segunda-feira, junho 13, 2005

A vida que é eterna enquanto dura...

Num mesmo dia apagam-se duas personagens ímpares e fulcrais no séc. XX português! Para além do dia da morte, outra coisa os unia: mereciam ter tido uma morte menos augustiante e penosa...
Eugénio de Andrade foi sem dúvida um dos três poetas portugueses mais importantes do século passado! Não nascido mas vivido no Porto, mantinha uma distância apaixonante pela cidade que considerava como a mais sombria e secreta do país. Na sua busca pela sílaba perfeita, era um homem reservado e avesso a condecorações. Aliás, quando recebeu uma medalha camarária pela sua obra, disse que o que queria mesmo era que não lhe tivessem cortado a árvore que entrava pela sua varanda só para construirem lugares de estacionamento. Um homem simples e um poeta imenso...
Álvaro Cunhal marcou a política em Portugal durante décadas! Concordando ou não com ele, foi um defensor da liberdade e de uma classe que o apoiou firmemente. É verdade que a sua ortodoxia o impedia de ter uma visão mais real do mundo e do que deveria ser o Partido Comunista, mas não se condena quem acredita, pode-se criticar no que se acredita...
Estes dois vultos não mereciam o esquecimento que os últimos anos de vida e de doença lhes trouxeram, mas como diz Mortimer, personagem do livro Baunilha e Chocolate : "A morte não tem amigos!"...

Assim vai o mundo...

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