignorados pelas telas, que o WTC se devia esquecer e que ao primeiro que o adaptasse lhe fosse apontado o dedo da demagogia.

Abraço,

Victor

Francisco del Mundo disse...

Victor, como ja disse no teu post, é isso mesmo que tem de ser lembrado e lembrado... As vítimas não tem nacionalidade, tem de ser sempre recordadas....
Abraço