sábado, abril 30, 2005

Queima das Fitas

Chegou a época que os estudantes universitários preferem... É a época em que os excessos são permitidos! Decidi lá ir... Não vi os concertos, estive mais nas barraquinhas porque queria estar com os meus amigos... O ambiente é fantástico, toda a gente brinca com toda a gente (com a ajuda de Deus Baco) e há uma confraternização sadia e agradável! É claro que há excessos, e muitos acabam a tomar soro no INEM, mas faz parte da tradição...
E também o fim da noite, ou melhor, manhã em que todos os corpos moídos e cabeças cansadas tentam encontrar o caminho para casa... Linda imagem!
Ainda voltarei esta semana a falar deste evento tão luso e tão divertido...

Assim vai o mundo...

PS- Não posso deixar passar em claro que hoje é o dia da Mãe... Um beijo enorme para ela para que saiba que não queria ter mais nenhuma pois é única...

Violência..

Acho que já falei de saídas à noite... Pois bem, existe um fenómeno crescente em Portugal que é o da violência que começa a tomar proporções estúpidas. Esta noite um amigo meu estava tranquilamente num bar, quando um individuo (drogado com algum estupefaciente) começou a provocar distúrbios... Não contente com o facto de estar a estragar a noite às outras pessoas, foi chamar um grupo de amigos! Esse gang chegou com tacos de basebol e começou a bater indiscriminadamente... Uma vergonha, uma cobardia! Um acto infame que me merece a maior condenação. E começa a ser frequente estas demonstrações da estupidez humana...
Não sei como vai ser no futuro mas começa a ser necessária a intervenção das forças policiais porque senão sair à noite deixa de ser um divertimento para ser um perigo...

Assim vai o mundo...

sexta-feira, abril 29, 2005

Poesia

Soneto

Floriram por engano as rosas bravas
No Inverno: veio o vento desfolhá-las...
Em que cismas, meu bem? Porque me calas
As vozes com que há pouco me enganavas?

Castelos doidos! Tão cedo caístes!...
Onde vamos, alheio o pensamento,
De mãos dadas? Teus olhos, que um momento
Prescrutaram nos meus, como vão tristes!

E sobre nós cai nupcial a neve,
Surda, em triunfo, pétalas, de leve
Juncando o chão, na acrópole de gelos...

Em redor do teu vulto é como um véu!
Quem as esparze - quanta flor! - do céu,
Sobre nós dois, sobre nossos cabelos?

Camilo Pessanha

quinta-feira, abril 28, 2005

Teorias...

Umas das minhas séries de humor favorita é o Seinfeld! Explico porquê... Partindo da premissa que é uma série sobre nada, não acontecimentos e quotidianos estranhos, o que mais gosto são as teorias sobre as coisas mais insignificantes e absurdas do mundo! Se uma coisa quer dizer isto ou não ou as apostas mais inacreditáveis...

Também eu já pensei em certas teorias malucas sobre actos do dia a dia... Poucas vezes partilhei estes meus devaneios mas hoje apetece-me por um texto mais brincalhão. Ora bem, então o que tenho para vocês? A premissa é até que ponto o alcóol que bebemos influi nos nossos beijos... Estranho? Ainda não comecei...
Ao longo da minha curta mas proveitosa existência tive a oportunidade de beijar algumas pessoas e beijar pessoas em noites em que bebi coisas diferentes. A certa altura reparei numa situação: os beijos são diferentes consoante a bebida alcóolica que ingerimos! Ora bem, peguemos em duas bebidas, por exemplo vinho tinto e vodca limão... Escolhi estas pois são das mais consumidas em Portugal e assim mais facilmente expor a minha teoria! Numa noite em que nada tenham que fazer cozinhem um belo jantar para a vossa namorada ou pessoa que queiram impressionar... A minha sugestão é uma bela macarronada para dar forças para maiores tropelias! Ora bem, massa assim exige um belo vinho tinto. Se ambos beberem o vinho à temperatura aconselhada, ou seja morno/quente, verão que os vossos beijos subsequentes serão como a bebida: calmos, encorpados, fechados, a saborear o leve travo deixado na língua pelo sumo de uva fermentado... Podem achar estranho o que digo mas se experimentarem, darão por vocês a pensar com realmente as bocas parecem mais fechadas num beijo requintado e de gourmet... Por outro lado, se por acaso estiverem numa festa ou discoteca e a bebida escolhida por ambos for a vodca limão, com o habitual gelo, irão ter ósculos completamente diferentes. Com certeza que sendo uma bebida espirituosa, muito alcóolica e fria os beijos serão abertos, lânguidos, frescos... Serão beijos de boca aberta, em que a quantidade de saliva produzida é muito maior, o que os torna mais lascivos!
Não façam o olhar desconfiado, acreditem em mim e experimentem...

Assim vai o mundo...

terça-feira, abril 26, 2005

Educação, essa paixão esquecida...

Considero-me uma pessoa instruída. Tive a sorte de ter uma óptima professora primária, que cultivou em mim a vontade de aprender sempre mais e nunca estar satisfeito... Por isso me considero um privilegiado! Aliás, acho que o ensino primário é a base que nos faz gostar ou não da escola...

Hoje soube-se que a nova Ministra irá tentar combater o insucesso dos alunos portugueses no que toca à Matemática. Louvável, sobretudo atendendo a que, primeiro estamos na cauda do pelotão nesse aspecto e segundo se queremos um choque tecnológico a matemática é imprescindível... Defende a senhora Ministra que uma parte do problema é a incapacidade por parte dos partes dos professores! Não achando que é causa única tenho de dar razão... Como disse tive sorte na primeira professora que tive e ao longo da minha vida, falando do caso da Matemática, fui apanhando pessoas que me conseguiram ensinar a arte dos números. Cheguei à conclusão que não era a minha área mas isso fui uma decisão minha e que tinha a ver com as minhas capacidades e não incapacidades.
Pergunto-me se os professores qua saem das universidades estarão preparados para além de debitar informação, cativar e motivar os alunos para o reino do numérico... Como toda a ciência, a matemática tem truques e todos sabemos que onde há truques há magia! Então, porque carga de água não conseguiram os professores tornar a Matemática como algo atractivo e interessante? Não sei! Não estudei essa área o suficiente para conseguir responder a isto. Mas por exemplo se tivesse que ensinar História a um grupo desinteressado, garanto que no fim do ano haveriam de ter aprendido e gostado de aprender. Como? Cativando, dando pormenores interessantes, contando pequenas estórias que fazem da História mais do que uma sucessão de eventos... Garanto-vos que hei-de noutra altura contar aqui episódios históricos e quero ver se alguém abandona a leitura antes do último ponto... Os professores tem de possuir a oratória de um S. António nos seu sermão aos peixes, um humor contagiante, uma perspicácia aguda e um gosto pela profissão interminável... É um trabalho difícil mas dos mais edificantes e recompensantes do mundo! São quem molda a sociedade...

Sei que voltarei a este assunto porque digo-vos se alguma vez desejei um cargo político o de Ministro da Educação era um dos poucos... Mas deixarei aqui as minhas ideias noutro dia...

Assim vai o mundo...

segunda-feira, abril 25, 2005

O meu problema com anónimos...

Por estes dias recebi uns comentarios menos elogiosos neste blog... Não foi nada de insultuoso, apenas algumas piadas menos felizes! Nada tenho contra as críticas, e se forem bem construídas até agradeço. Aliás, quando comecei este blog pedi para que comentassem e não esperava que todos fossem positivos. Para isso estava e estou preparado... Gosto de crescer com as opiniões e críticas que ouço! Agora, há uma coisa que me faz confusão...
Não gosto de coisas anónimas! Tenho uma certa alergia a surpresas desagradáveis e poucas vezes na minha vida tive boas... Talvez porque sempre consegui antecipar as coisas e so mesmo aquilo que não esperava mesmo me surpreendesse. Assim, sempre que vejo algo que não tem nome ou identificação, tendo a desconfiar. Aconteceu o mesmo com estes comentários aqui deixados... Se fosse uma crítica ou mesmo um comentario jocoso sobre mim com um autor identificado não havia problema pois tentaria entender mas assim fico aborrecido! Apaguei os comentários justamente por causa disso... Como disse o grande Professor José Hermano Saraiva: "Quando chegam à minha mão cartas anónimas, rasgo-as porque quem não se identifica, não tem carácter!"

Assim vao o (meu) mundo...

O Dia da Liberdade

Hoje é dia de comemorar a liberdade... Não vivi a ditadura mas obviamente sei o quanto significou libertar-mo-nos rumo à democracia! Mas sei também que o caminho da democracia se faz muitas vezes de atropelos e injustiças... A descolonização não foi perfeita mas foi a possível... A ocupação de certas herdades e propriedades alheias foram feitas no calor da revolução e sem atender à justiça ou injustiça... Seja como for, confio nas pessoas que viveram esses anos de inebriante liberdade e que deixaram poemas lindíssimos! É o caso do grande José Carlos Ary dos Santos que deixou um poema fantástico, eternizado na voz de Carlos do Carmo....

Um Homem na Cidade
Agarro a madrugada
como se fosse uma criança,
uma roseira entrelaçada,
uma videira de esperança.
Tal qual o corpo da cidade
que manhã cedo ensaia a dança
de quem, por força da vontade,
de trabalhar nunca se cansa.
Vou pela rua desta lua
que no meu Tejo acendo cedo,
vou por Lisboa, maré nua
que desagua no Rossio.
Eu sou o homem da cidade
que manhã cedo acorda e canta,
e, por amar a liberdade,
com a cidade se levanta.
Vou pela estrada deslumbrada
da lua cheia de Lisboa
até que a lua apaixonada
cresce na vela da canoa.
Sou a gaivota que derrota
tudo o mau tempo no mar alto.
Eu sou o homem que transporta
a maré povo em sobressalto.
E quando agarro a madrugada,c
olho a manhã como uma flor
à beira mágoa desfolhada,
um malmequer azul na cor,
o malmequer da liberdade
que bem me quer como ninguém,
o malmequer desta cidade
que me quer bem, que me quer bem.
Nas minhas mãos a madrugada
abriu a flor de Abril também,
a flor sem medo perfumada
com o aroma que o mar tem,
flor de Lisboa bem amada
que mal me quis, que me quer bem.

domingo, abril 24, 2005

Lições de vida..

As melhores lições de vida nunca vem nos livros... São-nos dadas por alguém que passou por algo e deseja partilhar a experiência. E um dia destes, mestre, recebi uma lição que nenhum programa de tv, nenhum manual científico, nenhuma conferência de especialistas me poderia dar. Mas comecemos do princípio!
Na minha cidade vive um homem... Ninguém sabe o nome ao certo, mas é conhecido por "Goodoo" ou Gudu". Não sei ao certo porque nunca vi escrito! É um homem desafortunado,e que recorre à bebida todos os dias, para que o tempo pareça diferente...
Numa daquelas noites que se transformam em madrugada, eu e um grupo de amigos encontramo-lo à saida de um café. Com o talento próprio dos pedintes, perguntou a cada um de nós se não tinha uma moeda para ir comprar uma cerveja. O primeiro que lhe entregou uma moeda, deu-lhe 50 centimos (que quase perfazia o total necessário para adquirir tal bem). Começou aqui a lição... Imediatamente, naquele seu ar sério-cómico, exclamou que ele não devia ter feito isso! Isto porque, assim, nós já não iríamos ver necessidade em dar uma moeda "maiorzinha" e daríamos apenas umas "pequeninas". Rimos com uma tal teoria elaborada sobre o comportamento humano e como recompensa, demos todos moedas que quase davam para duas cervejas. Ainda antes de prosseguir com a sua missão hidratante, decidiu contar-nos que numa noite passada tinha chegado a casa tarde e tentou comer umas salsichas sem acordar a mãe. A ideia de um homem com trintas e poucos anos, que pesa uns cem quilos, a tentar fazer as coisas silenciosamente (com a dificuldade acrescida de estar ébrio) para não acordar a mãe, tinha qualquer coisa de artístico, tipo Marcel Marceau. Já dobrados de riso com a cena de ele estar com a cabeça dentro do frigorífico para não fazer barulho, somos surpreendidos com a pancada na nuca dada a si mesmo, para ilustrar o que a mãe lhe tinha feito. Digo-te, mestre, há teatro a sério com muito menos graça. Deixou-nos a chorar a rir para comprar a cerveja, mas voltou passado uns minutos. Trazia uma lata de néctar na mão e um sorriso nos lábios.
Decidimos saber mais sobre este homem... As voltas da vida fizeram dele um empregado/desempregado, que por nunca ter estado mais de seis meses num sítio o impedia de receber o subsídio de desemprego. Pois bem, esta vida desregrada fê-lo entrar no mundo da droga. E começou um relato pessoal, intercalado com lições médicas, que nos amadureceu a todos! Uma história assim, contada na primeira pessoa, arrepia, emociona, assusta... Contou-nos como começou com uns charros normais e que por aí se devia ter ficado. Mas não! Experimentou a "castanha" (heroína) e tornou-se um viciado. Mergulhou num inferno pessoal, que o levou a perder a namorada de há 11 anos. Vacilou na narrativa com uma lágrima, já que a perda das pessoas de quem gostamos nos enfraquece a alma. E essa dor é pior que a física... Distinguiu as ressacas que a heroína e a cocaína (a "branca") dão e como geralmente basta uma vez para nos agarrar. Enumerou as vezes que tentou deixar o vício, mas alertou que não é fácil. Lembrei-me do que escreveste no último livro: " Bertrand Russel, um dos poucos sábios dotados de sentido de humor - «deixar de fumar é muito fácil, já o fiz cem vezes»"... Se o tabaco é viciante, imagino drogas duras!
Ouvimos o relato calados, com respeito por alguém que não toca em droga há dois anos! Que importa que beba umas cervejas, se largou algo muito mais grave e perigoso?
Ao ver-nos demasiados silenciosos, fez o último aviso para nem sequer experimentarmos e decidiu acabar a conversa com a descrição da sua única incursão pelos ácidos. Contou que decidiu tomar mais do que devia e acabou a noite, deitado na sua cama a ver o Napoleão deitado no seu guarda-vestidos. Mais uma vez a imagem foi tão real que rimos como perdidos...
Tivemos de ir embora, e ao recolher dinheiro para mais uma cervejinha, olhei-o nos olhos e disse-lhe mentalmente: "Obrigado!"

Assim vai o mundo...

sábado, abril 23, 2005

Fama...

Dei por mim a pensar até que ponto a entrada num programa de televisão afectaria a minha vida... Não estou a falar da minha personalidade, pois sei que tenha a força de espírito e maturidade suficiente para não deixar a fama subir à cabeça! Mas falo dos pequenos aspectos do quotidiano, como o ser reconhecido, a maior familiaridade que as pessoas poderão ter para comigo, etc...
Não penso nisso com receio, já que não tenho receio desse contacto com as pessoas e as possíveis reacções positivas ou negativas. Continuarei a confiar no meu bom senso e discernimento para distinguir as pessoas que me querem bem ou não e as que realmente merecem a minha amizade! Sei que provavelmente as minhas relações inter-pessoais vão crescer exponencialmente mas sei que tenho a cabeça necessária para me manter humilde e saber quem é quem...
Tenho a certeza que terá coisas boas e más mas será diferente...

Assim vai o (meu) mundo...

sexta-feira, abril 22, 2005

Curto Circuito...

Pois bem, a saga continua... Depois de um primeiro casting, a verdade é que fiquei apurado para os vinte finalistas para apresentador do Curto Circuito! Devo dizer que não estava à espera e que é uma grande honra chegar aqui. Eu sei o quanto os castings são ingratos, porque podemos ser traídos pela falta de tempo ou nervosismo... Tenho a sorte de me manter tranquilo e por isso consegui fazer uma boa apresentação, mas ainda assim pensava que não seria suficiente... Mas foi!
Tive pena que algumas das maravilhosas pessoas que conheci não tivessem passado, até porque para alguns era um sonho maior do que o meu... Agora sinto um pouco de obrigação de me esforçar ainda um pouco mais, por respeito a eles! Aliás, acho que por vezes, na nossa vida, esquecemo-nos da sorte que temos... Quando vejo uma pessoa a queixar-se, faz-me um pouco de confusão! Eu também já passei por algumas coisas e nem por isso deixo de dizer que sou um sortudo por tudo o que fiz ou que tenho... Sei que há pessoas que estão melhor que mas sei também que há pessoas pior que eu, por isso só tenho é de ter um sorriso nos lábios...

Voltando ao casting, conheci os outros candidatos, a que eu me recuso chamar de adversários, e gostei muito do grupo... Só nos temos de dar bem, pois não há razões para querer mal uns aos outros! Quem nos avaliará será o público e a produção e por isso quanto mais o ambiente for salutar melhor...
De resto, correu tudo muito bem... Os apresentadores (Pedro e Solange) foram extremamente simpáticos e consegui estar solto e calmo! Agora dia 5 de Maio, terei de apresentar o programa... Venha de lá esse desafio...

Como da primeira vez deixo aqui uma homenagem às pessoas que conheci melhor: o calmo Trabuco, o confiante Leandro, o timido Fernando, o grande Alcides, o respeitavel Gravanita, o irreverente João Almeida, o tranquilo Almodovar, o metrossexual Tiago, o único Claudio e o mediatico Francisco Vestia...

Assim vai o (meu) mundo...

quinta-feira, abril 21, 2005

Cozinheiro...

Calhou-me cozinhar para 10 pessoas e descobri que não gosto nada disso... Agora sei que devo cozinhar no máximo para 5, 6 pessoas porque tudo mais é um perigo!
Ter de conjugar tantos paladares e gostos diferentes é uma tarefa digna de um chef reputado e eu sou apenas um cozinheiro amador... Assim, para uns estava sem sabor e para outros apurado, e para cúmulo era apenas a segunda vez que fazia aquele prato. Estava a dar em doido...
Acabou por não ficar muito mal, mas ouvir críticas quando estou a fazer uma coisa, faz-me um pouco de confusão... Por isso tendo a fazer as coisas para poucas pessoas e que sei que posso fazer bem...
Bem, ficou a lição...

Assim vai o (meu) mundo...

quarta-feira, abril 20, 2005

Abemos Papa...

Já aqui disse muito bem de Karol Wojtyla, e volto a questões papais porque foi eleito um novo: Joseph Ratzinger! Confesso já, fiquei desiludido... Pensava que após um Papa tão bom e insubstituível, esta seria uma boa ocasião para termos uma lufada de ar fresco. Estava à espera de uma ruptura com toda a ortodoxia, uma nova igreja para um novo milénio com um Papa negro ou sul-americano! Mas não...
Temos uma escolha europeia e ortodoxa. Fala-se que foi uma escolha de continuidade. Eu vejo um homem de 78 anos, a dois anos do limite de ilegibilidade ("papabile"), que com certeza não vai empreender grandes alterações.
A morte de João Paulo II teve o condão de aproximar todos os crentes católicos e também proporcionou uma inédita aproximação ecuménica e até política (que estranho é para mim ver certos líderes mundiais desavindos, juntos lado a lado). No entanto, o Vaticano não pode dormir à sombra do que foi Karol Wojtyla! O mundo mudou muito nas últimas décadas e a Igreja Católica tem perdido alguma força devido à sua imutabilidade! Novos desafios implicam novas respostas! Terá a Igreja que analisar o mundo e adaptar-se a ele... Será que não seria melhor ter um Papa não europeu, atento a essas novas realidades? Para mim, seria, mas agora a esperança ficou adiada...
Boa sorte para o Papa Bento XVI...

Assim vai o mundo...

terça-feira, abril 19, 2005

Mestre, que "p.." de vida..

Mestre, certas pessoas tem toda a legitimidade para dizer "Que puta de vida!"... Walter Herrman é uma delas! Este homem, com um H muito grande, tem 25 anos e é um basquetebolista argentino. É um atleta tremendo que tem provado a vitória na derrota e a derrota na vitória. Mas contemos a sua estória...

Em Julho de 2003, estava ele em La Plata no estágio quando, ao ligar para casa, descobriu que a sua namorada tinha perdido a vida num acidente. Para quem já passou por isto, sabe que a dor (e impotência) é tão grande que se amaldiçoa a vida. Transtornado, virou a sua fúria para o quarto do hotel. Voou para a capital num avião fretado, e descobre que no mesmo acidente tinham morrido também a sua irmã e a sua mãe. A notícia foi tal que Herrman ficou anestesiado, fora da realidade.
O povo argentino, dado a exaltações desportivas, acarinhou e apoiou o jogador de forma a ele reagir. Num gesto de transcendência voltou à sua equipa em Espanha e foi eleito como jogador mais valioso (MVP) da liga. Na temporada seguinte trocou de equipa mas continuou a jogar a grande nível. Exactamente um ano depois da tragédia, quis o destino que jogasse a final dos Campeonatos Sul-Americanos contra o Brasil. Herrman jogou e brilhou (sendo mais uma vez MVP), 365 dias «...após a morte das três mulheres mais importantes da minha vida.». A glória chegado...
Sabes, mestre, gostava que a história acabasse aqui! Mas não... Depois do jogo, já no hotel, Herrman recebeu a notícia que o seu pai tinha sofrido um ataque cardíaco, um ano depois da morte na mulher e da filha. Foi um novo teste para Herrman, que o superou ganhando a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Atenas. Que ironia, mestre... Depois de um ano digno de uma tragédia grega, ele bem que merece um momento no Olimpo! E tenho a certeza que, comum sorriso nos lábios e uma lágrima nos olhos, Herrman exclamou: "Que puta de vida!"...

Assim vai o mundo...

PS- Esta história é verídica e pode ser verificada por qualquer um... Faz-nos pensar que os melhores exemplos de vida não estão nos santos mas nos comuns mortais!

segunda-feira, abril 18, 2005

Mestre...

Mestre, sabes o que quer dizer "ilunga"? É uma palavra do idioma "tshiluba", que é falado na região do sudoeste da República Democrática do Congo , e é provavelmente das palavras mais difíceis de traduzir do mundo das letras...
É normal que assim seja! Certos vocábulos precisam de uma realidade específica, uma conjunto de usos e costumes peculiar, que outro povo noutro lugar tem dificuldade em explicar ou entender... Cada povo tem uma vivência de séculos, intraduzível, que cria e personaliza o modo de pensar e de dizer. Poderei tentar explicar, por exemplo, que saudade é um sentimento de falta de algo ou de alguém. Mas nunca alguém que não é português perceberá completamente esta nossa herança sentimental dos descobridores que se aventuravam no mar, sem a certeza de voltar! É essa incerteza nos que partiam e nos que ficavam que criou a saudade e mais tarde o fado... O fado é a música dos tristes, dos desgraçados, que se queixam do destino, da vida! Um estrangeiro pode achar a melodia bonita e a entoação comovente, mas dificilmente se entristecerá como nós. Até porque não é uma sensação muito boa!

Com isto tudo, quase me esquecia... "Ilunga" quer dizer "uma pessoa que está disposta a perdoar qualquer abuso da primeira vez, a tolerá-lo à segunda, mas nunca à terceira". Não admira que os linguistas tenham dificuldade em traduzi-la. São precisas várias palavras para descrever uma realidade que para aqueles que falam "tshiluba" é simples. Mas como disse antes, se traduzir é complicado mas exequível, entender completamente e usar no momento certo é impossivel para nós intrusos. É isso que dá o toque mágico a cada idioma: o intraduzível.

Assim vai o mundo...

PS- Já agora sabem o que quer dizer "shlimazl" do idioma "Yiddish" (falado por judeus, na Europa e nos EUA)? É uma pessoa que tem má sorte crónica...Só com uma palavra!

domingo, abril 17, 2005

Missa...

Já aqui disse que vou à missa! Gosto de ter um sítio em que posso por as ideia em ordem e falar com o Homem lá de cima... Digo Homem porque nos ensinam que ele foi como um de nós e com H grande porque teve a sorte de ter a maior parte do mundo contra ele e ter razão! Porém, não sou daquelas pessoas que só se lembra que é cristão ou católico para pedir alguma coisa... Assim como não digo "Graças a Deus!" para tudo e mais alguma coisa, também não digo "Onde estava Ele quando eu precisei?"... Não, considero-o como o irmão mais velho que me põe a pensar se as decisões que tomo são as mais correctas! E não é preciso que fale, apenas que me obrigue a pensar nas coisas boas e más que faço!

Ora bem, mas o que vos queria dizer hoje é que sou totalmente contra o facto de se obrigar crianças pequenas a ir à missa! Não porque se fazem barulho me incomodam a mim, até porque acho muito pior o facto dos adultos não desligarem o telemóvel mas porque não vejo vantagem nenhuma para os pequenos... As crianças, com uma certa idade, são irrequietas pois tem muita energia acumulada! E torna-se impossível para elas ficarem caladas e quietas durante mais de cinco minutos. Sobretudo num ambiente austero que é a missa... Compreendo assim quando elas se começam a impacientar e a causar o caos! É impossivel fazer com que ela entenda que deve respeitar o Senhor, ou Cristo vem cá baixo e dá-te nas orelhas... Ela não tem ainda consciência do que é a religião e tudo o resto! Terá muito tempo para decidir se querem ou não ser católicos, não será com a sua presença na missa que irá reforçar qualquer coisa a não ser rotina...

Bem sei que me poderão dizer que as crianças vão porque os pais não tem com quem ficar... Facilmente resolveria isso com um dos pais a ficar com a criança durante a hora da missa e vice-versa. A missa não é uma experiência que precise de ser partilhada com o conjuge, por isso pode-se adoptar esse esquema... Pelo menos assim farei se me acontecer...

Assim vai o mundo...

sábado, abril 16, 2005

Poesia...

Não sou um grande apreciador de poesia... Só ocasionalmente vejo um poema que me marca, e por isso tornei-me exigente! Mas começo hoje a postar alguns dos que mereceram a minha atenção...

"As you like it"
William Shakespeare

- O mundo inteiro é um palco
Todos os homens e mulheres não passam de actores,
Têm as suas entradas e as suas saídas;
E na sua vida desempenham muitos papéis;
Os seus actos têm sete idades. Primeiro, a criança,
Gritando e babando nos braços da ama.
Depois o aluno chorão, com a sua pasta
E a sua brilhante face matinal, vai-se arrastando como um caracol
De má vontade para a escola. E depois o apaixonado
Suspirando como uma fornalha, com uma balada triste
Composta para a sobrancelha da sua namorada. Mais tarde um soldado,
Cheio de estranhos juramentos, e barbado como um leopardo,
Zeloso de honra, e violento e rápido na luta,
Buscando a bolha de ar que é a fama
Até na boca do canhão. E depois a vez do juiz,
Com a sua barriga redonda recheada por um bom capão,
De olhos severos e a barba de corte formal,
Cheio de sábios refrões e exemplos modernos;
E assim representa o seu papel. A sexta idade se transforma
Em calças largas e chinelos,
Com óculos no nariz e a bolsa do lado,
Os seus calções da juventude, bem conservados, demasiadamente largos
Para as suas magras canelas; e a sua forte voz viril,
Transformando-se novamente em falsetes infantis, apita
E assobia o seu som. A última cena de todas,
Que põe fim a esta estranha história cheia de acontecimentos,
É uma segunda infância e um simples esquecimento,
Sem dentes, sem olhos, sem paladar, sem nada.

sexta-feira, abril 15, 2005

Conversas com o Mestre...

Aprendi contigo, mestre! Saído do metro com o saco às costas. Sem saber onde dormir ou comer... Lembro as tuas estórias apátridas em que te perdias em cidades desconhecidas e partias à aventura. Não sinto medo desta ignorância. Estou na capital do meu país, e sinto que não a conheço. Fazia-me falta mergulhar nesta cidade e vaguear. Percorro algumas ruas, procurando onde ficar, mas o meu olhar fixa-se nas pessoas e nos lugares. Agora calcorreio uma longa avenida repleta de bancos e agências de seguros. É uma rua fria, em que as pessoas caminham apressadas e os prédios parecem tristes. São prédios que fervilham de vida e actividade durante o dia, mas que à noite parecem tristes e solitários. Nem a publicidade luminosa consegue animá-los. Parecem gigantes com pés dourados mas troncos sombrios. Esta imagem entristece-me e decido virar numa rua perpendicular. Prefiro estas ruelas marginais, sombrias por definição mas que encerram uma vivência maior. As pessoas nas entradas dos prédios decrépitos e nos cafés/tascas. Caminho distraído, e quando olho para cima, leio Residência Midi. Estaco, e miro a entrada do prédio. Sorrio... Parece-me um sítio em que pararias, mestre, e decidirias pernoitar. A minha indecisão é vista por um homem que vai a entrar. Pergunta-me se procuro alguma coisa. Apetece-me responder liberdade e tranquilidade, mas respondo um sítio para dormir. Diz-me então que a residência tem sempre quartos e convida-me, abrindo a porta do prédio... Entro no elevador antigo, de portas de correr, e carrego no terceiro andar. Chego ao destino e primo a campainha. Surge-me uma figura típica!
Um homem de olheiras fundas e um bigode amarelecido. Com uma voz grave, diz-me que tem muitos quartos. Entro e observo... O soalho e as portas altas de madeira fazem-me recuar à minha infância e à casa da minha avó. Fez-me lembrar o cheiro a compota e a cera de madeira... Soube imediatamente que iria ficar ali, talvez uma noite ou uma vida! Escolhi um dos quartos e ouvi com atenção as piadas e historietas do homem. Primeiro fazia-me a pergunta, de onde vinha e quantos anos tinha, e depois disparava uma história relacionada. Ouvi e dificilmente esquecerei porque foi contada com a tinta do tempo, e essa não se esquece....

Assim vai o mundo...

quinta-feira, abril 14, 2005

Ídolos....

Não tenho ídolos... Nunca tive ninguém a quem pudesse chamar ídolo, fosse no desporto, fosse na música, cinema ou literatura! Tenho os meus favoritos mas não idolatro nimguém nem gostaria de ser como certa pessoa. Porém posso dizer que tenho um mestre...

Gosto muito de escrever... Durante muitos anos, dediquei-me apenas à leitura de modo a absorver palavras, completar vocabulário, identificar estilos, entender imagens. Depois, a pouco e pouco, comecei a escrever... Poucas coisas e sem qualidade, que acabava por rasgar porque detesto tudo de medíocre que faço! Não me arrependo porque tenho um óptimo sentido crítico e se o fiz, foi a decisão certa...
Com o decorrer da minha vida, fui tendo experiências bastante ricas e cheias de literatura... Comecei então a descrever, não fielmente, mas como me lembrava delas. Não tenho a veleidade de me lembrar de tudo correctamente mas confio na minha memória e no meu bom senso para contar as coisas com alguma fidelidade.
Então, pelos meus 18 anos, descobri um autor que me preenchia na sua escrita. A forma rápida, crua, descritiva, de contar histórias que mesmo que não sejam reais parecem, apaixonou-me... Decidi então que Luís Sepúlveda seria, não meu ídolo, mas meu mestre! Se iria crescer como escritor seria apoiado no exemplo dele.
Espero um dia conhecê-lo, mas entretanto fui escrevendo pequenas histórias do dia a dia como se de uma correspondência imaginária com ele se tratasse... Irão aqui ver alguns deles e espero que se divirtam com essas estórias....

Assim vai o (meu) mundo...

quarta-feira, abril 13, 2005

Castings...

Ontem disse que fiquei em casa de um amigo... É verdade, fui até Lisboa para um casting para apresentador de um programa de TV (Curto Circuito da Sic Radical). Foi uma experiência tão enriquecedora que decidi partilhar convosco algumas ideias!

Ora bem, a produção decidiu reunir um grupo só com pessoas de fora de Lisboa e ainda bem. Atenção, nada tenho contra as pessoas de Lisboa mas muito menos contras as pessoas da usualmente chamada "paisagem"... Assim, começamos imediatamente a falar e conhecer-nos! Mais tarde nos disseram que éramos o grupo mais divertido e unido que por lá passou.. As outras pessoas nem falavam umas com as outras! Mas que país é este que sendo tão pequeno as pessoas não falam entre si? Qual é a logica de sermos conhecidos como hospitaleiros só para os estrangeiros? Não entendo como é que pessoas que estão a partilhar uma experiência igual não partilham com os outros os seus sentimentos e sensações... Mas avançando...

Quando se juntam um minhoto e um alentejano o resultado é perigoso... Assim, juntei-me a um fantastico eborense e decidimos divertir o grupo! Fomos fazendo as entrevistas muito mais tranquilos e divertidos... O grupo foi ficando tão junto que decidimos ir almoçar para continuarmos a festa... Por fim, decidimos deixar a nossa marca e estivemos no programa em directo! Mesmo que não fiquemos, ficou a lembrança de um grupo fantástico de rapazes e o desejo que um de nós seja o escolhido...

Quanto a mim, adorei estar a ver os bastidores de um programa, a estar em frente às camaras e a imaginar que poderia fazer bem esse trabalho...

Agora o tributo a quem conheci: divertido Évora, maluco Fenómeno, irrequieto Feliz, tranquilo Abrantes, sossegado Almodovar, falador Guru, mestre Agassi, modelo Sabão, subrepticio Facadas, jovem Eurodeputado, janota André... E do CC, simpatiquissimas Tania e Catarina, bela Rita, comico Bruno, acessivel Faisca e Xavier, e todos os membros do júri...

Assim vai o (meu) mundo....

terça-feira, abril 12, 2005

Estrangeirismos...

Sou defensor da beleza e bom uso da língua portuguesa, mas não sou contra o uso de certas palavras que so tem sentido na língua original... Certos sentimentos e expressões não tem hipótese de ser traduzidos! Assim, defendo que devem ser usados e explicados...

Vem isto a propósito da palavra crashar... Nada tem a ver com o significado mais comum de bater ou destruir algo. Crashar em casa de alguém, significa ficar em casa de um amigo por um pequeno período de tempo. Aquelas situações em que temos de ir a uma cidade por pouco tempo e sem tempo ou disposição para ficar em hoteis ou residenciais, pedimos a um amigo que nos albergue como faríamos se ele viesse a nossa cidade. Aquando dos exames que realizei para a carreira diplomática, fiquei na última vez em casa de um casal amigo. Fui muito acarinhado e obviamente fiquei melhor que se tivesse ficado numa residencial. Mais uma vez precisei de ficar em casa de um amigo e aqui está ele a albergar-me por uma noite... Abdicou de uma parte da sua cama, e portanto do seu conforto, para eu poder ficar lá...

Certos gestos não são esquecidos e servem de exemplo para mostrar uma amizade, e este é um deles... Obrigado...

Assim vai o (meu) mundo...

segunda-feira, abril 11, 2005

Comparações....

Caimos muitas vezes no erro de nos compararmos a Espanha. Qual é a lógica de nos comparar a um país com muito mais população, mais área, mais recursos mas também com mais homicídios por habitante ou mais problemas de nacionalismos? O facto de sermos vizinhos não nos torna Estados iguais ou comparáveis. Somos diferentes e com uma importancia relativa diferente. Não devemos ser subservientes ou ter o desejo de ser mais uma região espanhola, mas aproveitar as sinergias e construir parcerias e projectos conjuntos..

Ontem prometi que hoje falaria de Cuba. Para falar em termos de área teria de falar de cor, mas sei que em termos populacionais Portugal e Cuba tem aproximadamente o mesmo número. E ainda assim que diferenças... São dois países com alguns recursos, que vivem em boa parte do turismo mas com dois regimes políticos opostos torna-os incomparáveis. É verdade que Cuba vive sob um regime nada democrático e sujeito à crítica internacional. O facto de existir uma ditadura com muitos anos, agravada por defender valores anti-capitalistas, impediu Cuba de crescer economicamente. Temos então um nível médio de vida muito baixo, e as favelas de Havana levam-nos a pensar no Brasil. Miúdos pobres pedem Coca-Cola, empregadas de limpeza pedem os champõs, a pobreza atinge o nosso coração mole e desabituado... Sentimos sempre um aperto, por estarmos a dispor de um local paradisiaco mas em que olhando à volta, a pobreza nos açambarca o olhar!
E, no entanto, três aspectos fazem o nosso país, e para ser justo tantos outros países do 1º mundo, invejar Cuba.
Primeiro, o sistema de saúde! Um país em que a maior parte dos cuidados de saúde sejam gratuitos e onde estão algumas das melhores clínicas do mundo (onde acorrem celebridades) deve ser elogiado. E nem preciso falar de Portugal, já que o sistema de saúde americano é, no mínimo, discutível e não protege os mais desfavorecidos. Afinal, os ricos poderão sempre procurar cuidados médicos, nem que seja em... Cuba!
Em segundo lugar, a educação. Nós olhamos com estranheza e incredulidade quando vemos imigrantes de Leste com cursos superiores a assentar tijolos (falarei disto mais alongadamente noutro dia), ora em Cuba é usual ver um engenheiro a servir à mesa. A taxa de alfabetização faz Portugal corar de vergonha. Até porque os cubanos lêem! Se os regimes comunistas tem muitos defeitos, o gosto e cultivo da educação é um pró enorme.
Por fim, algo mais leve e subjectivo: o ritmo! Não tem a alegria contagiante dos brasileiros ou a tranquilidade desconcertante dos caribenhos mas tem um ritmo inebriante. Se o nosso fado é triste e melancólico, a salsa é electrizante e chamativa. Passeando pelas ruas de Havana ou Santiago, encontramos com um charuto na boca, uma Omara Portuondo ou um Francisco Máximo Repilado Muñoz (vulgo, Compay Segundo). Com uma voz enrouquecida pelo velho rum e tabaco, surge um ritmo fresco e mexido como um bom Mojito...

Quem nunca foi a Cuba, que vá! Agora e depois de Castro para ver as diferenças. Eu arrisco uma previsão: agora Cuba é melhor para nós, depois será melhor para os cubanos...

Assim vai o mundo....

PS- Já agora, sabem quantos casos de SIDA existem em Cuba num universo de 11 milhões de pessoas? Menos de 5000, sendo que até 1998 só se conheciam perto de 2000 casos. Dá que pensar!

domingo, abril 10, 2005

Cuba...

Ontem decidi fazer uma noite cubana em que só bebi Mojitos... Amanha falarei melhor sobre Cuba, hoje deixo-vos apenas a receita de Mojito...

Mojito
- 1 ou 2 colheres de açucar
- 2 dedos de sumo de limão
- 1 pouco de hortelã
- 3 dedos de água com gás
- rum

sábado, abril 09, 2005

E agora algo diferente... uma receita!

Decidi por aqui uma receita... Para que saibam que também gosto de cozinhar quando a companhia é a certa...

"Tomate recheado al Mundo"

Ingredientes:
- 4 tomates de tamanho médio (maduros)
- 8 colheres de sopa de queijo fresco
- 4 colheres de sopa de requeijão magro
- 1 colher de sopa de natas
- 1 colher de sopa de sumo de limão
- 1 cebolete
- 1 dente de alho
- 6 azeitonas pretas, sem caroço
- sal e pimenta preta

Preparação:
Lavar os tomates, cortar uma tampa plana e fazer-lhes uma cavidade com uma colher de chá. Com a abertura virada para baixo, deixar gotejar na pia da cozinha ou numa tigela para outros fins. Misturar o queijo fresco com o requeijão, as natas e o sumo de limão. Descascar o cebolete e cortá-lo em cubos finos. Cortar em cubos finos a polpa da azeitona. Misturar ambos na massa do queijo. Descascar o alho, esmagá-lo e juntá-lo. Temperar com sal e pimenta e provar. Rechear os tomates com o queijo de azeitonas e servi-los guarnecidos de mangericão e azeitonas...

Assim vai o mundo...

sexta-feira, abril 08, 2005

Funerais...

No dia do funeral de Karol Wojtyla, quis o destino que tivesse outro funeral, de um tio-avô. Tenho uma relação estranha com a morte! Nunca chorei uma morte, nem num funeral... Penso sempre que a eventual dor que a pessoa sofreu já desapareceu e agora já está num lugar tranquilo! Quantos aos que cá ficam, podemos sentir a falta ou ter saudade, mas por isso não choro, sorrio... Posso parecer frio e insensível, mas a verdade é que a minha forma de sentir não se traduz em lágrimas! Evito, porém ver a pessoa no caixão. Procuro sempre guardar outra imagem que não aquela de cera macilenta, mas um sorriso, um olhar vivo... Depois temos também aquele derradeiro momento em que o caixão desce à terra, e que acho deprimente e doloroso. Talvez por ser o adeus final, pelo menos da presença física...

Dei por mim a pensar no meu próprio funeral. Não tenho medo de morrer e por isso se torna natural falar disto! Assim:
Primeiro, no meu funeral os homens vão de preto e as mulheres de branco. Quero que haja contraste puros, a 100%, como quero que a minha vida seja e tem sido...
Segundo, dentro do possível, sem choros... Prefiro risos, piadas, que se lembrem das coisas boas que fiz e disse... Não me desrespeitarão se se rirem me mim quando estiver morto! Só não poderei rir convosco como quando estava vivo...
Terceiro, quero que alguns amigos, ou quem desejar, façam discursos sobre o que realmente pensavam de mim... Ao som de música boa, seja ela qual for (Amanhã é sempre londe demais dos Resistência parece-me um óptimo epitáfio musical)...
Por fim, quero ser cremado (a minha última visão do fogo que adoro) e que as minhas cinzas sejam espalhadas no mar, pois sempre foi mais Água que Terra...

Assim vai o (meu) mundo...

quinta-feira, abril 07, 2005

Magritte..

Ontem pela primeira vez tentei postar uma imagem... Escolhi para esta primeira tentativa o meu quadro favorito.
Este quadro tem o nome de Le fils d'homme ou The Son of Man e foi pintado em 1964...
Gosto desta imagem por várias razões. Uma delas é que é um dos quadros principais de um dos meus filmes favoritos: O Caso Thomas Crown. Depois, analisando o quadro gosto de ver o mar, que me fazx sempre tanta falta. Aliás, tenho de ter um contacto permanente com esse imenso manto azul... Por outro lado, todo o rigor da vestimenta relembra-me todo o meu lado serio e responsavel. Quam sabe indica também o meu futuro... Mas ao contrário a maça a esconder o rosto ressalta o meu lado descontraido e brincalhão. O facto de não se ver a cara também tem a ver comigo pois gosto de não dar nas vistas e manter-me na sombra...
É um quadro que tem muito a ver comigo...

Assim vai o mundo...

quarta-feira, abril 06, 2005


Decidi postar o meu quadro favorito...

terça-feira, abril 05, 2005

Acontece...

Nestes últimos meses dediquei-me aos exames do concurso para o cardo de adido de embaixada do Ministério dos Negócios Estrangeiros...
Pois bem, começaram em Setembro 1450 candidatos... Seriam seis exames (portugues, frances/inglês, psicológico, escrito de conhecimentos, oral de conhecimentos e entrevista profissional) com uma nota mínima de 15 valores. Pois bem, não parti com muitas esperanças mas a verdade é que fui passando as provas. Cheguei então ao penúltimo exame, com apenas 50 candidatos aprovados. Na teoria, seria o exame (oral de História e Relações Internacionais) onde estaria mais à vontade mas a verdade é que não correu bem. Saiu o único tema que não estava à vontade e por isso não pude dar largas à capacidade oratória... A verdade é que fiquei aborrecido no próprio dia, porque podia ter corrido melhor. Não gosto de culpar a sorte por tudo e por nada, por isso culpo-me a mim...
Logo ouvi de várias pessoas, inclusivé os meus pais, que poderia ter havido as célebres cunhas... Não quero nem pensar nisso. Se por acaso achasse que tinha feito o suficiente para ter 15, era uma coisa, mas quando saí da sala tive a certeza que não daria. Não tenho aquele hábito português de dizer que correu mal quando se pensa ao contrário, só para prevenir uma eventual desilusão... Sou sempre realista nas análises e raramente sou surpreendido!
Tive também hoje outra situação para analisar... Uma amiga minha, sabendo do meu chumbo no exame, decidiu ligar-me para me contar! Antes que ela dissesse alguma coisa, disse com um sorriso largo que já sabia. Obviamente me respondeu que estava aliviada pois não sabia como me havia de contar! Disse-lhe que recebo as más notícias com a mesma calma das boas... Habituei-me na minha vida às piores notícias e a ser sempre optimista. E disse-lhe que se estive chateado foi no dia em que fiz o exame e nunca no que recebi a nota, pois já não podia fazer nada...
E é assim que agora terei de procurar o que fazer já que esta oportunidade se esfumou... Sem medos ou receios e sempre com um sorriso nos lábios!

Assim vai o (meu) mundo...

Pergunta do dia:
Porque é que as pessoas se levantam da cadeira, reviram a sala toda à procura do telecomando só pra mudar de canal sem ter que sair do lugar?

segunda-feira, abril 04, 2005

A beleza da medicina...

Certos filmes não são aclamados pela crítica nem ganham prémios internacionais, mas são merecedores de serem vistos por um ou dois pormenores...
Ontem dei por mim a rever o filme "Patch Adams". Para lá das interpretações do talentoso Robin Williams, da bela Monica Potter ou do seguro Philip Seymour Hoffman, existem aspectos no filme que quero apontar...
Primeiro, o facto de ser uma história verdadeira. Hunter "Patch" Adams existe mesmo... Para além de médico, é um activista político importante. Na sua clínica são tratados todos os dias centenas de doentes, sem que estes tenham de pagar. E mais incrível existe uma lista de espera de médicos que querem trabalhar lá. Acho fascinante que existam tantos discípulos de Hipócrates estariam dispostos a trabalhar pro bono e não uma legítima aspiração à riqueza...
Segundo, porque este filme é um hino à boa disposição. Robin Williams passa a primeira parte do filme, como Benigni n' "A Vida é bela", a provar-nos como o riso faz bem. E é tão bom fazer rir, mesmo que seja um estranho... Conseguirmos tocar alguém, deixar a nossa marca na vida doutrem e se possível ajudá-la a sentir-se melhor é fantástico.
Por fim, este filme tem a melhor definição de médico que existe... O médico não é alguém que apenas tenta evitar a doença, mas alguém que procura melhorar a qualidade de vida das pessoas. Bem sei que se ensina a transferência, porque sem ela os médicos não conseguiriam aguentar a vida toda a ver desaparecer pacientes seus. Mas não seria bom os doentes serem tratados pelo nome e não como apenas mais um... Até porque a componente psicológica é fundamental para o tratamento. Quantas vezes ao entrar no hospital, nos sentimos imediatamente mais doentes! Isto porque a nossa percepção do local como um lugar de enfermidades, tem sobre nós uma carga negativa... Como seria bom um local divertido, onde toda a gente soubesse o nome e em que a morte não fosse tratado com medo. A morte é algo natural e não é obrigatório que tenhamos de ir sem um sorriso... Bem, seria bom um mundo desses e com exemplos como o de Patch Adams, talvez o possamos ter!

Assim vai o mundo...

domingo, abril 03, 2005

Saidas...

Nota- O meu timing é tão certo que até chega a ser errado... Depois de Terry Schiavo, quis o destino que o Papa morresse no dia em que escrevi o artigo sobre ele! Estranho mundo em que só nos unimos quando há um tsunami ou o Papa morre! Bem, seja como for, se houver um Céu, Karol Wojtyla está lá...

Ora bem, decidi falar hoje de discotecas, ou melhor, das entradas nas discotecas... Falo disto porque ontem fui até à cidade invicta à discoteca Act! Nada tenho contra a discoteca e se falo nela, é só o exemplo mais recente de situações que acontecem em muitos locais!
As entradas nas discotecas portuguesas parecem uma partida de gosto duvidoso. Já tive em outros países da Europa e nunca tive de esperar à porta de nenhuma. Nem em discotecas como a Titus de Palma de Maiorca, em que fazem da classe uma qualidade muito estimada. Só neste cantinho à beira mar plantado, é que temos que aturar filas, ou direi melhor magotes, de pessoas à espera do sinal redentor do porteiro ou RP. Se me dissessem que é por uma questão de espaço ou de selecção de requinte, até poderia aceitar... Ou se calhar nem por isso, pois o gosto pode ser uma coisa dúbia! Mas a verdade é que a verdade é que se entra, como em tudo neste país, à base de cunhas e compadrios... Ora, ontem, por exemplo, era uma festa do Portugal Fashion em que até se admitiria um certo cuidado na escolha dos visitantes. Mas de facto o que vi foi uma RP, sim uma mulher, que escolhia através de um critério no mínimo díscutivel... Primeiro, afirmo algo que pode não ser pacífico mas é verdadeiro: mais depressa entra a mulher mais feia do mundo que um homem apresentável sozinho! Parece que as discotecas fazem questão de ter o maior número de mulheres o que me parece estranho por duas razões: os homens bebem mais e é sob o ponto de vista masculino é preferível ver menos mulheres, mas bonitas que muitas e de beleza duvidosa. Quando digo isto é apenas a comentar as escolhas dos donos, não que ache que se deva discriminar ninguém... Segundo, as pessoas entram não porque estão na frente da fila mas porque a RP os viu! Se são amigos ou um grupo de casais tem entrada directa atropelando tudo e todos inclusivé a boa educação... E porquê acontece isto? Porque são amigas da RP ou pessoas conhecidas (os intitulados vips). Não digo que não deva existir, até concordo, uma guest list destinada aos clientes assíduos ou amigos dos donos, agora na entrada das pessoas "normais" (sem ironia), haver favoritismos parece-me errado. Até porque o único critério que se usa é da pessoa que está a escolher... Ora bem eu nunca gostei de ser escolhido e muito menos favorecido! Acredito que deva haver um critério e que toda a gente o saiba, nem que seja o pagamento elevado para a entrada... Se eu tivesse um estabelecimento e quisesse que só as pessoas com um certo estatuto entrassem, punha os preços mais altos. É que ontem nem o critério da beleza foi respeitado pois vi entrar pessoas que, sem falar em beleza física, raiavam o mau gosto em termos de indumentária... E no entanto entravam! Porquê? Porque a RP ou qualquer barman conheciam... Que se pode fazer? É Portugal...

Assim vai o mundo...

sábado, abril 02, 2005

Karol, o Papa...

Aqui disse quando me descrevi que sou mais cristão que católico... É verdade! Sempre preferi uma relação mais directa com o poder superior que ter a Igreja a mediar... É verdade que vou à missa mas para ter uma hora de calma para pensar nas coisas boas que tenho!

Ora bem, esta introdução para dizer que apesar de não concordar com muita coisa da Igreja Católica (e sobretudo com o Vaticano e todos os seus meandros), tenho de ter um respeito enorme por Karol Wojtyla... Mais do que pelo Papa, pelo homem! É verdade que quando tive a oportunidade de estar na Praça de São Pedro aquela figura branca inunda-nos de paz e calma... Mas o que me impressiona é o homem que luta contra a doença e o cansaço porque acredita na sua missão. Ele não é santo e não gosto que o santifiquem!Porquê? Porque ao saber que ele é apenas uma pessoa, posso ter esperança que poderão haver mais assim... O que o mundo precisa é de pessoas boas, que ponham o interesse de algo superior a si à frente do seu interesse! Pois este é um dos caminhos para uma maior felicidade... Não vou aqui fazer uma apologia completa do Papa João Paulo II, até porque se é verdade que rompeu com muitas barreiras, ainda assim fica a sensação que podia ir mais além... Mas numa instituição que tão pouco muda ao longo de séculos, qualquer homem que procure mudar algo já é positivo!

Assim, podem ver que tenho muito respeito pelo Papa e pelo homem atrás do cargo e é por isso que me entristece ver o que estão a fazer... Falo obviamente dos meios de comunicação social e da sua cobertura da sua doença! Sabemos que irá morrer e não faltará muito. Mas dai fazerem especiais a tentar ser os primeiros a comunicar a sua morte, parece-me no minimo de mau gosto! Acho que já houve uma mão cheia de rebates falsos e não me parece de interesse estar de cinco em cinco minutos a dizer que o estado de saúde agrava-se! Já aqui falei da eutanásia e falarei mais vezes da morte, apenas porque tenho muito respeito por ela... Não se confunda respeito por medo!

Concluindo, o Karol Wojtyla irá morrer mas não esquecerei a imagem de um homem extremamente doente a tentar falar ao povo que o chamava na sua última aparição... Um derradeiro gesto de coragem e de afecto para com aqueles que interessam: os crentes!

Assim vai o mundo...

sexta-feira, abril 01, 2005

Viagens...

Faz esta madrugada uam semana que um grande amigo foi para o Brasil! Uma viagem de 13 dias para descansar e aproveitar as coisas boas do país irmão. Também eu era para ter ido, mas uns exames ministeriais atrasaram-se e tive de ficar por cá. Confesso que nunca saí do continente europeu e tenho muita curiosidade em conhecer sobretudo o continente africano e a América do Sul. Curiosamente, não tenho o fascínio pelo Oriente que a maior parte das pessoas tem. Não consigo explicar porquê! Talvez tenha que ver para gostar...
Bem, seja como for, espero que ele se divirta e que na próxima viagem possamos ir juntos desfrutar do clima, praias e belezas naturais do país do samba...

Assim vai o mundo....